P.O.V Jeon Jungkook
Andar por Hongdae na madrugada era um costume, algo que dominava na ponta da mão tal qual uma rotina. Conheço a noite desde meus 16 anos quando Taehyung me convenceu de que deveríamos ser descolados quase como se estivesse entregando meu futuro em mãos profanas.
A noite parecia eterna, devo admitir. Até o primeiro raiar do sol, eu poderia dizer que a escuridão jamais acabaria, parecia que éramos envoltos em uma realidade paralela onde o sagrado era a expressão mais crua de todos os seres e o profano eram as máscaras impostas pelo o dia. Ali, naquelas ruas, naqueles bares, naquelas bocas, naqueles mares de pessoas poderíamos ser e deixar de ser, conhecíamos uns aos outros como se estivéssemos despidos de todas e quaisquer preocupações. Alguns chamam de juventude perdida, já eu e Taehyung afirmamos ter nos encontrado em meio a tantas "almas perdidas". Não deveríamos ter estado ali tão cedo, mas estávamos, mentimos nossa idade, inventamos vidas que sequer havíamos visto de perto, derramamos inverdades para podermos sermos quem realmente éramos e fazer o que queríamos. Roupas provocativas, palavras repletas de ardor, corpos irresistíveis e atitudes questionáveis eram o que nos cercavam e nos tornavam o que somos, a perversidade do alternativo nos consumia. Com o tempo fomos sendo conhecidos por onde passávamos, descobriram nossas idades, mas sequer se importavam, pois éramos o epitome da vida noturna em Seul, andávamos pelas ruas como querubins da profanidade. Poderíamos ter deixado tudo isso inflar nossos egos, mas na verdade apenas nos sentíamos mais parte daquela comunidade, ainda sim privilegiados, porém o pertencimento amaciava necessidades que nem mesmo sabíamos que precisávamos sanar, era insano.
Taehyung era meu braço direito, com seus olhos claros, cabelos loiros e sorriso ardente, sempre conseguia tudo que queria, o mundo estava em sua mão desde que decidiu que era bom demais para ser um perdedor. Era advogado criminalista dos bons, sua lábia convencia até mesmo um juiz corrompido por propina. Era temido por todos os promotores da cidade, sua jovialidade o fazia ser alvo de questionamentos, mas todos sabiam que era completamente competente. Ambos tínhamos 27, 11 anos de noite juntos, 14 de amizade, ele trabalhou por tudo que sempre quis, enquanto eu apenas pairei pela vida, pelo menos até onde ela me levava.
Apesar de ter as mesmas boas condições que eu, Tae sentia a necessidade de provar para o mundo que não era apenas um filhinho de papai com um cartão de crédito e 1 milhão de oportunidades, quanto a mim, eu não tinha nenhum problema de ser visto daquela forma. Ser mimado nunca foi algo que senti receio por ser, mas sim aproveitei o máximo que pude, sempre corri pela vida ansiando por mais e nunca vi problema nisso. Jamais me vi como um grande advogado, empresário, engenheiro, nada de tão importante. Tive apenas 1 vontade, ter um empreendimento e meus pais proporcionaram isso. Tenho uma loja de discos em Itaewon e isso está bom pra mim, Taehyung pode ser o bem sucedido e eu o acomodado, não tenho necessidade de ser mais que isso.
Era intrigante como a vida jovem de Seul se reunia neste bairro e como todos os corpos tinham a mesma angústia, ansiavam pelas mesmas metas, as mesmas coisas que saciavam os mais profundos desejos da alma como se todos fossemos extremamente previsíveis e de fato éramos. Sempre procurando pela mesma coisa, pela mesma sensação arrebatadora, porém logo passageira que um beijo tão aguardado causava, a euforia corriqueira que um shot de tequila cara causava ou nos casos mais perigosos dentro deste país, a taquicardia que os narcóticos causavam assim que seu efeito se alastrava por nosso sistema. Eram essas coisas fúteis que todos procurávamos como loucos em uma sexta-feira a noite pós expediente.
Soltei alguns botões de minha camisa social preta, o frio me incomodava, mas não tanto quanto aquele tecido me sufocava. O cigarro me mantinha calmo e aquecia meu peito, me deixava pronto para o que estava pra vir, me ajudava a ser a borboleta social que estava mais que acostumado a ser. Ao entrarmos na Bail, eu, Taehyung e Mingyu, logo ouvimos uma fila inteira enraivecida com o fato de que não precisávamos esperar para entrar e o pior, também não éramos coagidos a apagar nossos fumos, o que era proibido dentro do estabelecimento, mas claro que aquilo não se aplicava para a gente.
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DRIPPING! - Jikook
FanficJeon Jungkook, aos vinte e sete anos, vive a vida procurando pelo mais puro estímulo. Seja nos braços de afetos superficiais, nos beijos devassos e crus, nas bebidas puramente alcoólicas... Ele pertencia a noite, às ruas de cheiros duvidosos e aos l...