Capítulo 02 - Fico Assim Sem Você (Claudinho e Buchecha)
-Roberta, você virou a noite trabalhando na Pri? - Carolana questionou a amiga. Roberta confirmou. - Depois de rodar o dia inteiro no carro? - Outra confirmação. - E tá em pé até agora? - Preocupada. - Roberta, tu não tá metida com droga, tá?
- Cá, dá para se concentrar no que é realmente importante? A Bia quer encontrar comigo! Tu acha que eu vou conseguir dormir?
O primeiro contato de Bia foi por meio de uma mensagem escrita. Depois de semanas evitando qualquer tipo de aproximação, sua foto voltava a aparecer entre os contatos da esposa. A única fonte de informações que Roberta tinha de Bia era através de Anne e Carolana, um casal de amigas de Bia que também se tornaram amigas de Roberta. Bia trabalhava como bancária em uma agência em Ipanema onde Anne era subgerente. Após sair de casa, ela se hospedou em um kitnet, também em Ipanema, que pertencia à família de Anne e a holandesa emprestou para que Bia não gastasse com aluguel. Bia não deu o endereço a Roberta, que só soube por meio de Carolana.
Sem saber onde Bia estava, Roberta a esperou na saída de seu serviço para convidá-la para ir a um lugar mais reservado para conversarem. Bia se negou a acompanhar Roberta e foi embora de carona com Natália, gerente da agência, que andava bem próxima de Bia. Carolana, que também esperava sua esposa encerrar o expediente, ficou com dó de Roberta e revelou onde Bia estava e seu endereço.
Roberta nunca foi procurá-la nem nada do tipo, só queria saber se a outra estava bem. Às vezes precisava falar com Bia por motivos práticos, como por exemplo, avisar a chegada de encomendas em seu endereço antigo e algo do tipo. Como estava bloqueada e Bia não queria vê-la, deixava recado com Carolana e aproveitava para perguntar se Bia estava bem, se estava se cuidando. Habituou-se a usar a amiga como meio de comunicação entre elas e achou que seria assim por um bom tempo ainda até voltar a ver a foto da esposa na conversa das duas no WhatsApp. Como pode um "Oi, posso te ligar?" enchê-la de esperança naquele tanto?
Imediatamente respondeu que sim. Em menos de um minuto seu celular tocou. Atendeu depressa, com o coração aos pulos.
- Oi, Rô... Bom dia...
- Oi, Bê... Saudade de ouvir sua voz. Tudo bem?
- É... - Bia respirou fundo, como se precisasse de coragem para seguir adiante. - Vai ficar. Eu... Eu acho que a gente precisa conversar...
- É o que mais quero, esse tempo todo, Bê... Te juro que eu não penso em outra coisa que não seja acertar as nossas pendências. Tô muito feliz que você tenha chegado a essa conclusão... A gente tem uma vida toda juntas pra ficar desperdiçando tempo.
- Rô, não dá pra ter essa conversa por telefone.
- Claro. Você quer vir aqui? Depois das oito eu arrumei um bico de manobrista em uma festa de quinze anos no Leblon, mas eu devo passar o dia em casa. Se você quiser vir, eu tô aqui...
- Não... É... Você lembra da creche da Clarinha? Pode ser lá perto?
Clarinha era sobrinha de Bia, filha de Gustavo, seu irmão caçula. Devia ter nove meses de idade. Gustavo teve Clarinha com Larissa, uma garota jovem, tão inconsequente quanto ele. Volta e meia Gustavo recorria à irmã para socorrê-lo com a sobrinha. Bia não levava jeito com crianças, mas ajudava o irmão. Bia e ele perderam a mãe cedo, o pai casou com outra e abandonou os dois nas mãos de tias que nem moravam mais no Rio. A única família que Bia tinha por perto era o irmão e vice-versa.
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Cobaia - Juberta; Rosattaz
FanfictionRio de Janeiro, dias atuais. Roberta Ratzke Montibeller é uma ex-atleta profissional, que foi abandonada pela esposa, Bia, e passa por uma crise financeira. Muito esforçada e resiliente, Roberta experimenta uma sorte de empregos. A amizade de sua ir...