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Pov Narradora:

Ao chegar na pequena, porém aconchegante pousada, Freen observa por um tempo considerável a fachada com letras cuidadosamente talhadas em madeira: Pousada armstrong.

Por um momento, se lembrou dos acampamentos de verão que costumava frequentar quando criança. Várias pequenas cabanas em um lugar bonito, cercado por várias árvores, cheiro de terra molhada. Definitivamente, moraria fácil em um lugar daquele. Apesar de ter encontrado problemas ao chegar na pequena cidade.

Finalmente, após a primeira vista, engata novamente seu carro e segue no pequeno caminho de cascalhos rumo à placa onde está escrito Recepção.

Uma cidade relativamente pequena, Inglaterra em Bristol . Um novo emprego, ela só precisava ter a sorte de conseguir um lugar para ficar, devido a desventura com sua nova casa.

É recepcionada por uma senhora simpática, de estatura mediana, cabelos lisos e loiros escuros e um óculos que lhe dava um ar de intelectual:

- Bem vinda à Pousada armstrong. Meu nome é Rawee. Em que posso lhe ajudar, querida?

Freen sorri docemente à mulher e responde:

- Muito prazer senhora. Meu nome é Freen. Procuro um lugar para ficar. Minha amiga me indicou sua pousada.

Ela consegue indentificar uma ponta de chateação na resposta da pequena senhora:

- Desculpe querida, mas todas as nossas cabanas estão ocupadas. A cidade enche nessa época do ano devido ao Festival de Outono que acontecerá no final de semana. Mas quem foi a amiga que indicou nossa pousada? Preciso agradecer depois.

- Nossa, sério? Looknam me indicou. A senhora conhece?

- Claro, como não?! A farmacêutica. Filha do senhor Poolsak . Somos amigos dos pais dela de longa data.

- Nam e eu nos formamos na mesma faculdade.

- Olha só!! É farmacêutica também então?

- Não senhora. Sou enfermeira. Fui contratada para assumir a equipe de enfermagem da Emergência Pediátrica do hospital Cooley Dickinson. Ia ficar hospedada em uma casa pequena na colina, mas devido à tempestade de ontem a noite, deve ter ocorrido um curto nas instalações elétricas e ela pegou fogo. Estava há cerca de uma hora daqui quando a proprietária me ligou para contar sobre o ocorrido. Liguei para Nam e ela me aconselhou a seguir viagem e que aqui conseguiríamos algum lugar provisório até eu me instalar em definitivo. Mas acredito que ela deva ter esquecido do festival. Somos eu e meu filho apenas. Estamos temporariamente acomodados na casa de Nam, mas não queria tirar a liberdade deles.

A mulher olhou Freen nos olhos e com pesar respondeu:

- Fiquei sabendo sobre o incêndio na casa da colina. Queria muito te ajudar, meu amor. Mas realmente, estamos com todas as cabanas ocupadas.

- Mama, temos a cabana 13.

Somente neste momento que Freen reparou no canto esquerdo, atrás do balcão da recepção, uma moça muito bonita, de visível descendência tailandesa e lindos olhos castanhos, que se encontrava lendo um livro.

Ela, que até então não havia se manifestado, tendo proferido a frase à mãe, levantou os olhos e sorriu docemente em direção a Freen. Já a outra mulher mais velha fez cara de espanto e pediu licença para conversar um minuto com a filha. Se direcionou até a mesa onde a filha estava e conversava com a mesma, as duas sussurrando, mas ainda assim, Freen conseguiu, mesmo sem intenção, ouvir o diálogo das duas:

- Minha filha, tem certeza disso? Está recente ainda. Não sabemos o que pode acontecer.

- Sim mama. Amo aquela cabana. Ela merece ser o lar de alguém.

A moça sorriu para a mãe, mas foi um sorriso triste. Freen reparou melhor nela. Mesmo sendo belíssima, dava pra perceber que estava apagada. Seus olhos eram lindos, cor de chocolate, mas não brilhavam como deveriam. Freen sentiu algo dentro do peito, como um apertozinho incômodo, mas deixou passar. Nem conhecia a moça. Devia ser coisa da sua cabeça.

A mulher mais velha se aproximava novamente. Freen reparou em uma ruga, talvez de preocupação em sua testa:

- Querida, temos uma cabana disponível, mas ela está fechada a algum tempo. Precisamos de pelo menos dois dias para retirar a mobília velha e mandar limpar. Depois pode ficar pelo tempo que precisar.

- Senhora armstrong, se não for abusar da sua generosidade e se for possível, posso ficar com parte de sua mobília? Não traremos nada a não ser roupas e pertences pessoais meus e do meu filho. E, caso não haja problema, me responsabilizo pela limpeza do local.

- Creio que não haja problema. Rebecca? - Chamou a filha que estava o tempo todo prestando atenção na conversa. - Tudo bem por você, filha?

- Claro mama, sem nenhum problema. Não usarei nada do que está guardado lá. - respondeu olhando para a mãe e depois focou os olhos em Freen. - O que não for do seu interesse, senhorita, tiramos depois, tudo bem? Quando estiver devidamente instalada, conversamos sobre o valor do aluguel, pode ser?

Freen acenou positivamente com a cabeça:

- Senhorita armstrong, senhora armstrong, não sei como agradecer a vocês duas.

A mais nova responde:

- Pode começar parando com esse negócio de senhora e senhorita. Somos Rebecca e Rawee. Podemos te chamar de Freen também?

- Claro! Com toda certeza! - respondeu Freen, sem graça. - Realmente, fico muito grata, Rebecca.

- Não por isso, Freen. Mama, vou mostrar a cabana à Freen. Você tem bagagens?

Freen negou. Disse que as bagagens ficaram na casa de Nam, juntamente com seu filho. Buscaria após conseguisse um lugar para ficar. A mais velha ficou apreensiva e Freen percebeu isso. Após dois segundos pensativa, se virou para a filha:

- Quer que eu vá, meu amor?

- Não é necessário mama. Está tudo bem.

Rebecca respondeu pegando as chaves embaixo do balcão, diferentemente das outras, que ficavam penduradas em um painel de madeira, atrás do mesmo.

O caminho para a cabana 13 foi feito em silêncio. Enquanto Freen apreciava a vista, não conseguia deixar de pensar: Qual era a história dessa casa? Por que ao ser mencionada a tal cabana, foi suficiente para despertar apreensão na mãe e, aparentemente, tristeza na filha? Por que uma moça tão linda, tinha olhos tão apagados e tristes? Eram tantos questionamentos na cabeça de Freen. Questionamentos esses que foram cortados pela voz da mais nova.

- Chegamos Freen. - Disse ela, com seu típico sorriso triste, enquanto girava a chave na porta de uma belíssima cabana no estilo rústico. - Espero que goste. Tenho um carinho especial por esta casa.

Então era isso! Agora Freen conheceria o seu futuro lar. A tão famosa Cabana 13.

...

espero que gostem. 

a second chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora