O nascimento de um bebê saudável seria motivo para comemoração, mesmo não sendo um herdeiro masculino, mas o clima não estava para festas. O ancestral trono dos Habsburgo estava ameaçado. Em 1792, primeiro ano do reinado de Francisco ⅠⅠ, pai de Leopoldina, os Estados fronteiriços à revolucionária França — a Áustria, a Espanha e os reinos da Sardenha, da Prússia e de Nápoles, além da Inglaterra — declararam guerra aos franceses.A união desses países não visavam apenas dar uma lição a quem se aventurasse a depor seus governantes. Além de servirem de exemplo, punindo um povo e um governo insurgente, os aliados queriam sufocar os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que começavam a florescer nos campos franceses encharcados com o sangue dos aristocratas. Se, em meio ao processo, os vizinhos conseguissem abocanhar alguns trechos do território francês, não iria ser nada ruim.
Mas, surpreendentemente, não foi bem isso que aconteceu. A França, em meio ao caos interno, conseguiu se reerguer e estruturar um Exército que fizesse frente a essa coalizão de países invasores. Ironicamente, a primeira grande tentativa de se destruir o novo Estado francês fez surgir perante o mundo a figura de um militar nascido na Córsega, que havia feito sua carreira na França e assumido o comando das tropas na Itália.
Napoleão Bonaparte, recém-casado com Josefina de Beauharnais, partiu para a Itália em março de 1796 como um quase desconhecido e retornou a Paris um ano depois como herói, após derrotar as tropas austríacas e seus aliados. Além disso, ele havia conquistado grande parte da Itália Central para a França. O Reino da Sardenha fora subjugado, além de vários principados e ducados italianos, incluindo Estados papais. Milão, até então austríaca, passou a pertencer aos franceses. Em março de 1797, um ano após sair de Paris, Napoleão marchava contra a própria Áustria, chegando a 150 quilômetros de Viena em 9 de abril. O grão-duque Carlos, comandante do Exército austríaco e tio da recém-nascida arquiduquesa Leopoldina, enviou mensageiros para discutirem o fim da guerra. A paz entre a França e o Sacro Império foi oficializada pelo Tratado de Campo Formio, em 17 de outubro, no qual Napoleão assinava a paz com os austríacos em nome dos franceses.
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J.C
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D. Leopoldina | A história não contada
No FicciónA mulher que arquitetou a Independência do Brasil copyright © 2017 Paulo Marcelo Rezzutti copyright © 2018 CJT