os tempos são outros

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Caminho rapidamente pelas ruas movimentadas do Rio. Era um dia quente, olho de relance para um dos vários termômetros espalhados pela cidade que marcava 38°. Paro por um breve momento ao sentir a vibração do meu celular na bolsa que carregava nos ombros

- Sim? - Atendo.

- Cat, cadê você? - Ouço a voz aguda de Ana, uma amiga próxima, do outro lado da linha

- Estou um pouquinho atrasada, não demoro. - Disse antes de desligar e seguir meu caminho.
Em passos rápidos, entro no prédio alto e cinzento, repleto de janelas espelhadas. Não leva mais de 5 minutos para que consiga, enfim, chegar à minha sala, um cômodo pequeno com paredes, tristemente brancas, cobertas de imagens diversas na tentativa de trazer alegria. Uma mesa ao centro, também não muito grande em um tom escuro de madeira que também se aplica aos demais móveis, está carregada de papéis soltos e bagunçados.

Me sento suspirando e encontro Ana vindo em minha direção, as mãos abanando no ar e a boca se abrindo em palavras soltas e desconexas.

- Que bom que chegou, precisamos aprovar as fotos pra ontem, acabaram de entregar. - Disse me oferecendo um envelope.
Abro com cuidado analisando o conteúdo ali presente. Em questão de instantes, com sua ajuda, separo 12 das 17 imagens.

- Apresenta essas na reunião de hoje, são as mais coerentes com a estética da linha.

- Também achei - A loira concorda. - Vamos sair na próxima semana, não vamos?

- Já havia me esquecido. O que acha de... - Penso por um minuto antes de tornar a falar - Um barzinho? Muitas cervejas e homens bonitos.

- Não poderia ser melhor, está marcado!! - Disse sorridente antes de deixar a sala.

\\ quebra de tempo

Me deito cansada afastando as almofadas no sofá que agora parecia muito mais aconchegante. Pressiono o botão do controle diversas vezes até encontrar o que desejo, "Gossip Girl", nada como acompanhar a vida escandalosa de Manhattan.
Era a minha 4° vez assistindo, mas em todas elas, quando o primeiro episódio se iniciava, eu ficava ansiosa para terminar como se nunca houvesse visto antes. Eu não me cansaria jamais de ver a Blair e o Chuck fugindo de seus sentimentos, do Nate falhando miseravelmente em todas as suas tentativas de encontrar alguém, da Georgina aprontando com todos, mas acima de tudo isso, da Serena passando vergonha. Rio por impulso antes de dizer:

- Todos nós temos nossa fase, Serena. - Relembro - Mas você desconhece limites, querida! - Ouço minha risada ecoar pelo apartamento e me calo.

Algumas cenas da minha adolescência voltam à mente. Sem esperar, trato de balançar a cabeça para que se vão, dizendo para mim mesma, "os tempos são outros", tentando me convencer de que a Catarina do passado não voltaria. Determinada, volto minha atenção à série na televisão.




Notas da autora:
Oiee, agradeço por ter você aqui, espero que goste. Próximo capítulo em breve.

Aqueles que não ardem por nós.Onde histórias criam vida. Descubra agora