Prólogo - o Início das férias

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Julho de 2010

O Início das férias escolares de julho trouxe um frio característico para a pequena cidade de São Luís do Vale, localizada a uma hora e meia da capital São Paulo. A cidade, com suas ruas tranquilas e casas coloridas, parecia mais serena do que nunca durante este período de inverno. O céu nublado e a brisa gelada faziam com que as tardes fossem convidativas para se acomodar com uma xícara de chocolate quente e uma manta aconchegante.

Na casa de Dona Júlia, o inverno não era apenas uma estação fria, mas um momento de calor humano. A residência, sempre acolhedora e repleta de amor, havia se tornado o ponto de encontro das crianças do bairro que frequentavam a escola local. Dona Júlia, com sua gentileza e paciência, era uma verdadeira avó para todos eles. Naquela manhã, as únicas crianças na casa eram Bruno, Lara e Alana, de quem ela era babá enquanto os pais deles trabalhavam.

Bruno, com seu jeito criativo e imaginativo, preparava uma pequena apresentação de teatro improvisada para Alana. Usando fantasias e acessórios improvisados, ele fazia Alana rir com suas encenações. Enquanto isso, Lara estava no quintal montando um quebra-cabeça gigante, que parecia desafiador até mesmo para uma garota da sua idade.

A casa de Dona Júlia estava calma, mas uma nova visita estava prestes a chegar. Arthur, neto dela, estava
vindo para a cidade. Seus pais decidiram que ele passaria um tempo com a avó devido ao caos em casa com o nascimento de sua irmãzinha, Laura. A mãe de Arthur, Matilde, estava exausta com as responsabilidades de cuidar do recém-nascido, e a solução encontrada foi deixar Arthur passar as férias com a avó.

Arthur tem 8 anos, era um garoto tímido, com dificuldades para fazer amigos. Morava em um condomínio de apartamentos em São Paulo e só tinha um amigo, que morava no mesmo prédio e estudava na mesma escola. Sua timidez era acentuada pela falta de identificação com as crianças do seu bairro e escola, que ele achava metidas só se preocupando em competir em quem tinha a mochila mais cara, as roupas e tênis.
Enquanto ele preferia valorizar as pessoas e os momentos, era conhecido por seu gosto pela leitura, jogos de tabuleiro e por ser apaixonado pela natureza. Ele se considerava um pouco nerd mas competitivo, e quando se sentia confortável, era muito falante e brincalhão.
A chegada de Laura, sua irmãzinha, foi o melhor presente que ele poderia ter, mas também trouxe uma mudança significativa na rotina da família. A casa ficou um caos, e com a chegada das férias escolares, Matilde decidiu aceitar a sugestão do marido de enviar Arthur para a casa da avó. Para Arthur, isso foi como um sonho realizado. Ele sempre quis passar um tempo com a avó em uma cidade diferente de São Paulo, cheia de árvores, praças e parquinhos

Quando o carro chegou à casa de Dona Júlia, Arthur desembarcou com seu Pai, e
imediatamente sentiu a diferença. A casa da avó, com seu jardim cheio de flores e árvores, parecia um paraíso em comparação ao concreto e às paredes cinzas de seu condomínio, ele já tinha estado ali antes para visitar a avó, mas tinham sido visitas rápidas já que sua mãe não gostava muito da cidade e muito menos da sogra.

Dona Júlia o recebeu com um sorriso caloroso e um abraço carinhoso.

-Arthur que bom te ver! Venha, entre!

Arthur se despediu do pai e ainda um pouco nervoso, foi apresentado a Bruno, Lara e Alana, que têm a mesma idade dele.

-Oi, Arthur! Eu sou a Lara, e estes são o Bruno e a Alana. Vamos brincar juntos? Lara perguntou com um sorriso encantador.Arthur, um pouco envergonhado, respondeu:

-Oi, pessoal. É bom conhecer vocês.

As primeiras horas foram desafiadoras para Arthur, que observava as brincadeiras com interesse, mas hesitava em se juntar a elas. Bruno, com sua natureza amigável, tentou puxar conversa.

-Você gosta de jogos? Eu trouxe alguns para a gente brincar!

Lara e Alana também tentaram incluí-lo nas atividades. No início, Arthur estava hesitante, mas logo começou a perceber que os amigos de Dona Júlia eram diferentes das crianças que ele conhecia. Eles brincavam no chão, com terra, subiam em árvores e não se preocupavam com roupas ou brinquedos caros.

À medida que Arthur se sentia mais à vontade, começou a se juntar às brincadeiras. Ele descobriu que subir nas árvores era mais difícil do que parecia, mas a vista do alto era incrível.

Na primeira noite, depois do jantar, Arthur trouxe seu tabuleiro de xadrez para a sala. Bruno e Lara estavam céticos, mas Alana parecia interessada. A partida começou e, logo, Arthur estava explicando as regras enquanto os outros assistiam com atenção.

-Você realmente sabe jogar isso, Arthur, disse Lara, impressionada.

Arthur sorriu.

-Sim, mas vocês vão ver que a prática ajuda. Vou ensinar cada um de vocês a jogar.

No início, Bruno, Lara e Alana acharam o jogo um pouco entediante, mas logo o espírito competitivo de Arthur contagiou todos.

-Eu vou ganhar de você, Arthur!
Bruno desafiou com um sorriso determinado.Arthur sorriu, animado para a competição.

- Vamos ver quem realmente é o melhor! Respondeu.

Lara e Alana também se juntaram, e a competição se tornou uma diversão para todos. Embora Arthur fosse o melhor, Bruno conseguiu vencer algumas vezes, e Lara e Alana também tiveram suas vitórias. Alana, especialmente, ficava frustrada quando perdia para Arthur, mas também se divertia muito.

Com o passar dos dias, Arthur sentiu que estava ganhando na loteria da amizade e da diversão.

Com o tempo, a amizade entre Arthur e os outros se aprofundou. No quintal, eles construíram cabanas com lençóis velhos, criando um espaço secreto onde passavam horas contando histórias e planejando novas aventuras.

A competição para ver quem construía a melhor cabana se tornou uma tradição.

-Essa cabana está incrível, mas acho que a nossa é mais resistente,Desafiou Bruno, rindo e zombando das meninas.

-Vocês têm que admitir, as minhas paredes têm uma vista melhor, respondeu Lara, apontando para a vista que tinham do alto da cabana para provocar de volta.

- Admitam que nós ganhamos, exigiu Alana.

-Nem pensar, reclamou Arthur - Nós é que ganhamos...

Da Janela da cozinha Dona Júlia apenas riu sabendo que aquela discussão demoraria muito.

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Arthur que havia trazido seu PlayStation 3 e os jogos de vídeo game convidou todos para um jogo.
O grupo se dividiu em duplas para enfrentar uns aos outros em competições amistosas. Arthur era o melhor, mas estava disposto a ensinar e competir de forma justa. Alana, especialmente, ficou irritada em perder.

-Eu vou te mostrar como se joga, mas não espere ganhar de mim tão cedo, desafiou Arthur, com um sorriso. Alana riu, mas estava determinada a vencer. As sessões de jogos se tornaram um ponto alto das tardes, repletas de risadas e desafios, sempre regadas a muito bolinho de chuva e outros doces que a avó fazia.

Tudo estava ótimo, mas de repente Arthur se deu conta de que os dias estavam passando muito rápido, e ele desejou ficar ali pra sempre.

Aquelas com certeza eram as melhores férias de sua vida.

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