Capítulo 4

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Balavic em Paris? Siiiiiiim 😍

Voltei, vidas. E voltei com um capítulo enormeeeeee 🧡

Espero que vocês gostem e tenham paciência com as meninas 🥺

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“Cinco dias depois”

Hande teve que embarcar primeiro para a Turquia, onde mentiu para a imprensa sobre o seu destino após o campeonato, já que não fazia sentido algum ela ir para a Sérvia.

Ao chegar em casa, ela deu de cara com a sua irmã, jogada no sofá.

- Não estou nem um pouquinho surpresa...- revirou os olhos, chamando a atenção da Baladin mais velha.

- Han! – correu para abraçá-la. – Eu estava morrendo de saudades suas, sua ingrata!

- Eu também estava com saudades, irmã. – a apertou em seus braços, a soltando em seguida.

- Como é que ela está? – se referiu a Mirna.

- Acho que a uma hora dessas já deve estar na casa da Tijana. – respondeu, se jogando ao lado da irmã. – Vou para a terapia daqui a pouco e depois vou para lá.

- Você vai ter uma surpresa com o jardim! – Eda sorriu. – Por falar em Tijana, como foram as coisas? Foi muito constrangedor?

- Não. A família dela é bem acolhedora...

- Você tem essa sorte. – pontuou.

Houve um momento de silêncio.

- Nós conversamos. – Hande o quebrou.

- Conversaram sobre aquilo que não deve ser nomeado? – perguntou preocupada.

- Aquilo já pode ser nomeado, Eda. – sorriu para ela. – Ela esclareceu tudo e me fez entender o lado dela da história.

- Que é...

- Ele não aceitava o fim do namoro e pediu para ela esperar até eles se encontrarem novamente. – explicou. – Ela não conseguia encontrar um modo de me contar e deu no que deu.

- Foi isso que aconteceu? – devolveu incrédula.

- Sim, irmã. – se levantou do sofá. – Agora, eu preciso ir. Já estou atrasada com a terapia.

- Mas Hande...

A turca saiu correndo escada acima, antes que sua irmã resolvesse insistir mais no assunto.


(...)


- Finalmente o dia do nosso encontro chegou. – pontuou Azia, assim que a turca entrou no consultório. – Sinta-se a vontade.

- Não faz tanto tempo assim. – tentou desconversar, deitando no sofá marrom.

- Foram dez dias, Hande. Quando nos falamos, você estava com receio de enfrentar um adversário difícil. – a lembrou. – O que houve depois disso?

- Eu não sei se você vai gostar de saber...- disse envergonhada.

- Me fale apenas quando se sentir a vontade. – Azia a acolheu. – Não temos pressa alguma, está bem?

Hande sorriu para a sua psicóloga, se agradecendo por ter tomado aquela iniciativa de procurar ajuda psicológica e agora elas estavam há um ano juntas, nas sessões.

- Mirna sofreu um atropelamento. – disse de uma vez. – E eu fui até a Servia visitá-la.

- Mirna é a avó da Tijana, não é? – indagou, apenas para confirmar um ponto.

- Sim. – respondeu cabisbaixa.

- Lembre-se que eu não estou aqui para julgar você em nenhum momento. - voltou a tranquilizá-la. – Quando aconteceu?

- Dois dias antes da final do campeonato.

- Como você se sentiu assim que soube da notícia? Aliás, como soube?

- Eu liguei para o celular dela, assim que a partida havia acabado e nós já estávamos no quarto. – explicou. – Quem atendeu foi a Dajana e me disse tudo.

- Como você se sentiu? – voltou a insistir.

- Eu tive vontade de largar tudo e entrar no primeiro avião que eu conseguisse. – desabafou. – Mas a minha amiga me pediu para esperar ter notícias e eu esperei. – Continuou. – Assim que o campeonato acabou, eu aluguei um jatinho e fui para a Sérvia.

- Você alugou um jatinho? – indagou, anotando em seu bloco.

- Era a única forma de chegar lá mais rápido. – se defendeu. – Quando cheguei lá, só tive tempo para conseguir pegar um táxi no aeroporto e correr para o hospital em que ela estava.

- Quem estava lá?

- Toda a família Boskovic. – sussurrou.

- Ela estava lá? – Azia se referia a oposta.

- Sim, assim como os outros. – pontuou.

- Você quer falar sobre ela, ou paramos por aqui? – a psicóloga quis saber o limite de sua paciente.

- Eu pensei que fosse diferente vê-la novamente, mas eu não sei descrever o que eu senti. – disse. – Eu esperava sentir raiva dela, como estava acostumada a sentir sempre que nos reencontrávamos nas partidas, mas ela parecia tão fragilizada...

- Você sentiu pena dela? – quis saber.

- Não! – respondeu rapidamente. – Ela me disse a mesma coisa, que eu estava apenas com pena dela, mas eu não estava.

- O que estava sentindo?

- O que todo mundo estava sentindo...- justificou.

Azia fez uma pausa momentânea.

- Hande, o que você estava sentindo. – frisou o “você”.

A turca mais nova travou.

- Se não quiser falar, tudo bem. – a lembrou carinhosamente.

- Eu senti medo de que algo muito grave pudesse ter acontecido com a Mirna. – explicou. – Mas não senti apenas medo por mim e sim por ela.

- Você teve medo de que a Tijana pudesse perder a avó. – constatou Azia.

- Ela significa o mundo para ela e eu não quero nem pensar o que seria dela, caso o pior tivesse acontecido. – confessou.

Ázia anotou em seu bloquinho.

- Hande, o que foi fazer na Sérvia? – perguntou e a garota a olhou sem entender.

- Ázia, eu acabei de explicar...

- Certo. Esse foi um dos motivos. – assentiu. – Qual foi o outro?

Hande teve vontade de levantar e ir embora e quase o fez, mas precisava colocar tudo para fora.

- Eu precisava saber como ela estava e não sabia de outro modo para entrar em contato com ela. – explicou. – Claro que eu queria ver a Mirna, mas não foi apenas por isso.

- Me lembro que na última sessão, você falou bastante sobre ela e de como sentia falta dela nos jogos...

- Eu sinto falta dela em todos os momentos. – a interrompeu.

Ázia refletiu sobre aquilo e voltou a anotar.

- Nós conversamos e ela me explicou tudo...

- Explicou? – a interrompeu interessada, já que aquele seria um grande progresso de sua paciente.

- O garoto não aceitava o fim e pediu para que ela esperasse por ele. – disse. – Não estavam juntos, de fato.

- Você não me parece tão feliz por saber disso. – pontuou.

- Uma simples conversa, teria anulado toda a indiferença. – observou Hande.

- O que te faz pensar nisso?

- Que, mesmo se eu soubesse a verdade, tudo teria acontecido do mesmo jeito. – explicou. – Ela mentiu pra mim!

- Ela não mentiu para você. Na verdade, houve uma omissão de fatos. – explicou a psicóloga. – Isso não anula a sua mágoa, Hande. Mas nós entendemos que não é pior do que uma traição em si. Também não estou dizendo para você dar pulos de alegria por não ter sido traída, porque isso é o mínimo, mas o problema é um pouco menos complexo do que parece.

- Ela também está magoada, porque eu duvidei da índole dela...

- Ela jogou isso contra você? – perguntou preocupada.

- Pelo contrário. – sorriu ao lembrar. -  A irmã dela pediu que eu me afastasse, porque a situação poderia fazer mal a nós duas, mas a Tica discordou e disse que a única culpada de tudo era ela.

Ázia sorriu e anotou.

Hande suspirou profundamente.

- Ázia? – a chamou. - O que eu devo fazer?

- Você já sabe o que fazer e está esperando por um validação minha. – argumentou. – Tente ir aos poucos e respeitando o seu espaço, Hande. Lembre-se de que paciência é uma virtude.

- Você tem razão. – sussurrou.

- Como será a volta para o clube? – mudou de assunto.

- Ainda tenho um mês e meio para me recuperar. – respondeu – Não vou poder jogar no início da temporada de clubes.

- Está confortável em voltar?

- Eu tenho que voltar. – rebateu.

- Você não me parece muito animada com isso. – a olhou desconfiada. – Estou certa?

- Algumas jogadoras saíram e outras chegaram, e eu só não estou tão sociável como gostaria.

- Não tem nada relacionado com a Tijana?

- Sim. – falou baixinho. – Não sei se estou pronta para vê-la sempre novamente.

- Vocês se viam toda hora porque eram namoradas, Hande. Antes de serem namoradas, eram amigas. Quero que tenha em mente que não é essa a situação que está esperando por você. – pontuou Ázia. – Consegue me entender?

- Sim. Agiremos como profissionais que somos e não teremos tanto contato.

- Não quer voltar ao menos a ser amiga dela?

- Ela tem um namorado. – respondeu amargamente. – Eu não suportaria a ideia de vê-la beijando outro. Consegue se lembrar de quando eu descobri o namoro? 

- Tivemos que ter duas sessões por semana! – se lembrou. – Não queremos que você regrida no tratamento...

- Eu não vou regredir. – a tranquilizou.

- Me avise, se precisar ter duas sessões por semana. – a observou. – Hande...

- Vai ficar tudo bem, Ázia. – tentou sorrir pra ela.

- Você continua tomando a medicação?

- Continuo. – garantiu. – Sem mais ataques nervosos...

Ázia anotou em seu bloquinho.

- Quanto as tempestades? – perguntou.

- Eda estava comigo na última vez, há dois dias. – respondeu.

- Eda conseguiu sempre acalmar você, não é?

- Tijana também fazia isso. – pontuou.

Ázia refletiu e anotou.

- Olha, um ponto importante esse. – sussurrou. – Como você se sentia?

- Como se o mundo pudesse acabar e eu ficasse protegida por ela. – desviou o olhar. – É como eu me sentia.

Ázia anotou mais uma vez e deu continuidade a sessão com a turca, que durou um pouco mais. Hande estava satisfeita por poder conversar com a sua psicóloga, depois de tanto tempo. Ela era a única que pessoa que não tinha receio de falar a realidade para a ponteira e ela engolia em seco e aceitava tudo. Um dia, tudo aqui lo mudaria, e ela torcia para que fosse rápido.


(...)


Na casa de Tijana, Mirna reclamava de que a turca estava demorando muito.

- Estamos atrasadas para a fisioterapia! – reclamou, assim que a turca atendeu.

- Me desculpe, Mirna. Eu estava na terapia. – lamentou.

- Tudo bem, meu amor. Não está mais aqui quem falou. – se acalmou. – Como foi na terapia?

- Está tudo caminhando bem. – assegurou. – O meu motorista está chegando aí para buscar você, ok?

- Para onde iremos? Eu pensei que a fisioterapia fosse aqui...- indagou, confusa.

- Vamos fazer o nosso tratamento no clube. – disse animada. – Dá pra acreditar?

- No clube que vocês jogam? – perguntou desacreditada. – Como conseguiu isso?

- Digamos que o papai ajudou um pouco. – deu de ombros. – Preciso desligar agora, ou não vou conseguir chegar a tempo, ok?

- Tudo bem. Te espero por lá. – rebateu. – Um beijo.

- Beijo. – ela imitou o som do beijo, antes de desligar.

A oposta chegou a sala, vestida com o seu uniforme para o treino.

- Eu devia ter dito a Hande que não iria precisar de motorista. – lamentou Mirna. – Você poderia me dar uma carona.

- Carona para onde, vovó? – a olhou confusa. – Eu pensei que a senhora já estivesse fazendo fisioterapia agora...

- Hande vai me levar ao clube. – explicou.

- Hande vai levar a senhora para qual clube? – rebateu sem entender. – Eu pensei que a fisioterapia fosse em casa.

- Vamos ao Eczacibasi! – exclamou, animada.

- O quê? – perguntou incrédula.

- Hande disse que o pai dela deu um jeito. – explicou. – E nós vamos para lá.

- Claro que o pai dela daria um jeito, vovó. Ele é dono de parte do clube! – observou. – Um tratamento como o seu pode custar uma pequena fortuna!

- Que bom que eu ganhei, então! – sorriu animada.

- Não ganhou, não. Eu faço questão de pagar por tudo...

- Você não vai fazer questão de pagar nada, mocinha! – a repreendeu. – Ela apenas quis fazer uma gentileza e eu vou aceitar.

- Mas vovó...- tentou argumentar.

- Pegue o dinheiro que usaria e dê para uma instituição de caridade. – sugeriu e ouviu a buzina do carro, ao lado de fora da propriedade da neta. – É o motorista e eu preciso ir.

Tijana encarou a cena, completamente perplexa. Ela falaria com Hande e aquela conversa não iria demorar muito para acontecer.

(...)

Love Story (Season two)Onde histórias criam vida. Descubra agora