Ninguém está seguro em casa.
“As fraquezas alimentam a queda, daqueles que foram limitados a voar.”
“ — 1.9.0, boa noite. Qual é a emergência? — silencio tomou conta. — Senhor? Qual é a emergência? Você não pode se falar? Precisa que algum veículo de emergência vá até o senhor? Preciso deixar claro que trotes serão denunciados…”
A água escorre pelo corpo nu e arrepiado, os fios úmidos tampam a visão completa do indivíduo que mantém os olhos fechados. Encolhido dentro do box do banheiro, o homem tenta esvaziar sua mente dos problemas e principalmente das últimas informações. Sem sequer saber o horário, decidiu que sairia daquele banheiro somente quando pudesse ver tudo, como se pudesse se proteger de qualquer ameaça.
Sabendo que não deveria levar um papel tão a sério, o homem desligou antes de pedir ajuda e torceu para a polícia não considerar um trote o pior dos crimes. Talvez por saber algo estranho, qualquer pequeno barulho faz sua mente ligar e olhar para a pequena janela de ventilação, não é o criminoso mas por que sente que é?
O domingo amanheceu, Choi acordou com algumas batidas na porta e até imaginou que fosse o síndico, mesmo que já tivesse emprestado dinheiro para pagar o aluguel. Não recorda o horário que dormiu, mas sabe que foi tarde suficiente para seu cérebro permanecer lento. Vestiu uma camisa, sem se importar com o calção maltrapilho que usou para dormir e cobrir suas coxas brancas.
Abriu a porta após tirar todas as trancas que fez questão de utilizar todas, coçou os olhos e encarou os homens vestidos de preto que o esperavam no outro lado. Engoliu em seco assustado e surpreso, apertou o trinco da porta pronto para fechar se fosse necessário.
— Não se assuste, somos da décima terceira divisão da delegacia de Homicídios. Sou o oficial Jung e esse é meu colega Kim Soo-Jun. — o policial se apresenta mostrando distintivo e cutucando o homem atrás, que apareceu mascando um chiclete.
Os olhares se encontram brevemente, antes de Choi desviar e abaixar o rosto. O embrulho no estômago é inevitável e seu nervosismo entrega suspeita aos policiais, que se entreolham antes de voltarem a encarar o dono do apartamento.
— Bem, precisamos fazer umas perguntas para o senhor. Será que podemos entrar? — o oficial Jung pede, tentando enxergar algo por cima do rapaz.
Choi rapidamente abre a porta, envergonhado por suas atitudes e principalmente por parecer suspeito, quando sequer tem ideia do que eles querem. O Kim parece animado olhando a casa desarrumada do ex-colega, curioso e tocando em alguns objetos de decoração. Pelo menos poderiam dizer que todo esse receio veio pela presença do policial mais jovem.
— Desculpa, eu acabei de acordar e ainda estou ligando. Por favor sentem, aceitam café? — Choi pergunta tentando parecer melhor, mesmo que ainda erre a pronúncia de algumas palavras, nervoso.
— Ah, sim. Vamos adorar. — Jung diz enquanto se ajeita confortavelmente na poltrona.
Kim por outro lado parece incentivado, ficando próximo do balcão observando sua vítima colocar a cafeteira para funcionar. Choi finge não perceber, enquanto o pó cai levemente em sua mão trêmula e a queimação interna sobe até sua nuca.
Logo os três sentam na pequena sala bagunçada, Jung dá um sorriso simpático. Esse homem tem uma postura bastante séria, mas um rosto gentil combinando com o cabelo quase lambido para o lado e barba a fazer estranhamente atraente.
— Bem, me diga seu nome e sua idade. — Jung pede.
Kim pega um bloco de anotações e tira sua caneta de trás da orelha, extremamente descolado.
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Cartas do meu assassino.
Fiksi PenggemarUm escritor falido decide se mudar para a cidade grande e apostar em seu sonho, mas acaba sendo preso em um jogo de horror ao receber cartas de um suposto assassino. "...você não pode escapar de mim. - atenciosamente L."