Capítulo 4: O passado sempre volta para nos assombrar

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Hailee Steinfeld

A tão aguardada e lendária noite no campus finalmente havia chegado. Para ser sincera, meus olhos reviravam automaticamente na primeira frase sobre a festa da fraternidade. Não aguentava mais ouvir Rebecca falar sobre isso a semana inteira. E, como se não bastasse, ainda tinha que escutar Julie reafirmar tudo. Minha vontade de ficar quietinha no meu canto, com meu fone de ouvido, escutando as músicas da minha formidável playlist, parecia entrar por um ouvido e fugir pelo outro. As duas bonitinhas estavam determinadas a me envolver no debate.

Lutei e relutei contra todos os argumentos que supostamente me favoreciam caso eu decidisse comparecer, e agora cá estava eu, pensando seriamente em pedir pro motorista do uber para me levar de volta ao alojamento.

Preferia estar na minha cama, debaixo das cobertas quentinhas, dormindo, de preferência. No entanto, minha prima me persuadiu e convenceu no último instante. Geralmente ela utilizava esse poder para mudar minha opinião como num passe de mágica. Devia ser por suas palavras eloquentes ou algum tipo de feitiço; de alguma forma, ela sabia usar.

Conforme meus pés vacilantes se moviam, amaldiçoava-me mentalmente por me permitir ser arrastada para essa bagunça.

Caminhava meio aérea pelo gramado, espreitando os arredores e esbarrando em algumas pessoas. Com a multidão, imaginava que teria uma trabalheira para achar as garotas.

Pedi desculpas educadamente à garota com quem trombei ombro com ombro, sendo ignorada lindamente. Ela me encarou com puro desdém e articulou algumas palavras incompreensíveis aos meus ouvidos, devido à algazarra infernal (fui xingada gratuitamente, tenho certeza). Deu-me as costas e saiu rebolando com sua saia minúscula, pisando fundo com suas botas de couro de cano curto. Cadê os bons modos, demoniozinho mal-educado? Precisava de uma dose extra de autocontrole para não rolar os olhos, continuando meu percurso em uma direção imprecisa.

Não fazia ideia de onde ir...

Maldito esquecimento.

Se eu estivesse com meu celular, não estaria vivenciando todo esse transtorno.

Meus olhos esquadrinhavam ao redor, em meio a uma pernada incômoda e desnecessária. Nada delas. Que droga! Era mais prudente ter ficado na universidade. Mas, como sou burra e facilmente influenciável, os planos de me manter longe desse tipo de convívio social acabaram indo por água abaixo cedo demais.

Não podia negar que a vibração do lugar era surreal.

Uma música alta e eletrônica reverberava. Gritos esganiçados. Jovens bebendo, fumando e dançando descontraidamente. Outros, com os hormônios à flor da pele, se pegavam sem nenhum pudor.

O cheiro de bebida alcoólica e maconha exalava poderosamente no ambiente.

Encolhi-me ao passar em meio ao tumulto de uma roda de garotos que gritavam estridentemente: "Bebe!" "Bebe!" Bebe!".

Misericórdia.

O que estou fazendo aqui?

Eu definitivamente não fui feita para lugares barulhentos.

De novo no portão de entrada, avistei do outro lado da rua, Julie e um garoto, sentados no meio-fio.

Uma pequena lufada de ar escapou dos meus lábios à medida que me encaminhava celeremente para onde eles se encontravam.

— É tão divertido ver o quanto você estava desesperada para me encontrar.

Julie sorriu sem graça, enquanto encarava seus pés por um breve momento.

Always Been You • Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora