o reencontro

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Sábado, 17:38

Eu tenho um certo histórico com atrasos, mesmo que comece a me aprontar duas horas antes, ainda assim, chegarei, no mínimo, 15 minutos depois do início. Paro diante das opções espalhadas na cama, as cores diversas e vibrantes ofuscando minha vista. 

- Como você consegue dificultar tanto uma tarefa simples como essa? É só escolher uma roupa, Catarina. - Repreendo a mim mesma enquanto, pela milésima vez, remexo as peças sobre o colchão buscando algo que me agradasse.

Olho o relógio rapidamente, 18:07. Eu estava atrasada, como já era de se esperar. Bufo irritada repensando se foi mesmo prudente da minha parte ter aceito o convite de Ana. Desisto da roupa e decido que será mais fácil me maquiar. Não tem como dar errado, penso. Faço uma maquiagem leve, apenas um corretivo, um pouco de blush, rímel e, é claro, um gloss para dar um ar de vivacidade. Quanto ao cabelo, decido não me dedicar muito. Escovo como o de costume e trabalho um pouco mais a franja. Sorrio satisfeita antes de voltar à bagunça das roupas.

Optei por não me estressar mais e vestir algo que já sabia funcionar. Termino de me arrumar em poucos minutos, o que era raro. Na tela do celular reluzia o horário, 18:49.

- Bom trabalho, garota. Sabia que conseguiria. - Não sabia, mas isso é desinteressante no momento.

Pego minha bolsa e espero que Ana chegue em frente ao apartamento, conforme combinamos.
Ela não demora a chegar.

- Tá linda, Cat, e pronta no horário? Que orgulho. - Ela me cumprimenta, rindo com um abraço rápido se voltando ao volante.

- Você viu? - Rio de forma nasal.

O caminho foi tranquilo, o silêncio entre nós foi preenchido pelas músicas desconexas vindas do rádio e alguns comentários sobre coisas que víamos na rua. Ao chegarmos no destino, é possível ouvir pessoas conversando, alguém cantando fora do tom, copos batendo e risadas. Uma típica noite de sexta.

- O Matheus disse que ainda não chegou, vamos esperar ele aqui fora? - Sua pergunta soa mais como uma afirmação.

- Sim, vamos esperar aqui.

Nós devemos ter ficado do lado de fora esperando por esse Matheus uns 10 minutos, vendo as pessoas entrando e saindo.

- Mais atrasado que eu, hein. - Ambas rimos enquanto dois homens altos e com o rosto ainda não totalmente revelado, devido à má iluminação, se aproximam de nós.

- Ele chegou. - Sua voz se torna animada e seus olhos ganham um brilho diferente. Sorrio involuntariamente.

Ambos se vestiam de forma parecida e casual, camiseta e jeans. Um deles, no entanto, possuía um boné esverdeado e encardido. Ele parece ser bonito, penso, sua silhueta, ao menos, parecia. O mais alto deles, que tinha como um único acessório, um relógio prateado no pulso deposita um beijo na bochecha de Ana e a abraça.
Depois de se separarem, a loira decide nos apresentar.

- Matheus, essa é Catarina, minha melhor amiga e Cat, esse é Matheus, como você já conhece. E, Cat, esse é... - Ela aponta para o garoto acompanhando Matheus, parecendo pensar. Este, por sua vez, a completa.

- Francisco, meu melhor amigo, e solteiro, tá? - Disse rindo apertando os ombros do companheiro que, finalmente, trouxe seu rosto à luz e eu não consegui acreditar naquilo que estava diante dos meus olhos.

- Cat, quanto tempo, não? Ainda lembra de mim? - Sua voz ainda era exatamente como me lembrava.

Impossível.

Aqueles que não ardem por nós.Onde histórias criam vida. Descubra agora