Always Been You • Shawn Mendes

Capítulo 6: Nada além de um tremendo embaraço

Shawn Mendes

Por um momento, meu corpo ficou petrificado, e minha mente, tão vazia quanto uma folha de papel em branco. Com os olhos arregalados, eu tentava, em vão, absorver o fato de que uma estranha estava com a boca grudada na minha.

As mãos dela estavam espalmadas nas laterais do meu rosto, enquanto seus lábios se mexiam devagar, de maneira desajeitada.

E o que eu fiz diante disso?

Nada.

Absolutamente nada.

Não consegui afastar a garota, tampouco comprimir os lábios. Fiquei imóvel, perplexo, mas sem corresponder o gesto. Estava fora de cogitação.

Eu nunca tiraria proveito de alguém numa situação tão catastrófica.

— Eita, porra! Eu aqui pensando que você ainda estava desolado naquele bar, afogando as mágoas nos drinques do Brant... Os garotos disseram que seu namoro com Sabrina estava por um fio. Então acabou mesmo, bro? Nossa, que coisa boa, hein.

O beijo – ou seja lá o que aquilo tenha sido – dissipou-se num fragmento de segundos quando aquela voz maliciosa soou em nossos ouvidos.

— Mas pelo visto, você não perdeu tempo, né safado...

Quando a garota se afastou, pude distinguir a imagem de Simon Montgomery, próximo de nós, segurando uma tequila e com um ar travesso no rosto.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar a tensão que crescia dentro de mim e buscando uma forma de ajudá-la. Eu não fazia ideia do que a levou a me beijar, mas aquilo refletia sua confusão mental. Claramente, era a embriaguez que dominava e sugava sua sanidade. Ela não era de beber, então acabou sucumbindo a esse estado desastroso. O álcool tem dessas: ele humilha. Eu já tinha notado o quão alterada ela estava quando foi até o bar improvisado. E, caso eu a deixasse à própria sorte, estaria sendo um completo babaca.

Lancei um olhar de repreensão para meu querido amigo ao perceber que ele continuava falando um monte de tolices sem sentido.

— Fecha essa boca, Montgomery!

— Está bravo porque atrapalhei o momentinho de vocês?

Simon entornou a garrafa na boca, sem apagar o sorrisinho cínico dos lábios.

Os lábios dela eram quentes e macios, mas a confusão interna que eu sentia petrificou todos os meus sentidos, incapaz de me fazer de sentir qualquer coisa além um tremendo embaraço.

— Ai... — soltou ela, lamentando, respirando um pouco mais pesado.

Ela apertou os olhos com força, e pude sentir seu corpo inteiro trepidar. Gotas de suor brotavam em sua testa, enquanto suas mãos agarravam vigorosamente minha jaqueta jeans.

— Ei, o que você tem? — perguntei com um fio de aflição, focando na palidez de seu rosto.

Ela botou a mão no estômago, esboçando uma careta de dor, contornando o olhar para o lado.

— Diga o que você está sentindo — insisti, buscando contato visual com ela.

— E-Ethan? — novamente, a estranheza dela se voltou para mim.