Capítulo 10

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Pela primeira vez em muito tempo, dormir foi um desafio.

O cheiro de eucalipto dominava o quarto no final do corredor e a hortelã refrescava o ar.

Quando a manhã chegou e seu despertador tocou, ele fez a sua rotina diária comum. Tomou seu banho, arrumou a cama e partiu para a cozinha preparar seu café.

Sua refeição matinal era simples, mas o suficiente para encher sua barriga até o horário do almoço.

Quando tudo parecia certo aos seus olhos, ele sentiu a fragrância rasa de leite no ar. Era um típico cheiro infantil que os filhotes carregavam até estarem próximos dos dez anos.

Ele coçava um dos olhos e tentava não o encarar apenas por medo. Yuta tinha o leve cheiro de hortelã, mas uma mistura mais suave em comparação a de Izuku.

Talvez fosse por serem almas gêmeas, então se tornava normal se sentir atraído pelo ômega.

— Está com fome? — perguntou, mas Yuta não respondeu. 

Katsuki resolveu se mover até a figura minúscula com cheiro doce, posicionou suas mãos por baixo dos braços da criança e o ergueu em seu colo.

Aconchegou Yuta como fazia com os filhotes da matilha e espalhou seus feromônios de forma sutil para ele se acostumar mesmo estando tenso.

O garoto agarrou sua camiseta social com seus dedinhos gordos, mas não ousou olhá-lo nos olhos.

O loiro andou até o sofá, os sapatos impecáveis soaram no chão e ele deixou o menino sentado no estofado antes de mudar o canal de reportagens para um de desenhos. Acariciou os fios escuros e esverdeados antes de seguir para a cozinha. 

Preparar algo para Yuta foi rápido, Katsuki colocou achocolatado em um copo com bico que achou na mochila de Izuku na noite anterior, além dos pães esquentados na torradeira e lambuzados com manteiga.

O ser de olhos verdes assistia como se fosse a primeira vez qualquer coisa que passasse pela TV.

Katsuki se sentou ao lado dele e Yuta abaixou o olhar como se estivesse fazendo algo de errado. Foi quando o alfa posicionou o prato sobre as pernas do filhote e o mesmo agiu como queria.

Ele comeu sem perguntar, ao ponto de seus feromônios saírem mais alegres que o normal. Bakugou notou a coleira mal colocada em seu pescoço, provavelmente o pequeno Yuta colocou ele mesmo.

— Quantos anos tem? — perguntou ao deixar o copo entre os dedos do esverdeado.

Yuta moveu os dedos dos pés enquanto bebia o leite misturado com chocolate.

Bakugou apenas tinha aquela substância doce por causa dos filhotes da matilha que passavam tempo demais em sua casa.

— Três? — franziu o cenho ao ver os dedinhos erguidos em sua direção.

Os olhos verdes tinham seu charme e as sardas seguiam as mesmas coordenadas de constelações como as de Izuku. 

Sorriu para ele e afagou o cabelo escuro com delicadeza para não assustá-lo.

Provavelmente Izuku deveria estar nas primeiras semanas de gravidez quando se separaram, mas o alfa não foi capaz de perceber isso por culpa dos feromônios de Akaguro que mascaravam o cheiro leitoso da gravidez. 

O menino iria fazer quatro anos em breve.

— Ele não sabe falar? — perguntou para o ômega.

Os feromônios de Izuku haviam chegado antes dele.

— O pai dele não gostava que ele falasse. É um trauma de alfas ou coisa assim, ele segue aquelas ordens sobre não falar e nem olhar sem permissão.

Quando a Meia Noite Chegar - Bakudeku ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora