Cute Cute (Parte 1)

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"Não sei por que te acho tão cativante.
É porque estou me apaixonando?"
Cute Cute

Chegamos na escola e o Ohm procura por um lugar para estacionar, no fim essa história de carona vai ser bom, porque a empresa fica perto do meu apartamento, mas os outros locais de gravação nem tanto.

Passar mais tempo do Ohm é muito bom, mesmo que seja dentro do carro, ele tem uma mente interessante, a forma como vê o trabalho e planos para o futuro é diferente dos outros caras da nossa idade, muito parecido com como eu penso.

Ele para o carro e olha o relógio.

— Acho que chegamos muito cedo, ainda faltam 15 minutos, quer entrar?

— Vamos esperar um pouco.

Ele sorri, tira o cinto e vira pra mim.

— Você está bem?

— Eu?

Tiro o meu cinto e viro para ele também.

— Você parece estranho... Não sei explicar... Está calado, as vezes se irrita sem motivo, se afasta, me afasta...

Eu penso nisso, mas se está acontecendo eu não tinha percebido.

— Nós estamos bem?

— Claro!

Ele fica me encarando sem dizer mais nada, quando percebo estamos muito próximos um do outro, isso acontece as vezes, é como se algo forte e incontrolável sempre acabasse nos atraindo um para o outro. Queria ter coragem de beijar ele, queria que ele tivesse coragem de me beijar, porque eu tenho quase certeza que ele também quer isso, mas... Como sempre acontece ele disfarça e se afasta, isso é frustrante, por isso eu não tenho coragem de fazer o que quero porque não tenho certeza sobre o que ele quer e tenho medo de perder tudo se estiver errado.

— Vamos ao cinema?

Ele me olha surpreso e eu tento não voltar atrás, amigos podem ir no cinema juntos, não tem nada demais nisso. Depois de um tempo ele acena concordando.

— Quando?

Eu penso sobre isso, tem que ser um dia tranquilo, não que sejamos super populares, mas sempre existe o risco de encontrar algum fã.

— Vamos esperar um dia que não tenha gravações a tarde.

Ele pensa por um momento, acho que deve estar lembrando da nossa agenda, eu sei o que ele logo vai descobrir, as nossas tardes estão cheias pelas próximas semanas.

— Podemos assistir alguma coisa... No meu apartamento...

Mais uma vez ele não esconde a surpresa, depois daquele dia o Ohm não voltou mais no meu apartamento, como sempre estamos de carro estacionar não é bem uma opção. Aquele dia não sai da minha cabeça, o jeito que ele respondeu quando eu disse que ele podia ficar a vontade, como eu não percebi na hora? Parece que aquela pergunta sempre volta pra me assombrar "Posso mesmo?", o que ele quis dizer com isso?

Nos assustamos com as batidas na janela, olhamos para o lado o Drake e o First estão tentando abrir as portas, mas o Ohm ainda não destravou, atrás deles o Chimon observa tudo muito sério, viro e aperto o botão da trava no painel e quando vou abrir a porta o Ohm segura o meu braço.

— Vamos fazer isso! Assistir um filme... Hoje!

Ele parece decidido, era de se esperar que estivesse animado, mas ele parece mais alguém com um propósito. Será que eu estou tentando ver coisas demais aqui? Não, tenho certeza que esse sentimento não é unilateral.

O Drake abre a minha porta me puxando pra fora e o First faz o mesmo com o Ohm, no momento em que o abraça o meu humor vai embora, percebo que o Ohm olha pra mim, mas não estou com saco pra ficar fingindo que está tudo bem quando não está, então vou até o Chimon que apenas acena pra mim e me segue.

Sabia que gravar em grupo seria uma tortura por causa das brincadeiras sem fim que acabam atrapalhando e fazendo a gente repetir a mesma cena mil vezes, mas a tortura consegue ser maior ainda por eu ter que ficar vendo o Ohm e a "namorada", ele poderia parecer menos com um namorado e mais com um ator que está sendo obrigado a fazer o que não quer, até a porra de um refrigerante ele abriu pra ela no intervalo! Pra que? Ela não tem mão?

Estamos gravando a cena que a Orange conta que é namorada do Highlight, o Ohm que já é naturalmente fofo consegue ficar mais fofo ainda tentando agradar ela, porque se esforçar tanto?

— Corta! Tudo bem pessoal, vamos fazer uma pausa.

Eu não espero dizerem de novo, levanto rápido e vou procurar um banheiro. Como eu sei que o banheiro da quadra de esportes vai encher evito ele e vou para o primeiro pavilhão, é sábado e não tem aula, então estamos sozinhos na escola.

Entro no banheiro e vou até a pia, lavo as mãos e jogo um pouco de água no pescoço, esse calor infernal não ajuda em nada! A porta abre e eu olho irritado, já vim pra cá pra ficar sozinho, quem teve a mesma maldita ideia de...

Ele fica parado na porta me olhando, estou cansado disso, não saber o que ele está pensando. O que ele quer? Porque está aqui? Será que é coincidência ou ele me seguiu? Porque não diz nada?

O Ohm começa a se aproximar devagar, mas eu não me mexo, se ele não entrega nada eu também não vou facilitar. Quando para na minha frente eu continuo na minha, mesmo com o coração acelerado. Com mais um passo ele fica muito mais perto do que deveria, olho para baixo e vejo que ele encaixou o pé direito entre os meus pés para poder ficar onde está. Olho para cima sentindo a sua respiração, o seu cheiro me preenche e me puxa na sua direção, mas eu resisto com todas as minhas forças. Ajudaria se ele dissesse alguma coisa pra eu saber que não estou entendendo tudo errado.

Ele volta a se aproximar devagar e isso esta matando, se ele vai fazer, que faça de uma vez!

Finalmente o seu nariz toca o meu, por um momento eu penso em acabar com isso e beija-lo, mas eu quero que ele faça e pare com os sinais confusos. Os nossos olhos continuam presos um no outro e o meu coração agora bate tão alto que tenho certeza que ele está ouvindo. Ele pisca duas vezes, na terceira vez os seus olhos permanecem fechados, um leve formigamento corre pelos meus lábios quando tocam os dele levemente, o meu coração acelera mais ainda e o meu corpo parece energizado, como se eu tivesse tomado muita cafeína. Está acontecendo, o que eu esperei desde que o conheci, o que eu sonhei noite após noite desde que aceitei que estava apaixonado, o que anseio cada segundo que passo ao lado dele, nós vamos...

Nos assustamos quando a porta abre e nos afastamos rápido.

— Vocês estão aqui! O que estão fazendo?

O Chimon nos olha desconfiado, eu não sei o que dizer porque ainda não me recuperei da sensação dos lábios do Ohm nos meus, ele não me beijou, mas a intenção foi clara, agora eu tenho certeza, ele também sente alguma coisa.

— Eu estava ajudando o Nanon com o cabelo.

O Ohm sorri pra mim e vai pro mictório, sei que é bobagem, mas quando ele abre o zíper do calção eu desvio o olhar, não é a primeira vez que ele faz isso na minha frente, mas agora tudo mudou.

— Estão chamando, vão começar a gravar novamente.

Eu concordo indo até a porta, esperamos o Ohm lavar as mãos e saímos do banheiro. Vamos caminhando devagar enquanto o Chimon fala sobre uma fase que temos que passar no jogo, o Ohm faz várias perguntas pra ele, parece realmente interessado, já eu, mal consigo prestar atenção na conversa com sua mão tocando na minha sempre que ele movimenta os braços.

De repente ele olha pra mim e para de sorrir aos poucos, a sua mão toca a minha mais uma vez, mas dessa vez demora um pouco mais para se afastar.

— Ohm?

Ele se afasta e vira para o Chimon, isso me irrita, mas eu tento me segurar, essa noite ninguém vai nos interromper, a noite seremos apenas nós dois no meu apartamento.

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