Capítulo VI: The Three Bad Wolves

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"Porquinho, porquinho, deixa-me entrar', disse o lobo para o porco. 'Não, pelos pelos do meu que… que… quei… queixo', disse o porco ao lobo" - Os três porquinhos

Povo  Nick:

A manhã ainda estava fria quando cheguei ao local do incêndio. As marcas do fogo que consumira o velho armazém ainda estavam frescas, o cheiro de madeira queimada e cinzas pairando no ar como um lembrete pungente do que acontecera na noite anterior. Me aproximei dos destroços com cuidado, observando os bombeiros e policiais que ainda trabalhavam na área. A cena era desoladora, mas não pude deixar de sentir que havia algo a mais, algo além das chamas e da destruição.

Enquanto caminhava pelo local, vi Hank conversando com um bombeiro. Ele me avistou e fez um gesto para que eu me aproximasse.

— Nick, o chefe dos bombeiros disse que o fogo começou de forma estranha, como se houvesse algum tipo de acelerante. E veja isso — Hank me entregou um pedaço de madeira carbonizada que ele havia encontrado. No meio da fuligem, havia uma marca peculiar, quase como um símbolo gravado à mão.

— Isso parece... familiar — murmurei, sentindo um arrepio. Minha mente estava a mil, tentando identificar aquele símbolo. Era como se eu já tivesse visto algo parecido em um dos antigos livros de minha tia Marie.

Enquanto refletia sobre o símbolo, Hank continuou:

— E há mais uma coisa. Um dos vizinhos disse ter visto alguém rondando o armazém na noite passada. Descreveu o suspeito como alguém de aparência incomum, com olhos brilhantes. Ele estava usando um capuz, mas o vizinho disse que, quando ele se virou, por um momento, parecia ter... presas.

Isso confirmava minhas suspeitas. Só podia ser obra de um Wesen. Mas quem estaria por trás disso? E por quê? A resposta talvez estivesse na história conturbada entre as famílias Donatelli e Mancini, que há décadas se enfrentavam numa rixa sem fim. Mas o que mais me intrigava era o possível envolvimento de um Wesen. Resolvi que era hora de chamar Monroe.

Monroe é um Blutbad, um tipo de lobo que vive à margem da sociedade humana, mantendo suas tendências naturais sob controle. Ele é um aliado inestimável e um dos poucos em quem posso confiar plenamente. Liguei para ele e expliquei a situação, pedindo que nos encontrássemos no local do incêndio.

Enquanto esperava, continuei a investigar os arredores. A cena estava começando a se esvaziar, os bombeiros recolhendo suas mangueiras e os policiais terminando de registrar os danos. Foi então que percebi uma figura familiar se aproximando. Monroe chegou, sempre discreto, mas com aquele jeito peculiar que o fazia se destacar. Ele me deu um breve aceno e se aproximou dos destroços, farejando o ar sutilmente.

— Está sentindo alguma coisa? — perguntei, tentando manter a conversa casual. Ele sempre se sentia mais confortável assim, sem pressão.

Monroe franziu a testa, o olhar fixo nos destroços. Seus sentidos de Wesen eram muito mais aguçados que os meus, e eu sabia que ele podia captar nuances que eu nunca conseguiria.

— Tem algo aqui, com certeza. Mas é estranho... — ele parou, como se estivesse processando a informação. — É como se eu conhecesse esse cheiro, mas... não sei de onde.

Foi nesse momento que algo inesperado aconteceu. Uma mulher apareceu do nada, se aproximando de Monroe com uma expressão de choque. Ela tinha uma aura distinta, uma mistura de determinação e vulnerabilidade. Seus olhos, de um verde profundo, se arregalaram ao ver Monroe.

— Freddy? — A voz dela era suave, mas cheia de surpresa e emoção.

Monroe ficou pálido. Olhei para ele, confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Ele raramente usava seu nome de nascimento — Freddy — e sempre evitava falar sobre seu passado.

— Clara? — Monroe respondeu, a voz tremendo levemente. — O que você está fazendo aqui?

Ela hesitou por um momento antes de responder, como se estivesse lutando contra uma enxurrada de emoções.

— Eu ouvi sobre o incêndio e... bem, sabia que você poderia estar envolvido. Precisamos conversar, Freddy. Sobre o passado... e sobre o que aconteceu.

A tensão no ar era palpável. Era evidente que havia muito mais nessa história do que eu podia entender naquele momento. Monroe estava claramente abalado, o que não era comum. Clara parecia conhecer um lado dele que eu nunca tinha visto, um lado que ele mantinha escondido.

— Nick, acho que você deveria saber — Monroe começou, virando-se para mim. — Clara... ela é uma Fuchsbau. E temos um passado complicado.

Fiquei surpreso. Uma Fuchsbau, uma raposa travessa e astuta, conhecida por sua habilidade em manipular e enganar. Isso explicava a intensidade da situação. Mas o que significava para nossa investigação?

Antes que eu pudesse perguntar mais, Clara se aproximou e sussurrou algo para Monroe, algo que o fez arregalar os olhos. Ele se virou para mim, a expressão grave.

— Nick, isso é maior do que pensávamos. O incêndio... foi uma armadilha. E eles estão atrás de nós.

De repente, tudo fez sentido. O símbolo, o incêndio, a aparição de Clara. Algo sombrio estava se movendo nas sombras, algo que envolvia as duas famílias em conflito e, de alguma forma, estava ligado ao mundo dos Wesen.

— Precisamos sair daqui, agora — disse Clara, o tom urgente. — Não temos muito tempo.

Sem hesitar, Monroe e eu a seguimos, deixando para trás as ruínas ainda fumegantes do armazém. À medida que nos afastávamos, a sensação de perigo iminente crescia. Estávamos entrando em algo muito maior, algo que poderia mudar tudo.

E, no fundo, eu sabia que as respostas estavam em algum lugar entre o passado de Monroe e o presente sombrio que estávamos começando a desvendar. A jornada estava apenas começando, e o caminho à frente era cheio de incertezas e perigos. Mas, como Grimm, eu estava preparado para enfrentar o que viesse, mesmo que significasse enfrentar os demônios do passado de meus amigos.

A noite prometia ser longa.

A vida de Nick Burkhardt Onde histórias criam vida. Descubra agora