The Secrets of the Universe

SPARK! (Parte 2)

"Meu coração dispara apenas quando você olha para mim."
Spark!

Impressionante como tem gente que não sabe a diferença entre trabalho e passeio escolar, será que essas pessoas acham que os workshops são para se divertir? Não que eles não possam se divertir, mas tem a porra da hora certa pra isso e com certeza não é agora!

— O que deu em você, Nanon? O seu humor anda péssimo ultimamente.

O Chimon me oferece uma garrafa de refrigerante, não aguento mais tomar essa porcaria, mas os patrocinadores mandaram para nós e todos gostam, então ninguém perguntou se alguém não queria essa merda.

— Não estou afim.

Ele faz uma careta e praticamente se joga sentando ao meu lado no chão.

— Esse mau humor todo é só porque você está acordando cedo ou tem mais alguma coisa rolando?

As meninas dão gritinhos histéricos e nós paramos de conversar para prestar atenção. O cara novo... Tenho que parar com essa merda de cara novo. O Ohm está sem camisa fazendo flexões, ele sempre faz esse tipo de coisa, gosta de exibir o corpo que tem, é um rato de academia pelo que o Chimon comentou. As meninas e até alguns meninos ficam assistindo e babando enquanto o seu corpo começa a brilhar pelo suor que se forma na sua pele, é realmente algo para admirar.

— Nanon?

—  O QUE?

— Ei, não vem com esse mau humor pra cima de mim!

Eu suspiro e pego os meus fones.

— Foi mal, acho que você está certo, acordar cedo está me deixando assim, vou tentar dormir um pouco.

Eu saio e procuro por um lugar onde possa dormir ou pelo menos fingir que estou dormindo, quando não encontro me ajeito em um canto no corredor e deito.

Sinto uma vibração diferente e um cheiro estranhamente familiar, abro os olhos e ele está abaixado na minha frente me olhando dormir, esse cara é muito esquisito.

— Desculpe, não queria te acordar.

Ele continua na mesma posição o que vai deixando a situação toda esquisita, penso em mandar ele embora, mas lembro do Chimon falando sobre o meu humor e tento me controlar, sento tirando os fones e espero ele dizer o que quer. Para a minha surpresa ele coloca a mão no bolso e me entrega uma caixinha de ovomaltine.

— Peguei com um staff pra você.

— Porque?

Ele parece constrangido quando eu não pego a bebida, mas chacoalha, perfura o lacre com o canudo e bebe um pouco, acena sorrindo e me oferece mais uma vez.

— Você gosta, não gosta?

Fico olhando para a sua mão sem acreditar, ele acabou de beber e quer que eu beba também?

Os segundos se estendem, até ele finalmente recolher a mão.

— Hm... Me desculpe, não queria te incomodar, eu só achei... Você não está bebendo refrigerante, não está bebendo nada... Deixa pra lá.

Ele começa a levantar e eu seguro a sua mão sentindo mais uma vez aquele mesmo formigamento do primeiro dia, ele me olha surpreso  e no momento que pego a caixinha da sua mão sorri, como sempre acontece quando o vejo sorrindo o meu coração dá um pequeno salto e acelera, isso é ridiculo!

— Obrigado!

Ele continua sorrindo abaixado na minha frente vendo eu beber o Ovomaltine como se fosse a coisa mais interessante do mundo, ele podia pelo menos tentar puxar conversa, sei lá... Mas nós não temos nada em comum, absolutamente nada, então seria uma conversa muito curta.

— Ohm? Ah, vocês estão aí!

O Chimon se abaixa ao lado dele e passa o braço pelo seu ombro, o que deve ser no mínimo desconfortável já que o cara é mais alto, mesmo abaixados não fica legal, ele devia parar com essas merdas com o cara novo.

— Você estava dormindo?

Passo a mão no rosto e no cabelo que devem estar um lixo, enrolo o fone e aceno confirmando.

— Ele não é sempre assim, Ohm, só está de mau humor porque tem que acordar cedo pra vir trabalhar.

Sério isso Chimon? Vai ficar falando de mim como se eu não estivesse aqui?

Ele finalmente tira o braço do ombro do cara e senta ao meu lado.

— Ele mora aqui perto, não é muito perto, mas dá pra vir andando, então junta duas coisas que ele odeia, acordar cedo e fazer atividades físicas, e dá nisso.

O Chimon aponta pra mim como se tivesse realmente alguma coisa pra ver, eu tento ignorar senão o meu humor só vai piorar.

— Aonde você conseguiu isso?

Ele tenta pegar a bebida da minha mão, mas eu não deixo, bebo rápido com o coração acelerado, tento me convencer que foi porque o Chimon me pegou de surpresa querendo roubar o meu ovomaltine e não pelo sorriso do cara novo.

O Chimon ignora o que eu acabei de fazer e conversa com o cara sobre a rotina dele, acorda cedo pra ir na academia, volta pra casa, toma banho e vem trabalhar, ele parece gostar de uma vida sem muitas complicações.

— Ei, Ohm, acho que você passa perto do apartamento do Nanon quando está vindo pra cá, porque você não dá carona pra ele?

— O que?

— Claro!

Nós falamos ao mesmo tempo e o Chimon bate na minha perna.

— Você vai poder dormir um pouco mais e vocês vão poder se conhecer, quem sabe não acaba com esse clima estranho.

Quero dizer que não tem clima nenhum aqui, mas sei que ele está certo, alguma coisa nesse cara me incomoda, ele é animado demais, amistoso demais, popular demais... E me olha demais... Apesar que essa última parte pode ser coisa da minha cabeça.

O cara novo levanta e estende a mão pra mim, olho para ela por alguns segundos e resolvo aceitar a ajuda, não quero o Chimon tagarelando sobre isso também.

Aquele formigamento se espalha da minha mão para o meu braço, é uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo muito boa. Sem soltar a minha mão o cara vira e começa a caminhar falando.

— O meu celular ficou no armário, vamos lá pra você me passar o seu endereço e o número do seu telefone.

— Você não precisa fazer isso, o Chimon as vezes força a barra, é só ignorar.

Ele para de andar e parece chateado.

— Eu posso fazer isso... Você não quer carona?

Quero dizer que não precisa, porque as coisas só vão ficar mais confusas, mas esse olhar triste...

— Tudo bem, vamos lá.

Mais uma vez o meu coração acelera com o seu sorriso, eu tenho que parar com essa merda, nem conheço o cara!

— Você está gostando?

— O que?

O cara olha para trás e os nossos olhos se encontram, se eu não me conhecesse poderia acreditar que estou apaixonado, mas não por esse cara, ele não tem nada a ver comigo.

— Você está gostando de trabalhar nessa série?

Eu esqueço da sua pergunta no momento que ele abre a porta e solta a minha mão, abro e fecho os dedos algumas vezes esperando o formigamento passar, quando para eu só sinto vazio...