Mente Milionária [M]

01.

Complexo do Lins - RJ
Dhully 🌺

"Mente milionária, no corpo de um favelado, tu gosta do nosso estilo e da visão que eu tenho..."

Talita: Fica na tua paz, hein Dhully? Teu pai não vai gostar de saber que tu quer dar um perdido nele. — encaro o seu rosto, bufando, sem paciência.

Dhully: Tô nem aí pro meu pai, ele tem que entender que eu cresci porra, já sou de maior e sei o que eu faço. — falo alto, devido a música alta que tocava no fundo.

Talita: Quando você vai entender que é filha do chefe, hein? — levo a mão até o meu short jeans, abaixando ele, que estava curto em meu corpo.

Dhully: Esse é o problema, não pedi pra nascer filha do chefe. — respiro fundo pela milésima vez no dia, levando o meu olhar até o meu pai.

Ele estava sorrindo de algo que uns dos homens que estavam ao seu redor falava, enquanto segurava seu copo de cerveja, junto do cigarro preso entre os seus dedos. Com a outra mão, ele segurava a cintura da sua mulher, prendendo ela em seu corpo.

Volto meu olhar para Talita, que me encarava ainda de braços cruzados. Logo atrás dela, vinha Leandra, com um coque frouxo em sua cabeça.

Leandra: Porra, tio Dedé arrasou nesse baile, puta que pariu. — chega falando, enquanto leva o seu copo de bebida até os lábios, dando um gole.

Hoje era aniversário do meu pai, mais conhecido como o Dedé, o dono do Complexo do Lins. O baile de hoje era em comemoração ao seu aniversário de 40 anos, e com ele, a comemoração dos seus 20 anos no crime.

Talita: Avisa pra essa garota parar de querer viver a adolescência dela e aquietar esse cu piscando dela. — fico calada.

Leandra: Ai, Talita. — passa os braços pelo pescoço de Talita — Deixa a garota viver, menina, hoje é só paz, tem que viver do perigo mesmo. — abro um sorriso.

Talita: Eu juro que eu não sei por que eu ainda sou amigas de vocês, na moral. Acho que eu sou a única que ainda penso nesse caralho aqui. — leva a mão até o seu rosto, limpando o suor — Já tá calor, Leandra, para de agarrado. — se afasta dela.

Dhully: Tu fala isso porque o teu pai não fica em cima de você. — sinto meu celular vibrar e tiro ele do bolso, lendo a notificação.

E aí, pô? Vem ou não vem?

Talita: A questão não é essa, Dhullyanne, entende que eu tô falando isso pro teu bem, depois não diga que eu não te avisei. — tiro o meu olhar do celular, olhando para ela.

Dhully: Eu sei, minha vida. Mas fica tranquila, deixar de viver por ser filha do chefe que eu não vou. — abro um sorriso fraco, desbloqueando o celular e respondendo o garoto com um "tô indo" — Quero viver. — desligo a tela do celular, guardando ele em meu bolso — Vou aproveitar que meu pai tá se divertindo e vou ficar com o bofe, perguntar por mim, inventem alguma mentira. — Talita revira os olhos — Beijo, amor vocês, em menos de 1 hora eu tô aqui.

Leandra: Vai fuder, garota. — solto uma gargalhada, me virando e andando pelas pessoas.

Talita e Leandra são minhas únicas amigas, as únicas que eu confio. Nosso trio de anos de amizades, desde pequenas. Talita é como se fosse a mãezona do nosso trio, não sei por ser dois anos mais velha que eu e Leandra, que temos 18 anos. Já Leandra, é a mais virada, que realmente vive a vida. E eu, que só vivo a vida quando meu pai da mole.