Voar com asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais foi que fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo estava todo do meu lado
e o que se chama passado, passatempo, pesadelo,
só existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.
Poema: Asas e Azares - Paulo Leminski
10 de Abril de 1995
Wanda tinha seus olhos fixos na ruiva em cima do palco. Sempre ficava admirada ao ver sua mulher se apresentando. Natasha parecia flutuar quando tocava, seus cabelos balançavam contra o vento, suas pupilas brilhavam e ela ficava ainda mais linda, como se fosse possível.
Romanoff amava música, amava cantar, compor e se apresentar. Tinha encontrado refúgio na arte, paz e tranquilidade, era onde aprendeu a se expressar e a canalizar seus impulsos agressivos e mórbidos. Não era apenas a Natasha ali em cima, era a personificação de tudo que desejava ser, uma estrela em ascensão que poderia dar o mundo a mulher que mais amava na vida. Vez ou outra, seus olhos verdes em chamas se conectavam com o esverdeado calmo de Maximoff, se comunicavam com sorrisos e suspiros apaixonados. Seu amor era palpável, todos percebiam.
Com uma última salva de palmas, Natasha aperta o microfone entre suas mãos, sorrindo de lado, seduzindo, mesmo que de forma inconsciente, todos que olhavam para a mulher ruiva. A cantora vestia uma calça preta apertada, deixando as curvas de suas coxas em evidência, seus pés estavam abraçados por um coturno cinza e sobre seus ombros, a famosa jaqueta de couro. Seus cabelos longos caiam por seu rosto, o suor acumulado em sua testa:
- A última que vamos cantar hoje, eu gostaria de dedicar ao amor da minha vida - Romanoff aponta para a morena sentada ao lado do balcão do bar - Essa é para você, minha linda.
Wanda se arrepia ao ouvir os dedilhados da guitarra, Natasha era habilidosa com as mãos, isso nunca havia sido um segredo. O público se agita com a próxima música, todos conheciam e adoravam quando a banda tocava aquele cover. As pessoas pulavam e cantavam o refrão com os artistas, se entregando a eles naquela noite, permitindo que seus corpos transcendessem o real e o sonho, afinal, depois de inúmeras doses de vodca, tudo parecia um sonho dentro de outro sonho.
Tony e Natasha seguram o mesmo microfone, dividindo o protagonismo no refrão, o grave estridente de Stark contrastando com o grave rouco de Romanoff, suas vozes guiando ambos durante a melodia. O homem se afasta, permitindo que a mulher segure sua guitarra e se concentre no solo, trazendo o público a loucura, copos cheios de cerveja voavam dentro do estabelecimento. Quando Carol volta a martelar sua bateria, Natasha pula do palco, trazendo o microfone consigo. A ruiva passa a mão livre pelos fios suados, as pessoas abrindo espaço para que ela pudesse se aproximar da morena com as penas cruzadas sentada no banco alto.
Romanoff sorri, fazendo Wanda imitar seu ato deixando suas bochechas vermelhas de vergonha. A ruiva separa as pernas da morena com a mão e se posiciona entre elas, levando o microfone até seus lábios, elevando sua voz ao máximo.
"Whoa! We are half way there! Whoa-oh! Livin' on a prayer! Take my hand and we'll make it, i swear! Whoa-oh! Livin' on a prayer!"
Natasha espalma as duas mãos nas bochechas da morena, puxando-a para um beijo rápido, antes que o refrão voltasse a tocar. A ruiva pula em círculos, cantando com seus amigos enquanto voltava para cima do palco. Por mais que Wanda fosse reservada, Romanoff adorava chamar a atenção para a presença da morena, amava ver sua face ficando avermelhada de vergonha e além disso, adorava expor sua devoção à sua namorada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Crow
FanficEm uma cidade onde os sonhos e as trevas se entrelaçam, Natasha Romanoff, uma aspirante a estrela do rock, encontra em Wanda Maximoff, uma estudante de jornalismo e fervorosa ativista social, o amor que sempre buscou. Juntas, elas vivem um romance i...