5. filha de drácula • pt. 1

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— Louis! Você deveria vir ao Filha de Drácula, eu trabalho como barman lá em alguns sábados, seria ótimo ver você.

Louis tocou a mensagem de voz mais uma vez, ouvindo a voz suave falar na secretária eletrônica.

Já fazia três semanas desde aquele encontro no restaurante Le Petit quando ele viu Lestat novamente.

Ele sabia sobre o Filha de Drácula — era um novo clube noturno em Nova Orleans que tinha aberto apenas algumas semanas atrás. Embora fosse famoso pelos DJs que eram atraídos para tocar lá, também era conhecido por atrair um grande público LGBT.

Ele ouviu falar sobre o clube no trabalho por meio de Tom, um colega de trabalho que vinha insistindo em abordá-lo nas últimas duas semanas.

Parecia que sempre que Louis ia esquentar seu almoço, Tom estaria lá. Sorrindo amplamente, vestido com suas camisas polo e calças bem passadas e um suéter amarrado sobre os ombros. Ele era amigável, no entanto, e Louis não tinha motivos para pensar que ele tinha segundas intenções.

Então ele ficou ali, permitindo que Tom conversasse com ele, enquanto ele apenas assentia e dizia "ah" de vez em quando.

Bem, pelo menos Tom não era lascivo — só um pouco sem noção de leitura de linguagem corporal. E ele não era tão ruim para os olhos também.

Ele era inofensivo, na maior parte do tempo.

Aliás, Louis disse a si mesmo recentemente que precisava sair por aí — para explorar o significado de ser um homem gay solteiro na cidade de Nova Orleans.

Finalmente, ele admitiu para si mesmo que, sim, ele era gay, e que ele finalmente enfrentaria aquela nova realidade. Ele já estava morando ali há três anos, e não tinha muito o que perder.

Nova Orleans era uma cidade enorme e tinha muito a oferecer.

— Ei. — Tom disse casualmente um dia, enquanto encurralava Louis em um canto da cozinha no trabalho. — Uma galera vai ao Filha de Drácula neste sábado à noite para dar uma olhada. Não sei se é o seu tipo de lugar, mas seria legal te ver por lá.

Seus olhos castanhos percorreram o rosto e o corpo de Louis, demorando-se em seus lábios, e Louis respirou fundo.

Pare com isso, ele pensou consigo mesmo, as pessoas olham para as pessoas o tempo todo. Não precisa ficar desconfortável.

Ele forçou um sorriso no rosto... — Isso... parece divertido. Talvez eu vá. — ele conseguiu dizer.

O rosto de Tom se iluminou. — Ótimo! Bem, espero que você vá, então. — ele disse.

Sua mão foi até o antebraço de Louis e permaneceu ali, antes de deslizá-la para baixo até sua mão. Então ele murmurou um "Tchau" antes de se virar e sair.

Louis ficou ali parado, ainda um pouco perturbado com o que tinha acabado de acontecer — com o fato de que ele estava realmente considerando ir até o local.

Seu próximo pensamento foi frenético: — O que eu visto!?

E agora, aquela mensagem de voz de Lestat. Hmm, ele não sabia que Lestat trabalhava como barman no lugar que ele estava pensando em visitar.

— Bem. — Louis disse em voz alta. — Acho que consigo matar dois coelhos com uma cajadada só, não é?

Seria bom conhecer um rosto amigo enquanto ele navegava por um ambiente como aquele.

Mas sim, com que roupa ele iria mesmo...

Na noite seguinte, Grace estava em seu apartamento, jogando tudo para fora do armário.

— Você não tem nada! Nossa, precisamos ir às compras! — ela exclamou. — Me encontre depois do trabalho na sexta!

Louis resmungou. Mas acabou indo com ela mesmo assim.

Eles fizeram uma viagem frenética pelo shopping, depois pegaram o metrô até o centro, e eles acabaram no Canal Jean, um ponto popular no bairro tanto para punks quanto para boêmios, que vendia roupas novas e vintage excêntricas, perfeitas para uma noite fora. Era também um dos pontos favoritos de Grace no centro da cidade.

— Um blazer de veludo? Sério? — Louis protestou enquanto Grace segurava um blazer verde escuro contra o corpo de Louis.

— Sim! Isso vai ficar ótimo em você! E muito estiloso! E também essas calças de couro pretas! E esse par de jeans escuros e justos com costuras rasgadas! — Grace gritou. Logo, um par de óculos escuros estilo John Lennon e uma camisa preta de rede sem mangas também foram jogados nele.

— Grace! Eu não sou um stripper. — Louis reclamou, tentando empurrar a camisa de volta para ela.

Grace revirou os olhos. — Sério? Vamos lá, viva um pouco. Experimente! — Grace disse, empurrando-o, com as mãos cheias de mercadorias, para um dos provadores.

Louis saiu pouco tempo depois, sentindo-se muito constrangido.

Com a camisa preta de rede, um pouco de pele estava exposta na parte do peito e ele se sentia nu. No entanto, ele estava muito satisfeito com os óculos escuros, assim ninguém iria reconhecê-lo.

— Viu, Louis, você está ótimo! — Grace gritou, dando-lhe um abraço. — Alguém com certeza vai te pagar uma bebida! Agora tudo o que você precisa é de um pouco de maquiagem e também precisamos arrumar esse seu cabelo. Meu Deus, está tão achatado agora que está horrível...

— Como é? Sem maquiagem, Grace. — Louis disse em tom de advertência.

— Só um pouquinho, para destacar seus olhos. — Grace disse. — Vai estar escuro no clube, precisamos destacar seus olhos de alguma forma. Todos que frequentam o clube fazem isso! Lestat também faz isso...

— Bem, Lestat é algo completamente diferente. — Louis murmurou.

De alguma forma, Lestat conseguia usar coisas assim, mesmo em plena luz do dia, e ainda assim isso pareceria normal nele. Louis se sentiria uma aberração. De qualquer forma, ele estava começando a se aventurar na vida noturna em Nova Orleans, mas ele certamente ainda não estava pronto para usar maquiagem...

— Ok, troque de roupa, acho que deveríamos levar tudo isso. E agora podemos ir à Unique Boutique que fica na avenida? — Grace perguntou. — Estou procurando um chapéu novo.

— Claro. — disse Louis. Ele não conseguiu evitar sorrir para sua irmã excessivamente entusiasmada. Ela riu e o arrastou para fora da loja.


[...]


Meia hora depois, eles saíram da Unique Boutique com alguns chapéus para Grace, incluindo um chapéu preto e dois pares de all-stars para Louis, uma bota de trabalho com cadarços para Grace e um par de sapatos de estilo normal para Louis.

— Ok, ótimo. Estou feliz que terminamos as compras. — Louis disse, aliviado. — Vamos comer agora?

Grace sorriu. — Você leu minha mente! Eu sempre estou pronta para comer. Café du Monde? — ela perguntou. Aquele era seu lugar favorito para comer em Nova Orleans.

— Parece bom para mim. — Louis riu. Eles deram os braços e continuaram andando pela avenida.

i can't live without you • louis & lestatOnde histórias criam vida. Descubra agora