CAPÍTULO 3 - Novela da Vida Alheia

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"Cada um em seu casulo, em sua direção

Vendo de camarote a novela da vida alheia

Sugerindo soluções, discutindo relações

Bem certos que a verdade cabe na palma da mão

Mas isso não é uma questão de opinião [...]"

Teto de Vidro - Pitty


Os eventos que aconteciam na minha vida estavam se sucedendo numa velocidade imensurável. Eu morri, reencarnei, fui deserdada pelos meus novos pais e tive o desprazer de encontrar Han Seo-Jun, o segundo protagonista masculino do meu dorama favorito. Isso tudo em menos de 24 horas. Alguns diriam que foi coincidência ou destino talvez, mas eu não seria tão otimista assim. Se a sorte fosse me sorrir mesmo, seria de um jeito bangela e horroroso.

Eu fiquei admirando sua aparência enquanto o mundo parava à nossa volta. Han Seo-Jun parecia ter saído daquelas capas de revista e, como ele posava de modelo, não duvidaria que sua imagem estivesse realmente circulando por aí nos tabloides. Seus ombros largos, as pernas longas e a franja caindo nos olhos eram o que chamavam mais atenção. Contudo, os brincos diversificados na orelha e o estilo meio gótico também deveriam causar o estrago de muitas calcinhas por aí, mas não a minha. Ousaria dizer que minhas calcinhas eram confeccionadas com material impermeável, anti aderente e duro.

― Está tudo bem? ― Ele me mirava fixamente e com um leve brilho de pena nos olhos. ― Você está sangrando...

Ao ver sua expressão, me afastei dos seus braços como se estivesse sendo queimada viva. Ainda que eu estivesse me sentindo liberta dos meus agressores, não suportaria ver o olhar de pena logo do segundo protagonista masculino.

Era igual quando Pamela me humilhava na frente das pessoas. Eu conhecia aquela expressão e odiava cada segundo. Ter pena de alguém era a mesma coisa que dizer que essa pessoa era fraca e incompetente para superar as dificuldades que o cercam. E eu apanhava de Pamela e suas comparsas por falta de opção, por não saber ainda me dividir em 5 para dar conta. Contudo, isso nunca me fez inferior a ela, nem incapaz de lidar com os meus próprios problemas. Na verdade, eu sempre batia de frente com todos os impasses que surgiam à minha volta.

Saber que Han Seo-Jun estava com esse sentimento por mim inflamou o ódio no meu coração. Ter pena não é ter empatia. Aliás, eu nem era sua grande fã mesmo. Mesmo que seu fandom fosse quase igual ou maior que o do Su-Ho, eu ainda assim preferia meu adorado nerd frio e meio sociopata.

― Isso não é da sua conta, Seo-Jun! ― Ele levantou as mãos em rendição.

Eu não poderia negar o quanto ele era lindo, porém, por mais que chamasse atenção e tivesse uma fila quilométrica de fãs na escola, Soo-Jin nunca tinha sido sua amiga. Muito pelo contrário, arriscaria até dizer que ambos se odiavam. Creio que, enquanto Soo-Jin era manipulada pelo pai, ela não poderia se envolver com um suposto playboy e delinquente juvenil. Então, sua atitude me causou certa estranheza. Por que Han Seo-Jun estaria interessado no bem estar de alguém por quem não tinha o mínimo afeto? Pelo que eu saiba, ele só era protetor, atencioso e gentil com seus amigos e familiares.

― Credo, não está mais aqui quem falou... ― Ele continuava a me encarar e eu franzi o cenho com sua atitude.

― O que foi, Seo-Jun? O que você quer?

― Você não parece a mesma pessoa de antes. ― Dúvidas resplandeciam nas suas íris acinzentadas. ― Algo parece diferente, você nunca agiria daquela forma.

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⏰ Última atualização: Jul 29 ⏰

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Uma Beleza Quase Verdadeira * Han Seo-JunOnde histórias criam vida. Descubra agora