Capítulo Quatro

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"Bom dia, diário. Estava me arrumando e lembrei que não te contei sobre o jantar de ontem. A comida estava ótima e nunca comi uma torta de maçã tão boa. Mas estou quase atrasada, então vou ser rápida.

Preciso confessar algo que me incomodou a noite toda e me deixou sem dormir, mesmo depois de pedir perdão várias vezes. Eu... roubei um pedaço de torta e coloquei na minha bolsa. Depois menti sobre isso... e não me sinto mal. Na verdade, me senti bem vendo Fay sorrir por causa do pedaço de torta. É engraçado pensar que começamos nossa amizade porque eu roubei um pedaço da torta favorita dela.

Não me arrependo e isso me faz sentir culpada. Toda vez que peço perdão, sei que não é de coração, porque não estou arrependida de verdade. Isso me deixa culpada e com insônia. Mesmo depois de rezar várias vezes, ainda não me arrependo. Tento me convencer de que fiz o bem ao próximo, como a Bíblia diz, mas pelo caminho errado. Será que isso pode me condenar?

Eu e Fay estamos ficando amigas e vou ajudá-la! Não para diminuir minha culpa, mas porque sinto que é minha missão. Ajudando Fay, farei o bem pelo caminho certo. Vou continuar pedindo perdão, pois sei que pequei, mesmo que me sinta bem com isso. Ótimo, mais um pecado. Sinto que pequei mais nessas 24 horas do que em toda minha vida... roubar, mentir, e me sentir bem por pecar.

Bom, preciso ir agora, mas vou tentar te manter atualizado entre as aulas e o intervalo."

Fechei meu caderno e o coloquei na mochila.

Tenho que admitir, estou muito animada para este ano letivo. Afinal, é meu último ano escolar e, em breve, estarei indo para a faculdade. Então, quero viver este ano intensamente. Vou começar lendo todos os livros que sempre quis ler na biblioteca. Também estou pensando em formar um clube de artes e inspirações. Quero começar a praticar algum esporte e pretendo ajudar na preparação do baile de primavera. Como eu disse, vou viver meu último ano letivo intensamente.

Suspirei, coloquei a mochila nas costas e sorri ao ouvir a buzina do carro. Me apressei para sair de casa e rapidamente entrei no carro.

— Preparada, filhota? — Meu pai me olhou pelo retrovisor. Eu assenti animada.

— Muito, pai, este ano vai ser meu ano! — Ele sorriu e deu partida no carro. Olhei pela janela e suspirei assim que o carro começou a se mover.

Estou ansiosa para este ano, mal posso esperar para viver tudo que me aguarda!

Finalmente vou rever Nam, voltar para o estúdio de pinturas e assistir às aulas. Ah! Também tem a Fay. Estou ansiosa para mostrar a escola para ela e seguir com meu plano de ajudá-la. Ontem tivemos um momento leve e eu gostaria que continuasse assim. Bom, como eu disse antes, talvez ela só precise de uma amiga, e eu posso ser essa amiga. Enfim, estou animada para viver intensamente tudo que Deus me permitir viver!

...

Assim que abri meu armário, guardei minha mochila e peguei alguns livros. Por falta de tempo, acabei não os devolvendo para a biblioteca no ano anterior. Mas conversei com Anna, a bibliotecária, e ela estendeu meu prazo até o início das aulas. Bom, preciso devolvê-los antes do início das aulas. Fechei o armário e só assim notei a presença de Fay ali.

— Ei, você. — Ela me cumprimentou e sorriu fracamente.

A garota usava suas roupas despojadas. Na verdade, a falta de roupa que me deixou... como posso dizer? Incrédula, talvez? Não sei, mas era... revelador demais.

Ela estava usando uma regata branca com detalhes pretos nas alças e na gola, que contrastava bem com a pele dela. Uma blusa simples, e justa. Mas não era exatamente isso que me chamou a atenção... E sim sua calça, ou melhor dizendo, sua falta de calça, porque não tem como chamar o que ela estava usando de calça. Os rasgos de sua calça eram grandes, especialmente nos joelhos e nas coxas, novamente, era revelador demais.

Against All The Odds That Exist Between Us || FayMay Onde histórias criam vida. Descubra agora