I know you're waiting by the phone
But I just wanna be all alone, tonight
And it's all right
I won't lie, to you
But sometimes, when we fight
It's like scars on my wrist
When I think about the shit that we did to one another, baby
— FUCK ABOUT IT (feat. Blackbear)
Waterparks
Parte IOlho em meu relógio. São 22H30. Eu sabia que não devia ter vindo. Além do clima quente e úmido, a maresia faz meus cabelos ficarem grudentos e com um aspecto horrível. Olho para o lado e vejo Loli, uma de minhas melhores amigas, digitando freneticamente ao celular, enquanto ajeita a saia para baixo.
Encostada ao corrimão, vejo que seus olhos não conseguem manter o foco em um ponto fixo por muito tempo, o que significa que provavelmente a garrafa que está segurando não é a primeira da noite. Ela não para de falar sobre o carinha novo que conheceu hoje mais cedo. Érica, o terceiro membro de nosso pequeno grupo, parece discordar sobre os adjetivos que Loli dá ao garoto.
— Ele parece ser bem interessante. É bem atencioso. Não é muito bonito, mas dá para passar o tempo. Não concorda Érica? — Loli tem a mania de jorrar muitas palavras em uma pequena quantidade de tempo. É preciso muito esforço para acompanhar seu raciocínio, e um ainda maior para entender o que sai de sua boca em alta velocidade, principalmente enquanto mastiga seu pirulito de morango, sua marca registrada. Esforço esse que nem eu e nem Érica estávamos dispostas a ter no momento. — Tudo bem que o carro dele tem um cheiro estranho, mas os amigos parecem ser ótimos! Bem diferente daquele cara que eu saía lembram?...
Não, eu não lembrava. Mas, concordo com a cabeça e faço sons de aprovação. Era difícil acompanhar todos os caras com que Loli se envolvia. Se eu fosse contar nos dedos cada cara com que ela conversa ou já conversou eu teria que juntar todas as pessoas do recinto, e eu posso dizer que são muitas.
Olho à minha volta, com cuidado ao me virar para não cair de cima do corrimão, em que estou sentada. Observo a parte debaixo da rampa, daria uma boa queda, mas com sorte a areia da praia amorteceria o impacto, com muito azar eu cairia em cima de alguém ou dentro da enorme lixeira com o nome do quiosque em que estamos, escrito na lateral.
Todo ano nossa cidade faz uma festa de Ano Novo, e todo ano são as mesmas pessoas da cidade que aparecem, pouco os turistas que se aventuram a vir até aqui. Não que não seja um lugar bom para turistas, mas o trajeto até a cidade deixa a desejar. Muitas curvas, morros e uma pista de mão única que faz qualquer motorista, até mesmo o mais experiente se borrar todo. Mesmo assim, muitos surfistas encaram a descida e algumas famílias alugam barcos para passar a temporada de férias.
Quando eu era menor, eu e meu irmão gostávamos de jogar "quem sou". Um jogo inventado por ele para tentarmos decifrar quem era turista e quem não era. Às vezes, quando estou entediada ainda faço isso. É fácil perceber a diferença, é só olhar nos rostos deles. Não só pelo bronzeado ridiculamente manchado, mas pelo olhar de novidade a cada passo dado na praia. Um homem passa por mim segurando um espeto de queijo como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Solto uma risada anasalada.
— Vocês acreditam que ele é da cidade ao lado? E nunca vimos ele! Eu não sei como é possível, aqui todo mundo se conhece. Será que seu irmão conhece ele Bell? Ele fez o primeiro ano de faculdade na mesma cidade. Não que eu ache que todos se conheçam, mas se a cidade for como a nossa. Sabe isso me lembrou que ... — Eu amo a Loli, mas às vezes eu gostaria que ela tivesse um botão de desligar.
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Belos & Malditos
Romantiek⚠️⚠️⚠️ Este livro contém linguagem imprópria, temas sensíveis, conteúdo sexual e gatilhos. Se não se sentir confortável por favor não leia, nem xinguem nos comentários. O pai dela é juiz, um puta de um imbecil. Prendeu meu pai a uns anos atrás, po...