[2] A luz dos olhos teus

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[Akaashi's point of view]

As árvores brancas se estendem ao redor da pista sem previsão de uma mudança de cenário.
Bokuto decidiu de última hora que deveríamos fazer uma viagem, agora cá estou eu com esse homem e um monte de malas dentro de um carro.

- Você tem certeza que estamos no caminho certo? Faz meia hora que não vejo nada mudar nessa estrada. - resmungo com o pulso cansado de dirigir, mas não confio em deixar Bokuto na direção.

- Confia em mim! Eu conheço esse caminho como a palma na minha mão. - ele olha ao redor - Já estamos quase chegando!

Bokuto continua sentado com os pés para cima, mesmo depois de eu alertar o perigo disso. Ele parece tão despreocupado que não consigo evitar de sentir inveja.

Pensei que ele estava falando da boca para fora quando disse que estávamos chegando, já que ao redor nada indicava alguma diferença, mas agora é possível ver um pequeno riacho fluindo atrás das altas árvores, a luz do sol encontra mais caminho para passar pois a vegetação começa a ficar mais baixa. Um feixe de luz que passa pela janela ilumina os olhos amarelos de Bokuto, que brilham mais do que o de costume, ele parece realmente animado.
O sol está se pondo, a viagem demorou mais do que eu esperava, estamos no interior agora.
Ao ver uma pequena casa se formando na paisagem ele fica ainda mais eufórico e já vai tirando o cinto, acho que esse é o nosso destino.
Ele indica onde parar o carro e então descemos.

- Chegamos! - ele abre os braços dando um leve giro - Bem vindo!

- É bem bonito aqui, - olho ao redor admirando o potencial artístico do lugar, vai render boas fotos. - mas onde exatamente estamos?

- É o lugar em que eu cresci! - ele sorri animado.

Fomos até a porta da casinha de madeira, ele não precisou dar mais de dois toques para que uma senhora baixinha aparecesse sorridente.

- Koutarou! - ela abraça o garoto pelo meio - Oh, está cada dia mais alto! Precisa comer mais para acompanhar o crescimento, sua mãe não está cuidando direito de você não?

- Vovó! - ele abraça a mulher levantando-a do chão com cuidado - Que Saudades!

A velhinha percebe minha presença e me olha de cima para baixo esperando uma explicação do neto. Bokuto me puxa para mais perto.

- Vó, esse é meu amigo Agaashe!
- Akaashi, - corrijo - prazer.
- A gente veio passar o final de semana para fugir do estresse da cidade!

Sem mais perguntas a mulher nos indicou para entrar, a casa era quente e confortável, com uma estética antiga e uma luz amarelada que deixava tudo mais acolhedor.

- Bem que senti que deveria colocar mais comida no fogo! - ela sorria de forma muito gentil - Subam, subam! Mostre o quarto ao seu amiguinho, tomem um banho quente e venham comer, a viagem deve ter sido cansativa!

E então subimos.

[Bokuto's point of view]

Deito na cama e sinto uma sensação nostálgica, tudo está bem no lugar que costumava estar. As estrelinhas pintadas no teto, o tapete felpudo, e todas bugigangas da minha infância, isso sim é lar.
Arrumo as malas em um canto e apronto a cama para Akaashi, que agora está no banho. O quarto tem uma cama de casal e uma de solteiro, costumava ficar aqui com minhas duas irmãs.
Deixo a cama maior para ele, já que ele está mais estressado e eu gosto de lugares menores.
Minha coisa favorita de todas aqui é uma coruja de pelúcia que minha avó costurou para mim quando pequeno, ela disse que era minha versão animal. Pego o bichinho e abraço forte, recordando o passado.

Akaashi sai do banho com uma calça de moletom que parece quentinha, mas se tremendo de frio porque esqueceu de levar a camisa para se trocar, observo ele se aprontar sentado na cama.

- Hey, Akaashi! - aponto para a coruja quando ele olha para minha direção - É igualzinha a mim, não é?

- Oh? Igual. - ele responde com uma leve risada - Te imagino exatamente assim se fosse um animal.

- Você seria qual animal?

- Hm, não sei... nunca parei para pensar nisso, - ele se olha no espelho - uma lontra, talvez?

- Você deveria ser uma coruja também! Aí a gente seria amigos!

- Tudo bem, eu vou ser uma coruja. - ele sorri, finalmente ele sorriu de verdade! E o sorriso dele é tão lindo.

Descemos para jantar e minha vó nos surpreendeu com um verdadeiro banquete, eu não havia avisado previamente que viria, mas ela fez questão de fazer minhas comidas preferidas.
Depois do jantar, como estava tarde, combinamos de sair no dia seguinte. Então fiquei contando as novidades para a vovó enquanto Akaashi tirava fotos dos insetos noturnos, acho que ele tirou algumas fotos nossas quando não estávamos olhando também.

Me jogo na cama, pronto para cair no sono.

- Hey, Akaashi! Não vai largar esse caderninho não?

- Tô só escrevendo algumas coisas - ele faz uma última anotação e fecha o caderno, deixando-o sobre a cabeceira.

- Amanhã vamos fazer muitas coisas legais! Vou te mostrar tudo aqui!

Ele se deita e fica olhando para a luminária amarelada.

- Estão verdes. - digo

- O que? - ele pergunta um pouco confuso.

- Seus olhos estão verdes agora. Ficam bonitos quando você olha para a luz.

- Oh, eles meio que são verdes, então não é de se admirar...- eu poderia dizer que ele parece um pouco envergonhado agora, talvez por eu estar reparando nele.

- As coisas não precisam estar diferentes para serem admiradas - sorrio.

- Ah, hm. Ok. - ele muda de assunto - Você não se incomoda por eu estar tomando a cama maior?

- Não, eu quis assim mesmo! - bocejo.

- É melhor dormirmos logo.

- Aaah, poxa.

Ele desliga a luminária e vira de costas, agora não consigo mais ver o rosto dele. Mas escuto quando ele diz:

- Os seus olhos são cheios de luz, Bokuto. São bonitos.

E eu fui dormir sorrindo.

E eu fui dormir sorrindo

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