It can not rain all the time

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Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,

vagos, curiosos tomos de ciência ancestrais,

e já quase adormecida, ouvi o que parecia o sim de alguém

que batia levemente a meus umbrais.

"Uma visita" - eu me disse, "Está batendo a meus umbrais.

É só isso e nada mais."

(...)

Como eu queria a madrugada, toda a noite aos livros dada

p'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -

Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,

mas sem nome aqui jamais!

(...)

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,

entrou grave e nobre, um corvo dos bons tempos ancestrais.

Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,

mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,

num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais, 

foi, pousou e nada mais. 

            Poema: O corvo - Edgar Allan Poe

07 de Outubro de 1994 

Wanda adentra a pequena loja de forma cautelosa, sabia o que queria, mas não sabia exatamente do que precisava. Seus dedos tocavam as inúmeras guitarras expostas nas prateleiras, em exibição. As mais coloridas chamavam sua atenção, não entendia qual a diferença entre elas, nunca foi muito boa com instrumentos.

Procurava por algum vendedor, mas o único dentro da loja parecia distraído demais com o filme que passava na televisão, teria que se virar sozinha. A morena olha para os lados, perdida em cordas sem significado, alheia a figura ruiva que a admirava com um sorriso no rosto. Natasha a observava como se fosse uma leoa a espreita, esperando por sua presa, com os dentes para fora, pronta para dar o bote fatal. 

A mulher ajeita sua jaqueta de couro e decide se aproximar. Sua bota era pesada e o chão construído com uma madeira velha e de segunda mão, sua presença se faz ser notada. Wanda olha por cima de seu ombro, dando de cara com a ruiva que ainda sorria. A morena ignora a mulher e continua sua busca incessante. Sua falta de interesse atrai Natasha ainda mais, estava acostumada a impressionar, a não precisar se esforçar muito para receber a atenção desejada, porém, Maximoff estava decidida a ignorá-la, como se fosse apenas um obstáculo em seu caminho. 

Até que, Wanda se vira, ficando cara a cara com Natasha. Os olhos verdes da morena estavam semicerrados, mostrando não ser tão indefesa quanto Romanoff acreditou que a mulher seria:

- Posso te ajudar? - Maximoff questiona com as mãos na cintura.

- Na verdade, eu gostaria de te fazer a mesma pergunta - o sorriso canalha toma conta de seus lábios, havia levado incontáveis mulheres para cama com a ajuda dele - Parece meio perdida.

-  A senhorita trabalha aqui?

- Não - a ruiva responde.

- Então, não preciso de você!

Wanda volta sua atenção as guitarras em exibição, precisava escolher uma, a mulher atrás de si parecia conhecer delas. Julgava isso pela roupa de couro que a mulher usava e também, pela tatuagem que conseguiu observar. Parecia ser um desenho grande, a maior parte dele sendo escondido pelo pano da jaqueta preta, porém, percebeu as notas musicais se estendendo até a pele de seu pescoço, estaria mentindo se dissesse que não gostaria de saber qual era o desenho completo:

The CrowOnde histórias criam vida. Descubra agora