A missão da minha vida - Bucky Barnes

V - O reflexo de um homem

(Capítulo não revisado. Meta de comentários: 220)

A segunda vez que encontrei aquele homem, a pessoa mais próxima que eu poderia chamar de família, foi em uma cela nas profundezas de uma prisão escondida debaixo do mar. Apesar das condições daquele encontro, eu não fiquei surpreso em encontrá-lo ali, aprisionado atrás daquelas paredes de vidro que poderiam conter o Hulk caso alguém resolvesse o colocar ali.

Depois que retornei do blip, impossivelmente com a mesma aparência que tinha há cinco anos atrás, me encontrei sem rumo apenas com a missão que foi dada a mim quando tinha apenas alguns meses de vida. O mundo ainda estava se reconstruindo e eu ainda procurava por motivação que ia além de matar Bucky Barnes, embora isso foi tudo que me restou. Os dias começavam a serem iguais e a semana da missão se aproximava com uma velocidade assustadora. Eu precisava saber o que seria depois que matasse Barnes.

O que sobraria de mim sem a motivação? Sem esse objetivo que foi colocado em minhas mãos aos seis meses de idade? Eu temia acabar vazio, quebrado e realizado.

Embora eu não soubesse exatamente o que procurava, eu acreditava que provavelmente ele soubesse.

"Olá, Abyssal", ele diz, se lembrando de mim embora tivessem passado sete anos e eu fosse um mero garoto da HYDRA naquela época.

"Você lembra de mim."

Não foi uma pergunta, apesar de eu desejar que fosse. A ideia dele ainda se lembrar de mim fez com que uma pequena esperança se instalasse em meu peito, pequena e brilhante. Eu queria perguntar a ele o porquê de estar preso, mas eu sabia o motivo então parecia perca de tempo, embora perder tempo com ele soava como algo bom.

"É difícil esquecer um garoto de dezoito anos que matou seis homens, Abyssal.", ele diz e se aproxima até onde as paredes permitem. "Esse é realmente seu nome? Abyssal?"

"Fui tirado de meus pais antes que eles pudessem me dar um nome. Esse nome é apenas... Uma forma cruel de lembrar o que fiz a um pobre garoto."

O homem olha para mim, me observa em silêncio antes de acenar em compreensão com a cabeça. Ele aparenta ser tão calmo, como se nada no mundo pudesse irritá-lo. Eu esperava um homem raivoso, alguém que poderia me bater quando eu era apenas um garoto, mas provavelmente eu só esperava isso porque seria mais fácil odiá-lo se ele fosse um homem ruim. Se fosse parecido com os treinadores da HYDRA.

Por mais que ele tivesse mais crimes em seu nome do que alguém normal poderia ter, ele não parece ser uma pessoa ruim.

"Entendo. A HYDRA realmente não mudou após a queda.", ele falou. "E, no entanto, você continua com eles. Por quê? Até onde sei, você é o super soldado mais forte desde Bucky Barnes."

Engulo em seco, cerrando as mãos ao lado do corpo. As luzes acima de nós oscilam, vibrando através da força que tenta fazer com que elas se apaguem. O homem não olha para cima, não verifica se há algo de errado. Ao invés disso, ele olha intrigado para mim.

"Não sou um super soldado.", digo.

"E o que você é?"

O que eu sou? Me questionei na época. Era uma pergunta constante que fazia ao menos uma vez na semana, desejando saber o que eu era além de um garoto da HYDRA que foi submetido a todo tipo de treinamento para matar Bucky Barnes. Eu era absolutamente nada, uma casca vazia feita para matar.

"Um monstro, talvez."

O homem colocou as mãos atrás das costas, erguendo o queixo levemente para cima. Havia uma confiança em seu rosto que eu jamais seria capaz de refletir em mim, mesmo depois de anos retornando ao dia que o conheci e encontrei aquela mesma confiança.