Segura comigo (parte 1)

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Autora: mangoesblythe ou FeetOffTheTableX

ALERTA DE GATILHO: esse capítulo contém conteúdos sobre abuso doméstico. Se não estiver confortável, não leia!

Nota: palavras em itálico são usadas para dar ênfase e em itálico e negrito são usadas para representar pensamentos

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Você trancou a porta do seu quarto e se sentou chorando muito, esfregando a marca vermelha em seu rosto com suas mãos geladas. Sua mãe te bateu de novo. Ela nunca foi do tipo amorosa, mas desde que seu pai foi embora ela tem te abusado mentalmente e fisicamente. Você se mudou para Avonlea recentemente e achou que sua mãe iria tentar ser uma pessoa melhor, mas ela continuou te batendo e te chamando de coisas horríveis. Você queria fugir mais que tudo, mas você não era idiota. Você não tinha para onde ir. Ninguém sabia sobre a sua mãe, nem suas melhores amigas, e você certamente não iria contar para elas.

Você limpou as suas lágrimas e tentou dormir, mas era inútil. Todas as vezes que você fechava os olhos, você via sua mãe indo te bater com suas mãos geladas, isso te dava arrepios. Pelo menos amanhã terá escola, então você poderá fugir um pouco

Na manhã seguinte, você acordou, mas não conseguiu realmente dormir. Ao se levantar, você arrumou seu cabelo e colocou um laço lavanda e um vestido combinando. Sua mãe podia ser abusiva, mas ela era boa em esconder isso te dando vestidos bonitos e coisas boas, fazendo todos acharem que vocês são umas família feliz- sem um pai, claro. Você nem sequer sabia se ele estava vivo, e isso lhe incomodava. Você sempre achou que ele te amava, mas ele se foi e você não ouve dele há anos.

Descendo as escadas o mais silenciosamente possível, você fez o café da manhã. Ela ainda estava dormindo, e com sorte você já estaria indo para a escola quando ela acordasse. Você teve sorte. Pegando seus livros e botando o casaco, você se olhou no espelho. A marca de ontem já havia sumido, mas você parecia cansada- embora você não ligasse. Você abriu a porta e começou a seguir seu caminho pela floresta, folhas nas cores mais bonitas do outono embaixo de seus pés. Você amava o ar refrescante, ele a fazia se sentir viva.

Chegando na escola, Diana correu até você. Ela e Anne eram basicamente suas únicas amigas, já que as outras garotas não gostavam de você. Você não se importava, pois também não gosta delas.
— 'Dia, Diana!—você disse sorrindo
— Bom dia, S/n!— ela disse sorrindo de volta— você não vai acreditar quem voltou.
—Quem?
—Gilbert Blythe!
—Gilbert quem?
—Gilbert Blythe, oras! O garoto mais bonito de Avonlea.
—Nunca ouvi falar— você riu—e não têm garotos bonitos em Avonlea.— você disse enquanto entrava na escola
—Eu acho que nunca te vi por aqui— uma voz disse atrás de você. Se virando, você viu um garoto de cabelo escuro e cacheado, com um lindo sorriso na cara.
Tudo bem, talvez ele seja bonitinho.
—Oh, eu sou S/n S/s. Eu me mudei recentemente.
—Eu sou Gilbert Blythe. É um prazer conhecê-la, senhorita.
—É um prazer conhecê-lo também— você diz sorrindo.

Você foi para sua mesa e se sentou ao lado de Diana, virando a cabeça para olhar para Gilbert, que já estava te olhando. Você sorriu estranhamente e se virou, suas bochechas quentes.
—Você tem certeza que ele não é bonito?— Diana perguntou rindo.
—Talvez um pouco— você diz rindo enquanto abre seu livro esperando a aula começar. Durante toda a aula você pode sentir olhos te encarando, te deixando um pouco desconfortável. Olhando em volta, você vê Gilbert te encarando. Rapidamente você se vira, focando na sua lição, agora ainda mais desconfortável sabendo que ele está acompanhando cada movimento seu.

No lanche, você se sentou sozinha. Você frequentemente faz isso, precisando de um tempo sozinha, e aproveitando para descansar o que você não consegue em casa. Inclinada numa árvore, você abre seu livro, que você nem sequer lê, apenas segura ele como um sinal de que você quer ficar sozinha. É uma pena que nem sempre funciona. Você sente alguém cutucando seu ombro.
—Meu Deus— você ri. Gilbert estava na sua frente com um sorriso no rosto.
—Desculpe, não queria te assustar— ele disse, coçando a nuca— Posso sentar com você?
Você não sabe o que responder, mas acena. Ele se senta ao seu lado e te oferece uma maçã
—Achei que você fosse querer uma. Ela é do meu pomar e é realmente bem doce.— ele disse sorrindo docemente. Você fecha o livro e pega a maçã.
—Obrigada.— você diz mordendo um pedaço. Normalmente, você não come coisas tão gostosas quanto maçãs em casa. Costuma ser só um pão seco com água.
—Hmmm, está muito gostosa.
—Essa é ou não é a maçã mais gostosa que você já comeu?
—Essa foi a única maçã que eu já comi— você diz sem realmente pensar nas consequências.
—Você nunca comeu uma maçã?— Gilbert pergunta franzindo a testa. Droga, eu não devia ter dito isso.
Eu...— você tenta dizer algo, mas não consegue pensar em nenhuma desculpa para dar. O sinal toca e você imediatamente levanta— Nós diviamos voltar para a aula— você diz pegando suas coisas e rapidamente indo embora, deixando um Gilbert confuso para trás. Ao sentar na sua mesa, você afunda sua cabeça em suas mãos. Eu sou tão burra.

Você tenta prestar atenção na aula, mas não consegue pois consegue enxergar, pelo canto dos olhos, Gilbert te encarando. Quando a aula acaba você rapidamente junta suas coisas, pega seu casaco e chapéu e vai para casa. Casa. Você não queria voltar, mas se demorasse provavelmente ficaria sem comer.  Você ouve passos atrás de você, e quando se vira vê Gilbert correndo até você com um sorriso fofo.
—Ei, S/n, posso andar com você até sua casa?—ele pergunta já andando com você.
—Eu não acho que seja uma boa ideia.— você diz olhando pro chão
—Por que não?
—Minha mãe provavelmente não vai gostar— você aperta o passo.
—Então não conte para ela.
—Você quer que eu minta para minha mãe?
—Bem, não é realmente mentir... eu posso só andar com você, por favor?
—Tudo bem— você ri.
—Então, há quanto tempo você mora aqui?
—Há mais ou menos cinco meses.
—Você gosta daqui?— ele pergunta, a mão dele encosta na sua e a faz se arrepiar.
—Hum, é l-legal, eu acho.
Ele ri e segura sua mão. Por que ele está segurando minha mão? Por que ele está segurando minha mão? Você cora muito, mas não solta a mão dele. Ele sorri para você e você sorri de volta, vendo que ele também está corado.
—Hum, nós devíamos parar aqui— você falando quando vocês chegam no final da floresta— não quero que a minha mãe te veja.
—Tudo bem, então. Até amanhã.
—Até!— você respondeu indo em direção à sua casa. Tremendo, você abre a porta e entra silenciosamente, sua mãe ainda estava dormindo. Você começa a lavar a louça, e acidentalmente derruba uma xícara no chão, fazendo-a se quebrar em pedacinhos. Oh meu Deus, não. Você rapidamente olha em volta e vê sua mãe. Ela acordou. Ela te olha com puro ódio, e você entra em pânico.
—Desculpa, mãe, foi um aciden...— ela te dá um tapa na cara.
—Seu pedaço de lixo inútil!— ela grita e te dá um soco na cintura, fazendo você cair no chão. Alguns cacos entram nas suas mãos e pernas.
—Vá pegar uma vassoura e limpe a bagunça que você fez!
—S-sim, m-mãe.— você rapidamente se levanta e limpa seu vestido. Você tira os cacos do seu corpo, se contorcendo toda vez e começando a chorar. Isso vai deixar algumas cicatrizes.

De noite, você não consegue dormir e se olha no espelho. Tem um machucado escuro se formando na sua cintura e seu rosto está vermelho. Você não se importa muito com o seu rosto, já que a marca sempre some. Tentando focar em uma coisa boa, você pensa em Gilbert. Em como ele segurou sua mão e andou com você até em casa, fazendo-a sorrir sozinha. Você não pode esperar até vê-lo de novo amanhã, e tenta dormir.

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Autora: mangoesblythe

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xoxo, soso

Imagines Gilbert BlytheOnde histórias criam vida. Descubra agora