Black

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(...)

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura

com o solene decoro de seus ares rituais.

"Tens os aspectos tosquiados", disse eu "mas de nobre e ousado,

ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!

Dize-me qual o teu nome nas trevas infernais."

Disse o corvo, "Nunca mais!"

(...)

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,

sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;

e, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira

que queria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,

com aquele "Nunca mais!"

(...)

"Profeta" - disse eu - "profeta ou demônio ou ave preta!

Fosse o diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,

a este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,

a esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais

se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!"

Disse o corvo, "Nunca mais."

(...)

"Profeta" - disse eu - "profeta ou demônio ou ave preta!

Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.

Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida

verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,

essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"

Disse o corvo, "Nunca mais!"

(...)

                Poema: O Corvo - Edgar Allan Poe

21 de Novembro de 1994

Wanda permanecia sentada ao lado do bar, bebendo um gimlet enquanto aguardava Natasha voltar de seu camarim. A morena estava alheia a qualquer aproximação ou pessoa que não fosse a guitarrista que estava esperando. Estavam juntas desde quando se encontram a primeira vez, não conseguiram se manter longe uma da outra, tão pouco queriam isso.

Maximoff assistia a maioria dos shows de sua "namorada", ainda não tinha certeza se podia chamá-la assim. Não ligava muito para rótulos, apenas se importava com a forma que os olhos da ruiva se iluminavam cada vez que se viam, se importava com o jeito delicado que as mãos da cantora tocavam seu corpo. Era só isso que importava, nada mais, nenhum nome além disso, nada além de Natasha Romanoff:

- Como pode uma mulher tão linda assim estar sozinha? - Wanda encara o homem por menos de meio segundo e volta a bebericar seu drink, não se daria ao trabalho de responder, não costumava ser muito simpática com estranhos, e menos ainda com quem a perturbava. Geralmente, se metia em confusões por isso, mas odiaria arrumar briga no bar que pagava sua "namorada" para tocar todos os finais de semana, não estragaria as coisas para a ruiva - Qual o problema, o gato comeu a sua língua?

Natasha observava a cena de longe, conhecia Wanda o suficiente para saber que a morena estava a um passo de estapear o homem ao seu lado. Sorri levemente, prendendo a língua entre seus dentes, não permitiria que ninguém tirasse a paz de sua mulher. A ruiva caminha vagarosa até a morena que ainda não tinha notado que a guitarrista vinha em sua direção:

The CrowOnde histórias criam vida. Descubra agora