Capítulo 3

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Oi, vida. Voltei 🧡

Demorei? Sim. Mas, em minha defesa, o capítulo está bem maior, então estou isenta de 30% da culpa 🤧

Espero que gostem 🧡


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O dia havia amanhecido lentamente e Hande tinha conseguido voltar a dormir na poltrona, que mal a cabia. Quando ela abriu os olhos, deu de cara com a senhorinha sorridente.

- Vocês têm as pernas muito compridas, minha filha. Por isso ficam tortas...- argumentou.

Hande se levantou e tomou cuidado com o pé lesionado, para que não o machucasse ainda mais.

- Essa poltrona é minúscula! – reclamou. – Até se eu fosse baixinha, estaria dolorida, Mirna.

Ela sorriu.

- Tem razão. – concordou. – Você acha que a Verna vai demorar muito? Eu preciso tomar banho...

- Eu não faço a mínima ideia. – disse. – Mas eu posso ajudar a senhora.

- Eu não vou ficar pelada na sua frente!

Hande gargalhou.

- Está com vergonha de mim? – a provocou.

- Não sou eu a Boskovic que você quer ver pelada...- a provocou de volta.

- Mirna! – a repreendeu, sentindo as bochechas esquentarem. – A senhora joga baixíssimo!

- Não tenho culpa se a minha neta tem um corpo escultural. – deu de ombros.

- Tem mesmo.- suspirou lembrando. – São braços excepcionais...digo, são ótimos para o ataque.

- Ataque a sua cintura?

- Mirna! – cruzou os braços, emburrada. – Eu vou deixar você tomar banho sozinha!

- Não vai, não. – a contrariou. – Venha e me ajude.

- Nós não precisamos de uma enfermeira ou algo assim? – perguntou com dúvida se não tinha algum auxílio.

- Não, meu bem. Nós podemos sozinhas. – a respondeu. – É muito simples.

Hande a olhou desconfiada e a guiou até o banho.

- Não olhe muito para mim, ou você irá ficar apaixonada por uma Boskovic novamente. – brincou.

- Eu devia largar você na banheira...- resmungou, a ajudando a tirar a roupa.

As duas finalizaram o banho entre provocações e resmungos, até Mirna estar devidamente vestida. Hande penteava os cabelos dela, quando Verna e Dajana apareceram.

- Bom dia, queridas! – a mais velha sorriu. – A senhora já tomou banho?

Ela questionou e a mulher se fez de desentendida, sobrando para a turca explicar.

- Sim. – respondeu. – Não queríamos sobrecarregar você...

- Alguma enfermeira ajudou vocês? – foi a vez de Dajana perguntar.

- Não. A Mirna disse que não precisava...- respondeu e as outras duas mulheres encararam a senhora.

- Mamãe, você deveria ter chamado a enfermeira. – a repreendeu. – Não pagamos uma fortuna neste hospital para que a senhora negue atendimento. – continuou. – E ainda fez a Hande ter trabalho...

- Não foi trabalho algum, senhora. – tentou defender Mirna.

- Hande, mamãe enrola você e a Tica sempre que pode. – constatou. – Mamãe, nós já conversamos sobre isso, não?

- Eu não queria a ajuda das enfermeiras! – rebateu.

- É para isso que elas estão sendo pagas, querida. – amenizou o tom de voz.

- Não quero! – esbravejou. – Prefiro ir para casa!

- Terá uma enfermeira na sua casa, de qualquer forma...- pontuou Verna, pacientemente. – Além disso, a senhora abusou da boa vontade da Hande, que está exausta por não ter dormido direito.

Hande olhou para as duas, sem saber o que dizer para apaziguar a situação.

- Mamãe, não deixe a Hande constrangida. – interviu Dajana. – Eu aposto que não foi o maior esforço do mundo que ela fez.

- Não foi...- a turca se apressou em falar.

- É por isso que a mamãe é assim. – reclamou Verna. – Vocês todas a acobertam!

Mirna sorriu para as duas meninas.

- Não adianta sorrir, mamãe. A senhora terá acompanhamento, quer queira, quer não. – Verna adiantou.

- Coloque uma enfermeira em minha casa e verá o que acontece! – repreendeu a filha. – Já não me bastava aceitar um segurança, agora terei de ter uma enfermeira?

- Mamãe...

- Eu posso ajudá-la. – disse Hande. – Também irei precisar de fisioterapia, então...

- Você está machucada, meu bem. Não quero piorar a sua situação. – lamentou Verna.

- E se eu também ajudasse? – sugeriu Dajana. – Eu posso fazer o trabalho pesado e a Hande pode me ajudar.

- Mas as enfermeiras...- tentou uma última vez.

- Mamãe, por favor. Seja maleável, sim? – pediu Dajana.

Verna suspirou derrotada.

- Eu vou falar com o médico, antes que vocês todas me enlouqueçam! – resmungou, se retirando em seguida.

- Agora eu sei de onde vem a teimosia da Tica. – constatou Hande. – E você, mocinha, nós quase ficamos encrencadas por sua culpa!

- Eu não quero enfermeiras! – exclamou, cruzando os braços.

- Se a senhora não fosse tão fofinha, eu estaria muito brava agora. – disse Hande, bocejando em seguida.

- Você deve estar exausta. – constatou Dajana. – Pode ir descansar, eu fico com a vovó.

- Eu vim direto do aeroporto para cá e só tive tempo de alugar um carro. – explicou. – Vou procurar um hotel na cidade...

- Você pode ficar na minha casa. – sugeriu Dajana e a turca fez uma careta. – Ok, talvez não seja o lugar mais adequado, já que a Tica também está lá...

- Ou ela pode ir para a minha. – falou Mirna. – Eu tenho um quarto de hóspedes maravilhoso, querida. Você irá gostar.

- Eu não quero incomodar a senhora. – rebateu. – Posso encontrar um hotel...

- Você vai ficar na minha casa. – Mirna a cortou. – Não se contrária uma senhorinha doente!

Dajana sorriu quando a turca olhou para a mais velha indignada.

- Eu vou fazer questão de te lembrar que está doente! – enfatizou. – Tudo bem, eu fico lá.

Mirna sorriu amplamente.

- Entregue as chaves para ela, Dajana. Elas estão na minha bolsa. – pediu e a neta o fez. – Coloque o carro na garagem.

- Pode deixar. – beijou a testa dela. – Eu volto mais tarde, ok?

- Certo. – concordou. – Encontre comida no caminho e descanse bem, querida.

- Eu vou sim. – se aproximou de Dajana para abraçá-la. – Ligue para mim, caso precise.

- Apenas descanse, Hande. – entregou a mochila para a turca. – Obrigada por ter vindo.

- Obrigada por ter me avisado. – aceitou a mochila. – Sabemos que a sua irmã não teria feito isso.

- Não teria mesmo. – concordou Mirna. – Aquela menina é teimosa como uma mula!

As duas garotas sorriram e Hande partiu, antes que o cansaço a consumisse de vez.

- Vovó? – Dajana chamou a atenção dela.

- Sim?

- A senhora pediu para a Hande ficar na sua casa porque a Tica está lá, não pediu? – arqueou a sobrancelha.

- Eu? – tentou disfarçar.

- Não se faça de desentendida.

- Claro que sim. – respondeu sem filtro. – Elas precisam fazer as pazes logo!

- Vovó, sabemos que não é assim que as coisas acontecem. – a alertou.

- Minha querida, quando duas pessoas se gostam, elas têm que ficarem juntas. – argumentou.

- Não sabemos se a Hande ainda gosta da Tica...

- Você faria o que ela fez? – questionou. – Se ainda não gostasse dela, ela não viria até aqui e simplesmente falaria comigo por ligação, como sempre fazemos.

- Vovó...

- Não que ela não goste de mim e não se preocupe comigo, mas sabemos que elas não se falariam por ligação e a Hande queria se certificar de como a Tica estava. – a interrompeu. – Você faria isso, se não gostasse de alguém?

Dajana refletiu sobre as palavras da avó.

- Você não quer que elas fiquem juntas? – insistiu Mirna.

- É claro que eu quero, vovó. – respondeu. – Só não quero apressar as coisas...

- A sua irmã nunca esteve tão feliz, quanto quando estava com a Hande. – a lembrou. – Ela finalmente encontrou algo que a fizesse feliz, além do vôlei.

- A senhora tem razão. – concordou. – A Hande conseguiu essa proeza.

- Apenas ela. – pontuou. – Elas vão se acertar, eu sei que vão.

- Tomara...- sussurrou Dajana.



(...)



Depois de quase cochilar em cima de seu café da manhã, Hande finalmente se dirigiu para a casa de Mirna, já que se lembrava do endereço.

- Finalmente uma cama descente...- resmungou, deixando as malas na sala mesmo. – Mas antes, um bom banho.

Se dirigiu até o banheiro social e tomou um longo e relaxante banho quente e foi até o quarto de hóspedes. Ao chegar lá, encontrou um moletom tão conhecido por si, pois tinha um do mesmo.

- Ela deve ter esquecido aqui...- sussurrou, pegando a peça de roupa na mão e a cheirando. – O cheiro ainda está fresquinho.

Encarou a peça de roupa novamente e a vestiu, sorrindo ao lembrar que as roupas da oposta sempre ficaram maiores nela, apesar da pouca diferença de altura.

Ao se aconchegar na cama, Hande procurou pelo controle do ar condicionado, já que o quarto não possuía entrada de ar e era extremamente abafado. Quando ligou, viu que o aparelho não estava funcionando.

- Só pode ser brincadeira...- reclamou, se levantando em seguida. – Eu vou dormir no quarto da Mirna...tomara que não seja muita pretensão da minha parte. – refletiu. – Ótimo, enlouqueci de vez e estou falando sozinha!

A garota reuniu as cobertas e travesseiros e seguiu para o quarto da dona da casa, mas travou ao abrir a porta e dar de cara com a figura da oposta, dormindo serenamente. Ela vestia um conjunto de moletom branco e Hande suspirou profundamente, lembrando das vezes que sempre a elogiou quando a garota sérvia vestia branco. A cor contrastava perfeitamente com o tom de pele da oposta e destacava os cabelos dela, assim como seus olhos escuros.

Percebendo que estava há pelo menos cinco minutos parada observando a morena, Hande entrou no quarto e fechou a porta devagar, torcendo para que ela não acordasse com o barulho, já que a turca também queria dormir e se Tijana acordasse naquele momento, seria no mínimo estranho.

“Quando ela acordar, a eu do futuro vai lidar com isso.”, pensou e lançou uma última olhada na direção da oposta e percebeu que ela dormia abraçada na manta que a avó costumava colocar sobre os ombros para se proteger do frio.

Hande sentiu seu coração aquecer e sorriu ternamente. “Eu queria tanto odiar você...se não fosse tão atenciosa e fofa, talvez fosse mais fácil”, esse foi o último pensamento da turca, antes de cair no sono.

Horas mais tarde, Tijana despertou se sentindo totalmente renovada depois de longas horas de sono. Ao se espreguiçar, notou a presença de alguém na cama e quase gritou, mas reprimiu o grito ao perceber quem era.

- Hande? – perguntou apenas para ter certeza de que não estava sonhando.

- Hum? – respondeu e Boskovic sabia que ela ainda estava dormindo. Devido as milhares de vezes que dormiram juntas, ela sabia que a turca falava enquanto dormia.

- O que está fazendo aqui? – indagou.

- Está calor no outro quarto...- sussurrou. – Ar condicionado quebrado...

Tijana fez uma nota mental para mandar concertarem o quanto antes e sorriu quando a outra garota se mexeu, revelando o seu moletom.

- Está usando um moletom que não é seu...- constatou.

- Estava em cima da cama...- respondeu.

- Por que vestiu?

- Tem o cheiro da Tica. – disse e a morena arregalou os olhos. – Eu sinto falta do cheiro dela, por isso vesti...

Boskovic se levantou da cama lentamente, tomando cuidado para não acordar a garota e saiu do quarto o mais rápido que pôde.

- Novan. – disse, assim que chegou ao quintal e o segurança atendeu.

- Boskovic. – a cumprimentou. – Eu pensei que você tinha hibernado. O que fez você dormir tanto e não correr para o hospital?

- Hande. – respondeu.

- O que tem a Hande?

- Está aqui.

- Ela está na Sérvia? – perguntou incrédulo.

- Está aqui. – tornou a insistir.

- Na casa da sua avó? – se deu conta. – Estou confuso, qual foi a parte que eu perdi?

- Ela chegou de viagem ontem e foi para o hospital ver a vovó. – explicou. – Ela me disse para vir para casa dormir e eu vim...

- Ela disse para você dormir e você foi?

- Sim e...

- Todas as pessoas da sua família fizeram o mesmo diversas vezes e você não moveu um músculo, mas a Hande pediu apenas uma única vez e você foi? – constatou indignado. – Eu não sei se fico feliz ou revoltado!

- Novan...- tentou chamar a atenção dele novamente. – Ela está aqui agora, o que eu faço?

- Cristo, eu estou nervoso por você!

- Não está ajudando muito...- resmungou.

- Ok, onde ela está? – voltou a ficar sério.

- Dormindo, no quarto em que eu estava.

- Espera, então ela foi dormir no mesmo quarto que você? – questionou.

- Sim, ela disse que o ar-condicionado do outro quarto está quebrado. – explicou.

- Ela disse? Por que está tão nervosa, se já conversou com ela?

- Não conversamos. – se corrigiu. – Ela fala enquanto dorme.

- Ah...- sussurrou. – O que mais ela disse? Você, no mínimo, deve ter perguntado algo a mais...

- Ela está usando o meu casaco e eu perguntei o porquê. – disse.

- Você perguntou só isso? – indagou decepcionado. – Estou decepcionado com você!

- O que você queria que eu fizesse? Não seja tolo! – o repreendeu. – Eu não seria idiota o bastante para me aproveitar da situação.

- Você tem razão. – concordou. – Mas o que ela respondeu?

- Que o casaco tem o meu cheiro e que sente falta dele.

- Ela sente falta de você! – comemorou do outro lado da linha.

- Ela sente falta do meu cheiro, Novan. – o corrigiu.

- Não corte o meu barato! – a repreendeu. – É quase a mesma coisa.

Tijana ficou em silêncio por alguns segundos.

- Eu não quero ter esperanças.

- Está sendo cega, então. – rebateu. – Ela veio até a Sérvia, independente de toda a situação entre vocês.

- Ela veio ver a vovó. – o corrigiu.

- Sim, mas ela também veio ver você. – disse.

- Novan...

- Ela sabe da importância da Mirna na sua vida e sabe também que você perdeu a direção da sua vida, quando o acidente aconteceu. – pontuou. – Ela se preocupa com você.

- Já disse que não quero ter esperanças. – o contrariou.

- Não se trata de esperanças e sim de fatos. – disse tranquilamente. – Essa é a grande chance que você tem para resolver as coisas.

- Não é tão simples quanto parece! – reclamou.

- Eu sei que não, mas ela está aí e você precisa fazer alguma coisa. – rebateu. – Ou ficará apenas com o benefício da dúvida de se tivesse tentado falar com ela.

- E se ela não quiser conversar comigo? – perguntou temerosa.

- Então você vai continuar esperando o tempo que ela estabeleceu entre vocês. – assegurou. – O não, você já tem. Quem sabe ela não esteja disposta.

- Talvez você esteja certo. – sussurrou.

- Estou sempre certo. – se vangloriou. – Por que você não faz um almoço para as duas? Seria um bom motivo para iniciar uma conversa.

A morena refletiu sobre a sugestão.

- Obrigada, Novan. – agradeceu. – Ah, por favor, arranje alguém para concertar o ar-condicionado.

- Eu não sou o seu mordomo, Tijana! – a repreendeu.

- Terá honorários extra. – garantiu. – Até mais!

Assim que desligou a ligação, a morena correu para a cozinha. Hande poderia não querer falar com ela, mas pelo menos elas não ficariam com fome.



(...)



Sentindo um cheiro extremamente delicioso, Hande despertou faminta, depois do que parecera séculos de sono.

Ao abrir os olhos, ela se deu conta de onde estava e com quem esteve dormindo, mas por onde andava Boskovic?

Removendo o casaco de si e calçando os sapatos depois, a ponteira seguiu para a cozinha, de onde o cheiro estava vindo e lá encontrou a morena que permeava seus pensamentos, totalmente concentrada em colocar os talheres em cima da mesa de forma correta. 

- Está acordada há muito tempo? – quis saber Hande, assustando a outra garota. – Desculpa, eu não quis te assustar.

- Um pouco. – respondeu, se virando para ela. – Como a vovó está?

- Teimosa, como sempre. – sorriu ao lembrar. – Ela se recusa a ser atendida pelas enfermeiras e a sua mãe está a ponto de enlouquecer.

- Essa parte está sendo difícil. – bufou frustrada. – A vovó é simplesmente impossível!

- Talvez ela só queira um pouco de independência. – disse. – Mas isso são vocês que devem decidir, não quero ser uma intrusa.

- Não pensaríamos isso de você. – rebateu. – Mamãe acataria qualquer sugestão sua e a vovó nem se fala.

- Não acho que esteja com muito crédito com a sua mãe. – pontuou, sentando a mesa. – Mirna fez eu ajudá-la a tomar banho e a sua mãe disse que era trabalho das enfermeiras.

- Qualquer outra pessoa teria sido repreendida veementemente. – argumentou.

- Ela não ficou muito feliz quando eu me propus a ajudar.

- Você está machucada e não deve ajudar mesmo. – concordou com a mãe.

- Alguém já disse que você e a sua mãe são iguaizinhas? – perguntou, com os olhos semicerrados. – Eu pude perceber isso hoje.

- Como? – quis saber.

- Ela me disse a mesma coisa. – respondeu. – Não posso ajudar a Mirna, porque estou machucada.

- A mamãe é sensata. – sorriu orgulhosa.

- Não estou inválida!

- Sabemos que não. – disse. – Mas sabemos que precisa se tratar e não se esforçar.

- Dajana disse que ajudaria. – se defendeu.

- Dajana estava lá? – perguntou surpresa.

- Ela salvou a sua avó e eu de uma possível bronca da sua mãe. – explicou. – Iremos trabalhar juntas na recuperação da Mirna, enquanto eu estiver aqui.

- Se for te atrapalhar...

- Não vai. – a cortou. – Quando eu voltar para a Turquia, me apresentou ao Eczacibasi novamente. Por enquanto, estou dois meses afastada.

- Então você vai ficar todo esse tempo na Sérvia? – perguntou incrédula.

- Sim. – deu de ombros. – Vai ser bom para mim ficar longe das quadras por um tempo, e isso não aconteceria na Turquia.

- O que irá dizer a imprensa? – indagou. – Vocês acabaram de ganhar o mundial na sua categoria, você foi a MVP e não voltou a Turquia para comemorar e dar entrevistas...

- Eu aleguei problemas de saúde. – explicou. – Disse que faria uma longa recuperação.

- E eles aceitaram bem?

- Aceitando ou não, eu vou ficar aqui. – respondeu.

- Você sabe que não...

- Se você disse que eu não preciso mais uma vez, Tijana, vou expulsar você daqui! – a interrompeu em tom de brincadeira.

- Vai me expulsar da casa da minha avó? – a desafiou.

- Fui convidada a ficar aqui. – deu de ombros.

- Claro que foi. – assentiu. – Vovó nem esconde que prefere você.

- Ela é a minha favorita também. – sorriu.

- Eu sempre soube. – revirou os olhos. – Bem, preparei o almoço e você pode ficar a vontade.

- Como assim? Você não vai comer também? – perguntou surpresa.

- Não quero incomodar você. – foi sincera.

- Você não vai me incomodar. – rebateu. – E, se eu estivesse incomodada, quem iria se retirar seria eu.

Boskovic ficou em silêncio, a avaliando.

- Por quê?

- Por que o quê? – devolveu a pergunta, sem entender de fato.

- Por que está aqui? – concertou a pergunta.

- Eu pensei que já estivesse claro. – a olhou. – Eu vim visitar a sua avó...

- Responda a verdade, Hande. – a cortou.

- Essa é a verdade! – mentiu.

- Ok. – desistiu de tentar e, quando iria sair da cozinha, a turca lhe segurou pela mão.

- Você poderia ficar?

Boskovic a encarou profundamente.

- Não. – a respondeu.

- Tijana, por favor...- insistiu, ainda segurando a mão dela.

- Eu prefiro ir. – se manteve firme.

- Por quê? – perguntou revoltada. – Eu é quem deveria estar revoltada e você deveria estar me pedindo pra ficar!

- Ok. – respondeu e tentou se soltar, mas a mão da turca lhe segurava firmemente. – Você poderia me soltar?

- Não enquanto você não falar comigo!

- O que você quer que eu diga? – arqueou a sobrancelha, tentando manter a paciência.

- Isso é você quem tem que me dizer. – insistiu.

- Eu não tenho nada pra te falar. – rebateu. – Você já deduziu tudo sobre mim e ficou por isso mesmo.

- Tijana...

- Por favor, Hande, me solte! – foi um pouco mais incisiva.

A turca se levantou da cadeira e ficou de frente para a outra garota.

- Não!

Boskovic bufou frustrada.

- Eu odeio o fato de você ser tão teimosa! – a repreendeu.

- Eu digo o mesmo de você!

As duas permaneceram se encarando.

Love Story (Season two)Onde histórias criam vida. Descubra agora