Capitulo 4

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  — Meu Deus, Buba! — Sandra exclamou ao ver as duas linhas no teste de farmácia. Ela confirmou que realmente estava grávida, seu filho ou filha estava crescendo em seu ventre — eu vou ser mãe de novo — as lágrimas então caíram do rosto da mais nova, e a psicóloga logo a acalentou com uma abraço.

  — Você vai ser mãe, e eu vou ser titia — Buba ainda abraçava Sandra e deu alguns pulinhos.

  — E agora? Como será que eu falo pro João? E pro resto da família eu conto como? — Sandra estava bastante nervosa, apesar de feliz. De novo, apesar de muito amada, não foi uma gravidez planejada.

  — Calma, Sandra! Assim nem parece que você é casada, e além de muito bem casada, tem um império de cacau — Buba riu, e a fala dela despertou a racionalidade em Sandra.

  — Buba, é que não é só isso. Tem tanta coisa envolvida, imagina se eu perco esse bebê de novo... — Sandra ainda não havia se acalmado após a descoberta.

  — Sandra, você não vai perder esse bebê, nós já falamos sobre isso — Buba chamou a atenção da cunhada — Se permite ser feliz. Você merece e muito depois de tudo que passou — ela deu um sorriso grande para Sandra, que retribuiu com um pouco menor — Agora vamos sair desse banheiro de farmácia que tem um cheiro péssimo — as duas riram juntas.

  — Vamos naquele restaurante que eu te falei uma vez? Eu adoro a comida de lá — Sandra sugeriu, já saindo do banheiro.

  — Claro, até porque você agora tem que comer pelo meu sobrinho também — Buba disse e as duas riram novamente e seguiram para o carro.

  As meninas almoçaram, depois seguiram para o Shopping, para esperar o horário do exame. Sandra ainda estava em êxtase, não tinha processado completamente a notícia, estava muito feliz, mas também estava com medo, algo que ela achava que não ia passar até ela segurar aquele bebê em seus braços.
 
  — Sandra, vamos naquela loja de bebê? — Buba convidou, queria comprar um presente para o sobrinho.

  — Acho que por agora não tô precisando de nada, sobrou tanta coisa que compramos pra Santinha — Sandra disse triste, ainda era doloroso falar da filha.

  — Mas eu quero comprar um presente pra esse novo bebê, meu sobrinho.

  — Nossa, mas como essa tia é babona — as duas riram da fala de Sandra.

  Elas então seguiram para a loja. Era linda, cheia de roupas de bebê e os outros itens do enxoval. Sandra sentiu um arrepio logo que entrou, era onde havia comprado a maioria das coisas para Maria Santa, as lembranças chegaram em sua mente e a vontade de chorar foi instantânea. Ela deixou a primeira lágrima cair, e Buba logo a abraçou de forma leve, tentando a acolher, ela então limpou a lágrima solitária e daquele momento em diante decidiu viver aquela gravidez. Era uma nova chance para ela ser mãe, e ela não podia  passar o tempo todo sofrendo pela filha que havia cumprido sua missão. Sandra precisava curtir o nova gestação e amar o novo bebê.

  — Você quer ir para outra lugar? — Buba sugeriu.

  — Não, eu mereço essa segunda chance, e esse bebê merece uma mãe completa, tenho que recuperar a parte de mim que foi junto de minha filha — Sandra afirmou.

  As duas então começaram a olhar a loja. Buba se encantou pelos sapatinhos de crochê, e escolheu os amarelos, para tentar trazer mais alegria ainda para o casal e para o bebê. Já Sandra viu body com um arco-íris bordado, e lembrou de algo que havia lido sobre os bebês que vem depois de uma perda gestacional: os bebês arco-íris, que vem depois da tempestade. E assim ela decidiu levar.
  Depois, Sandra e Buba seguiram para o laboratório, onde o exame buscado confirmou o que já era de conhecimento das duas: teria mais um membro na família.

  — Nossa, e você tá super grávida, olha esse beta, foi quase 400! — Buba exclamou, sorrindo.

  — Que isso seja um bom sinal — Sandra tentava manter a calma.

  — É sim. Quer que eu volte dirigindo? já tá tarde e você deve estar cansada — a psicóloga sugeriu.

  — Pode ser, mas espero que essas mordomias continuem quando eu estiver com um barrigão de novo — Sandra brincou.

  — Não só as mordomias, como também as vindas pra Ilhéus pra comer e fazer compras — as duas riram.

  Elas sabiam que aquele dia havia criado um laço que não seria quebrado. Uma amizade que estava se formando junto da nova vida que viria.

Segunda chance - JosandraOnde histórias criam vida. Descubra agora