O Brinquedo do Bruxo

05- Sem volta

- Argh!

Acordei assustada com o papa jogando um balde de água na minha cara.

Por um breve momento achei que o que tinha acontecido seria só um sonho muito estranho que tive.
Desejei que fosse só isso...

Mas ao acordar dessa forma e logo em seguida já ver esse desgraçado me lembrou que foi tudo real.

- Já dormiu o bastante aberração!

Eu sinceramente não tenho ideia de quanto tempo se passou.

Só sei que meu corpo está acabado, nunca me senti tão cansada em toda minha vida.

- Por que vc tá fazendo isso? O que você quer? Eu já disse que não sou nenhum demônio!

Ele se aproximou da cama pegou no meu rosto e foi aproximando ao dele.

Quando chegou bem perto, ao ponte de eu poder sentir sua respiração no meu rosto.

Ele olhou no fundo dos meus olhos por um tempo, e logo em seguida me jogou pro lado.

Só depois disso eu percebi que meus pais também estavam no quarto.

- Mãe. Mãe por favor me ajuda.

Ela me olhou com um olhar de preocupada.

- Por favor mãe, me tira daqui. Eu não aguento mais isso. Meus braços já estão todos feridos e minha bunda....

Assim que falei isso como um gatilho, senti todas as dores que até então tinha esquecido.

- Aahhh! - isso dói, é uma mistura de queimar e arder, e agora eu tenho certeza absoluta que está tudo cortado.

Lembro do sangue sobre o lençol e desesperadamente olho em volta.

Percebo que não estava mais lá, nem sangue nem o meu vestido, ambos lençol e minhas roupas foram trocadas.

- Mãe, por favor me ajuda.... Isso dói demais - digo com lágrimas em meus olhos, só o pouco que me mexi foi o suficiente pra sentir os cortes na minha bunda.

Minha mãe parece tentar ir em minha direção, mas meu pai a para no meio do caminho.

- Querida... Não é mais nossa filha... A nossa princesinha já se foi... Lembra do que o papa disse?

- Mas ainda é o corpo dela.... E se ela voltar um dia? Como poderia viver com o corpo todo marcado?

- Não se preocupem, pelo que posso ver o demônio é muito forte, e não está disposto a larga-la por nada.

- Não.... - disse minha mãe colocando as mãos no rosto e começando a chorar.

Meu pai ao lado dela rapidamente a abraça, numa tentativa de consola-la.

- Mas, eu ainda tô aqui gente, por que vocês estão agindo assim? - pergunto mesmo sabendo que não me dariam ouvidos...

- Silêncio diabo, ainda não percebeu que não vai a lugar nenhum com suas mentiras.

- Mas eu não estou mentindo....

Fui completamente ignorada por todos

- Papa, o que o senhor sugere que façamos agora? - perguntou meu pai com um rosto desesperado.

- Infelizmente meu filho, não temos outra escolha....

- Não... - falou minha mãe se soltando do abraço do meu pai e indo em direção ao papa.

- Por favor sua santidade, por favor salve minha menina. - implorou minha mãe se ajoelhando aos pés do papa e agarrando em sua bata.

- Me desculpa minha filha, mas eu já tentei de tudo, agora só nos resta uma opção...