Capítulo 7

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Natália

Era quinta-feira e o dia tinha sido produtivo em relação aos estudos, era quase meia noite quando uma batida na porta interrompe minha leitura. Era meu pai.

"Oi filha, posso entrar?" diz abrindo a porta. "Claro" fecho o livro que eu estava lendo.

Ele vem e senta na beirada da minha cama.

"Como você está meu amor?" pergunta carinhosamente.

"Bem e o senhor?"

"Estou bem, só com uma dor nas costas chata" , ele responde.

"O senhor ter que ir no médico pai, ver o que está acontecendo"

"Eu vou sim...mas não foi isso que eu vim falar contigo"

"E o que é?"

"Eu e a sua mãe teremos que ir até São Paulo a negócios, no sábado voltaremos" , ele informa. Era rara as vezes que eles precisavam viajar. Um pressentimento ruim percorreu minha espinha.

"Tudo bem pai, boa viagem, vou sentir falta de vocês" digo me aproximando para abraçá-lo, ele me aperta em seus braços e deixa um beijo em meus cabelos. "Eu também, filha" , suas mãos grandes seguraram meu rosto e ele diz olhando nos meus olhos. "Eu te amo filha, quero muito que você seja feliz" meus olhos se enchem de lágrimas, fazia tempo que eu não escutava um "Eu te amo" dele ou de mamãe e a sensação ruim voltou a percorrer meu corpo.

"Eu também te amo papai" ele sorri e beija minha testa se levantando e indo até a porta. "Boa noite, dorme bem e com os anjos!"

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Assim que acordo na sexta a casa já está vazia, tirando Dona Lurdes e mais um funcionário. Tomo um café e passo algumas horas entretida com os estudos.

Quando me dou conta, já está na hora de encontrar a Carol no lago, então pego minha câmera, uma canga e coloco tudo dentro da ecobag e vou até o lago.

Encontro Carol escorada na mesma árvore que ficamos da última vez que tivemos aqui, ela estava de costas e seus óculos estavam jogados ao lado de seu corpo, então resolvi fazer uma brincadeira, chego próxima do seu corpo e com as duas mãos cubro seus olhos.

"Adivinha quem é?" pergunto perto da sua orelha.

"Que susto Natália" ela diz e eu tiro minhas mãos, rindo e sentando ao seu lado.

"Como sabia que era eu?" pergunto curiosa.

"Seu perfume e a voz né"

Confirmo com a cabeça e olho para o lago na minha frente.

"Seu livro Natália, muito obrigada! Eu amei" ela diz com os olhos brilhando, me entregando o livro.

"O amor delas é lindo né" digo e vejo ela soltar uma risada dizendo "E problemático" confirmo com a cabeça.

"Posso te fazer uma pergunta Natália?" ela pergunta e eu confirmo com a cabeça.

"O pastor sempre tem aquelas falas, sempre prega daquele jeito?"

"Sim Carol, desde que eu me lembre sim, na sua antiga igreja o pastor não falava?"

"Não, era diferente"

"Um diferente melhor?" pergunto e ela me olha. "Sim, bem melhor"

"Sinto muito" respondi sem saber o que falar. Imagino que para quem nunca escutou nada daquilo antes o baque tenha sido maior, eu já estava calejada de sempre escutar a mesma ladainha, incomodava mas com o tempo você se acostuma.

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