Capítulo 7: A primeira impressão é a que fica?

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Hailee Steinfeld

Quando a claridade do sol invadiu o cômodo, senti um desconforto imediato, mesmo de olhos fechados. Fiquei de bruços, afundando o rosto no travesseiro para abafar o rosnado instintivo que escapou da minha garganta.

Minha mão resvalou pelo espaço vago ao lado, e a imensidão da cama me pareceu estranhamente diferente do que eu conhecia. O perfume suave impregnado em cada pedacinho do travesseiro era distinto, exalando algo gostoso, mas que definitivamente não pertencia ao dormitório da universidade. Com essas simples informações, meu subconsciente registrou que eu estava em território desconhecido. Ainda assim, permaneci na mesma posição, sem mover um músculo, ignorando todas as coordenadas que meu cérebro enviava para o meu corpo.

Foi então que o som estridente de alguma coisa se estilhaçando cortou o silêncio, trazendo meus sentidos à tona, pouco a pouco.

Com as pálpebras pesadas de sono, sentei na cama, deixando a coberta descer até minha cintura.

Um grunhido de dor escapou quando uma fisgada lancinante golpeou minha têmpora. Levei a mão à testa enquanto uma tontura avassaladora me arremessava para outra dimensão. O peso da minha cabeça parecia desproporcional, como se eu carregasse cem quilos de chumbo, e meu corpo inteiro doía como se alguém tivesse passado com um trator por cima dele.

Céus...

Abri os olhos com muito sacrifício. Ainda com a visão turva, notei algo estranho no ambiente que prendeu minha atenção...

Esfreguei os olhos, tentando distinguir melhor ao redor, mas nada parecia clarear. Meus pensamentos estavam um verdadeiro caos, um emaranhado sem sentido.

Aos poucos, fragmentos de lembranças foram se alinhando. Lembrei de ter chegado sem energia à festa; nunca fui fã desse tipo de evento, então nem uma mísera fagulha de entusiasmo acendeu dentro de mim. E então, ponto alto da noite: avistei uma pessoa que jamais imaginei ver naquela casa. Ou melhor dizendo, naquele país. Michele e Ethan ainda moravam no Canadá? Absurdo. Mas aquele mero detalhe desestabilizou meu físico e meu psicológico. No meio do meu desespero interno, mergulhei na bebida, na esperança de que aquela conversa desaparecesse magicamente da minha mente.

Depois de escapar descaradamente do alcance das garotas, lembro de ter ido a um bar no salão. Mais tarde, nos fundos, um garoto me ofereceu uma bebida (bem duvidosa, por sinal), mas, já sob o efeitos do álcool, aceitei sem hesitar. Depois disso... não lembrava de mais nada. Era como se meu cérebro tivesse bugado e deletado as lembranças dali em diante.

Intrigada, comecei a esquadrinhar minuciosamente o compartimento. Um quarto. Mas a questão era: há quem pertencia aquele quarto?

Onde diabos eu estou?

Como vim parar aqui?

Enquanto meus olhos percorriam o aposento espaçoso, uma sensação de pavor comprimia o ar dos meus pulmões, e meu coração martelava forte contra minha caixa torácia. Massageei as têmporas, sentindo medo e a ansiedade crescerem demasiadamente.

Joguei o cobertor para o lado com a convicta decisão de levantar da cama.

Não posso ficar aqui parada, esperando as respostas caírem do céu.

Preciso descobrir de quem é esse quarto, ou vou acabar tendo uma crise de nervos.

A adrenalina corria em minha corrente sanguínea enquanto minha mente rodava, buscando compreender como havia chegado ali. Eu me recusava a acreditar que tinha dormido com um desconhecido. Não era do meu feitio. Entretanto, a simples impossibilidade de descartar essa ideia me causava um calafrio.

Always Been You • Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora