Lacídia: Trilhas do Submundo [Livro.I]

V - Sed non Satiata

"Uitniphai uoh nêiruhoh hohz kêaz amu Itênnu vênitile, iegaule u Égnuccu hê Heaz."

--- Lema de Heazland

꧁༒☬_________V_________☬༒꧂

꧁༒☬_________HEAZLAND; 2120_________☬༒꧂

ℌ𝔢𝔞𝔷𝔩𝔞𝔫𝔡, a região mais fria da tríade. Surgiu com Farávia após o golpe de estado de Lacídia. A região é altamente cristã, por isso esse nome. Por idolatria, acreditam que ali se expressa o reino de Deus, e com o molde da língua de Lacídia, conseguiram adaptar para a "linguagem e percepção" ideal para o país. O nome é união de duas palavras: "Heaz" ("Deus" na língua de Lacídia) e "Land" ("terra ou lugar" em inglês/alemão), literalmente "Terra de Deus".

Embora seja o maior país entre os três, ele tem o problema de estar perto de uma "cordilheira", o que deixa o ambiente mais frio ainda. Estrategicamente, Lacídia não pegou boa parte do território de Heazland por causa disto: não gera produtividade na economia, propenso a desastre natural e fica inviável receber almas de outras regiões, como em Farávia, por exemplo.

O país se destaca pelas suas ferrovias tradicionais, algo estabelecido há muito tempo. Os trilhos de madeira vernizados brilham diante da luz do sol com um vento gélido. Alguns dias depois, Michelle retorna à Heazland ao lado do seu comandante Coruja e outras pessoas do exército com patente superior. A viagem de trem tem sido o tempo todo monótona, mesmo se acostumando com o frio e o ambiente de neve. Sentados um de frente para o outro em um vagão, ela e Coruja conversam.

— Meu senhor.

— Sim, missionária.

— Quais as chances da história se repetir? Me revolta saber que um país que era tão próspero antes do apocalipse se tornou o que tornou. Tem alguma ideia disso?

— Eu queria saber mais sobre isso, mas o governo não deixa. Além disso, se souberem que eu sei, eu não estaria aqui agora.

— E pensar que até o governo daqui é do mesmo jeito. Tudo isso para evitar conflito interno no país.

— Aliás, conseguiu falar com Dreed sobre a carta?

— Ele estava no submundo.

— Sério?! — Ele exclama, quase se levantando da poltrona. — Era a sua chance! Por que não deixou lá?

— Estava aquela mulher... menina... sei lá. Queria que ficássemos a sós.

— A carta ainda está com você?

— Sim, Senhor.

— Pelo Amor de Cristo... na próxima vez, entrega, estando aquela garota ou não.

— É difícil. Espero não pisar nunca mais em Lacídia.

— Se quiser aprender a fazer negócios, vai ter que se acostumar. — O trem para na estação exclusiva de Heazland. — Chegamos, agora tenha foco no trabalho.

Eles e os outros são recebidos com outras pessoas de outras patentes iguais e superiores. Fazem o sentido e continuam andando. Em meio à leve nevasca do lugar, Heazland tem uma arquitetura mais tradicional de maneira geral, para se parecer o mais retrógrado possível na época de Cristo, porém sem abandonar a tecnologia e a situação política do lugar.

O que não falta são casas e comércios construídos totalmente de madeira, o resto sendo de concreto mais moderno possível. Dirigir na estrada é difícil nessa época devido à neve acumulada e pelo atraso dela secar. Nesse momento, o país está em estabilidade após uma crise econômica e pretende progredir após longas decisões entre ministros e prefeitos de cada estado.