A morte está sempre à espreita com a sua boca abismal
sempre pronta para o talho
para o golpe certeiro que há de nos silenciar.
Está sempre alerta para nos roubar ao primeiro descuido
ao primeiro temor, à primeira imprudência
a luz que nos impele, a maresia vital que nos irrompe
o sopro que dá impulso à nossa palavra
como uma sonora e comovente batida de tambor.
Está sempre ao nosso lado fria e astuta
úmida e obcecada com o nosso calor
querendo nos deslumbrar a começar por sua nudez
a começar pelo cadáver de seu beijo
tratando de nos imobilizar com sua excitação, sexo imperceptível
seios transparentes com sua oculta linguagem
onde um anjo letal ergue a sua espada de terror para nos decapitar.
Sempre querendo nos aprisionar em sua insinuação
em seu propósito de nos converter em pedra pó olvido
desejo e labirinto de olhos imóveis, verdade de seu primigênio ventre.
A morte está sempre à espreita.
Poema: Mais além da morte - Simón Zavala Guzmán
1 de Janeiro de 1996
Natasha segurava a cintura de Wanda com ambas as mãos, guiando a mulher pelas escadas enquanto a morena estava vendada e com um sorriso no rosto. Maximoff soltava gargalhadas, ia tropeçando pelo caminho, mas nunca deixando de confiar na ruiva atrás de si. Estavam juntas a quase dois anos, se conheciam mais do que qualquer outra, um amor que jamais imaginaram que poderiam compartilhar com alguém. Eram almas gêmeas, Romanoff costumava dizer.
Wanda, que não era uma mulher de fé, se agarrava ao pensamento de sua namorada: eram almas gêmeas. A própria não conseguia encontrar explicações lógicas para o que viviam juntas. Cuidavam uma da outra, se amava, se protegiam, viviam uma pela outra. Tem sido assim desde que se conheceram naquela loja e seria assim até o resto de suas vidas:
- Amor, estou começando a ficar com medo - Maximoff diz em meio a sorrisos, seus braços estavam esticados, tentando tocar qualquer coisa que aparecesse em sua frente.
- Não fique, estamos chegando no apartamento, só mais cinco passos e... - Romanoff abre a porta do loft e conduz sua namorada para dentro - Pode tirar a venda.
Wanda leva as mãos para a parte de trás de sua cabeça, lentamente, estava ansiosa com a surpresa que a ruiva se gabava de ter preparado. Maximoff respira fundo antes de abrir os olhos dando de cara com o apartamento todo iluminado a velas, tinha pétalas de rosas por todo o loft e o principal, Natasha estava ali, ajoelhada aos seus pés com um anel dourado em mãos:
- Eu te amo, Wanda - Romanoff inicia sua declaração com a voz trêmula - Desde o momento que te vi naquela loja, eu sabia que havia encontrado a minha musa, de repente todas as músicas que havia escrito ganharam um novo significado, ganharam um sentido. Todas as canções de amor que eu compunha eram suas. Você trouxe melodia para a minha vida, Wan. Você é a razão pela qual cada nota soa mais doce, cada acorde ressoa mais profundamente. Você me faz querer ser uma pessoa melhor, e eu quero passar cada dia fazendo o mesmo por você - as duas tinham os olhos marejados, Natasha mal conseguia enxergar a morena a sua frente, as lágrimas molhavam seu rosto, estava feliz por finalmente ter tomado coragem, porém, também estava com medo de receber um não - Você é a minha musa, é minha inspiração, é o meu lar e eu quero passar o resto da minha vida te amando - a ruiva funga baixinha - Wanda, casa comigo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Crow
FanfictionEm uma cidade onde os sonhos e as trevas se entrelaçam, Natasha Romanoff, uma aspirante a estrela do rock, encontra em Wanda Maximoff, uma estudante de jornalismo e fervorosa ativista social, o amor que sempre buscou. Juntas, elas vivem um romance i...