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ɪʟʟɪᴄɪᴛ ᴀғғᴀɪʀs; percabeth

❝I've never felt so alone❞

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❝I've never felt so alone❞


Quando eu era pequeno, eu tinha apenas um sonho: construir a família que eu nunca tive. Ser o pai que eu nunca tive e o esposo que minha mãe perdeu. Poseidon morreu quando eu era muito novo, em um acidente de carro. Hoje em dia sei que Sally, minha mãe, ficou devastada mas na época não foi o que pareceu.

Tudo bem, eu tinha quatro anos, mas sempre fui uma criança perceptiva. Minha mãe costumava brincar, dizendo que era o meu superpoder. Mas, para mim, ela era a heroína. Sally largou a faculdade e passou a trabalhar em dois empregos, um de manhã e outro de noite. Eu não a via muito durante o dia, e, sim, eu sentia falta, mas no fundo eu sabia que era para o meu bem.

Aos nove anos, Gabriel Ugliano apareceu. Ele odiava seu nome então fazia todos os chamarem de Gabe. Mas eu, secretamente, o chamava de Gabe Cheiroso como uma forma de caçoar o fedor de peixe podre e roupas sujas que ele exalava. Ele era um merda, com todas as letras. Minha mãe fingia que não tinha nada acontecendo, mas eu sabia que ele a espancava enquanto eu estava na escola. Até pensei em chamar a polícia uma vez, mas fui descoberto antes e tive que presenciar minha mãe em prantos, implorando para que eu não o denunciasse.

Foram três anos nessa tortura até que eu não aguentei mais. Arrumei as nossas malas em uma noite que Gabe estava fora em um dos seus jogos sujos de pôquer no bar, enfiei minha mãe em um táxi e a levei para a delegacia da mulher. Não demorou muito para eles comprovarem as agressões de Gabe. Eu queria que aquele desgraçado fosse preso, mas o que foi apresentado não foi o suficiente para um caso no tribunal. Obriguei minha mãe a conseguir, pelo menos, uma ordem de restrição para garantir que ele não respirasse mais o mesmo ar que ela. Eu nunca tinha me colocado contra as decisões de Sally, mas estava fazendo aquilo pelo bem dela. Pelo nosso bem.

Nos mudamos de Long Island para Manhattan, e lá fizemos a vida. Ou, tentamos, pelo menos. Consegui terminar a faculdade comunitária com muita dificuldade, já que tive que conciliar dois empregos enquanto estudava para ajudar minha mãe a pagar o nosso pequeno apartamento no Upper East Side. Mas nós sobrevivemos.

No fim das contas, mamãe acabou encontrando alguém. Paul Blofis. Eles se conheceram na reunião da faculdade já que Paul era meu professor de inglês. Ele sim, era um bom homem. Tratava minha mãe com o carinho e amor que ela merecia. Do casamento deles, saiu a maior preciosidade da minha vida, Estelle – ou Estrelinha, como eu gostava de chamá-la. Minha irmã mais nova foi o primeiro suspiro de ar fresco que eu tive na minha vida depois de tanta escuridão.

Eu queria ter morado mais tempo com eles, mas minha mãe e Paul decidiram que seria melhor para Estelle crescer em um lugar um pouco mais afastado da cidade grande e se mudaram de volta para Long Island.

Foi nessa época que conheci Calipso Ogygy. Ela se tornou o meu mundo e, como um vendaval, abalou todas as estruturas que eu tinha construído na minha vida. Duas semanas depois de termos nos conhecido na festa de ano novo de um conhecido em comum, nós estávamos namorando. Quatro meses depois eu me vi ajoelhado na frente dela, pedindo-a em casamento.

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