Capítulo 5 - Kay

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-Kay, não me leves a mal, mas já me começa a doer a mão.

Larguei de imediato a mão da Savannah, deixando cair o meu braço junto ao meu corpo, e deixei que a Abbie colocasse as suas mãos nos meus ombros.

-Tem calma, Kay! - exclamou ela, abanando-me. - Aposto que está mais nervoso o Calum por ter ver do que tu!

-Não estou nervosa por o ver, - lancei-lhe um olhar de relance, antes de respirar bem fundo. - Estou nervosa porque... uma coisa é atuar num programa de televisão, ou num bar... mas esta é a primeira vez que vou atuar em arenas e estádios, e estou literalmente quase a cair para o lado de medo.

A Abbie abraçou-me com força.

-Kay, depois de tudo o que ensaiámos e planeámos, não tens nada por que estar nervosa, - garantiu-me a Kenzi com um sorriso. - E mesmo que aconteça alguma coisa de mal, é para isso que nós estamos aqui. Para nos certificarmos de que fazes boa figura em frente ao público.

-Pensava que era para me agarrarem caso eu começasse a vomitar.

-Claro que não! - exclamou a Savannah, antes de lançar um sorriso trocista à Abbie. - Quanto muito teremos que a agarrar a ela.

-Foi uma vez! - gritou a Abbie, lançando as mãos ao ar em desespero. - E vocês prometeram que não voltavam a falar disso, mas parece que não fazem outra coisa!

Passei um braço à volta da cintura da pobre Abbie, a rir-me que nem uma perdida, e puxei-a para mim.

-Tu já nos fizeste bem pior, - lembrei.

-Sim, mas esse é o meu papel!

A Kenzi levantou as sobrancelhas.

-Ah sim? E quais são os nossos?

-A Kay é a sarcástica, mas ultimamente anda demasiado nervosa para isso. A Savannah é a animada, porque está sempre a sorrir e aos pulinhos. Tu és a artística; nem preciso de explicar porquê, - apontou para o caderno de rascunhos que era habitual a Kenzi ter nas mãos. - E eu sou a imprudente e irresponsável, porque todos os grupos precisam de alguém assim.

Troquei um olhar com a Savannah e assentimos as duas, a concordar com as ideias dela. Foi então que o Ashton entrou no estúdio, com o Michael e o Luke, e estavam os três a rir-se de qualquer coisa que um deles devia ter dito.

-O Calum deve estar aí a chegar, - disse o Michael, o técnico, na minha direção. - A irmã dele ligou-lhe sobre uns problemas quaisquer e ele teve que ir ver o que se passava, mas já não deve demorar muito.

-Okay, obrigada, - sorri-lhe.

A Savannah puxou-me para sofá e sentámo-nos as duas. Apesar de ela ser, como a Abbie a havia descrito, "a animada porque está sempre a sorrir e aos pulinhos", era também a que melhor me conseguia acalmar quando os nervos me começavam a atingir. E eu adorava a Kenzi e a Abbie, mas a Savannah era sem dúvida a pessoa de quem eu me sentia mais próxima.

Pressentindo que eu precisava de me acalmar, a Abbie pegou no pulso da Kenzi e levou-a até junto dos três rapazes para me deixar sozinha com a Savannah.

-Estás assim por amanhã ser o primeiro concerto? - perguntou-me a rapariga dos cabelos encaracolados, puxando as suas pernas para cima do seu sofá.

-Sim, - suspirei. - O Calum tem um estilo de música definitivamente diferente do meu, e um grupo de fãs muito maior que o meu. Estou mesmo a contar que me atirem com fruta podre durante a minha atuação.

-Tenho a sensação que os seguranças não deixam passar fruta podre que só tenha o objetivo de ser atirada para o palco.

Lancei-lhe um olhar duro.

Replay • 5 Seconds of Summer {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora