Bruxa do guarda-roupa

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ㅤㅤJay havia acabado de chegar em casa, e o lugar como sempre estava vazio. Apesar das várias empregadas e funcionários circulando pela casa, ainda era como se tudo estivesse vazio. Adentrou o seu quarto jogando a mochila em cima da cama, suspirou cansado e se deitou no carpete no chão.

Tinha um turbilhão de pensamento em sua cabeça, e tudo estava lhe deixando tão confuso. A pressão que estava recebendo de todos, de seu pai e até mesmo de pessoas que nem sequer conhecia, apenas alunos irritantes que o param no corredor da escola para dizer algo como "estamos contando com você Jay, não nos desaponte". E seu maior medo era desapontá-los. Todos haviam colocado tanta esperanças nele, e poxa.. Ele era só um adolescente querendo viver a adolescência de maneira comum, mas a maldição de ser um Park o perseguia.

Estava esparramado no chão do quarto, estava tudo escuro e a porta fechada, não havia fonte de luz alguma ali, era até deprimente. Até que a porta se abriu e a luz do corredor iluminou seu rosto tristonho. A garotinha que agora estava dentro de seu quarto, se deitou em cima do corpo de Jay, com maior cuidado. Jay passava as mãos lentamente sobre os fios de cabelos da garota, que estava tão relaxada em cima de si que conseguia escutar sua respiração.

─ Por que não me disse que tinha chegado? ─ A garotinha perguntou.

─ Me desculpe. Eu estava um pouco cansado. ─ Sorriu para ela. Por mais que Jay estivesse esgotado demais para sequer conseguir sorrir, fazia um esforço para dar um sorriso bem lindo para a irmã.

Gyuri era sua irmã mais nova, a garota tinha seus sete anos de idade e já era muito esperta, conseguia entender quando Jay estava triste ou cansado, e sempre tentava ajudar o irmão, do seu jeitinho. Seus pais nunca foram muito presentes, sempre estavam fora resolvendo coisas de trabalho, que Jay acabou se tornando mais pai da pequena Gyuri do que seus próprio pai. Sua mãe era ausente, mas sempre tentava de alguma forma estar mais próxima dos filhos, bem diferente do pai que nem sequer ligava.

─ Papai disse que você entrou na escola nova para caçar uma bruxa. ─ Sua fala era tão inocente. ─ Oppa, você vai matar alguém?

Jay só queria agarrar Gyuri e levá-la para um lugar bem longe dali, em um lugar onde uma criança de sete anos não tenha que se preocupar com o irmão mais velho matando coisas vivas por aí.

─ Não. Eu não vou.

─ Me promete? ─ Ela subiu o olhar até os olhos de Jay.

Ele queria poder dizer que sim, que prometia para ela que nunca iria derramar uma gota de sangue sequer, que não iria sujar suas mãos, seria limpo disso. Mas por que ele não conseguia? Porque ele tinha que fazer. O silêncio se estendeu pelo quarto e a garota esperava ansiosamente pela resposta do irmão.

─ Você já tomou banho? ─ Evitou o assunto da promessa. ─ Levante, se limpe para o jantar.

A garota se levantou emburrada, com um bico nos lábios. Jay sorriu e deu dois pequenos tapinhas em sua cabeça dela sair do quarto e fechar a porta; E então, a escuridão havia voltado.

Na hora do jantar, a mesa estava vazia. O lugar era tão silencioso que qualquer um conseguia escutar o som de sua boca mastigando a comida com clareza. A enorme mesa que só havia ele e sua irmã, que estava sendo alimentada por uma das babás. Jay forçava a comida a descer por sua garganta, a comida estava boa, obviamente seus pais haviam feito questão de ter um ótimo chefe apenas para cozinhar para eles ─ Mesmo eles nunca estando lá para provar da comida. ─, mas de repente era sem sal, sem graça, não lhe fazia feliz. Sorriu nasal de seu pensamento; Como a comida iria lhe fazer feliz?

Terminou sua refeição e subiu para seu quarto, junto de Gyuri, que foi para o quarto dela coçando os olhinhos com sono.

Jay estava deitado em sua cama, apenas observando o telhado e pensando. Pensando no que iria fazer a partir de agora. Suspirou e decidiu que iria dormir, quando do nada escutou um grito afinado vindo do quarto ao lado, de sua irmã. Se levantou rapidamente da cama e foi correndo até o quarto para ver o que tinha acontecido, quando chegou lá, a garota estava assustada e correu para abraçar as pernas do irmão.

─ O que aconteceu? ─ Se abaixou, ficando na altura dela.

─ Tem um monstro ali.. ─ A garota apontou para o guarda-roupa e escondeu o rosto na curvatura do pescoço de Jay.

─ Não deve ser nada, docinho. ─ Passou as mãos na cabeça dela.

─ Mas eu vi! Por favor, olhe ali.

Pegou na pequena mão da irmã e se levantou, indo até o guarda-roupa. Quando observou o móvel e o abriu, como esperado, não tinha nada lá. Olhou para a garota que estava agarrada em seu braço e iria levá-la para dormir em seu quarto, mas escutou um grunhido vindo de dentro do móvel. Se aproximou lentamente, mas não conseguia ver nada além das roupas da garota, mas semi cerrou os olhos quando viu duas coisas brilhando na cor verde no fundo do guarda-roupa.

Deu vários passos para trás assustado, quando percebeu que eram dois olhos piscando. Levou a irmã para fora do quarto e foi correndo até o seu, abriu uma gaveta fechada debaixo da sua cama, e pegou a espingarda guardada ali. Seu sangue fervia em raiva, estava tão confiante de que iria matá-lo hoje mesmo. Saiu do quarto colocando as balas no tubo da arma, se pôs de frente para o guarda-roupa e começou a atirar sem parar no lugar onde havia visto os olhos, acertando em cheio no braço da criatura. Sua irmã gritava enquanto tapava os olhos com as mãozinhas, já tendo algumas lágrimas escorrendo em suas bochechas gordinhas.

Jay nem sequer via mais os olhos da criatura, mas sua raiva era tanta que atirava sem parar. Ainda não acreditava que Jungwon tinha sido capaz de vir atrás de sua irmã. Essas bruxas estavam se mostrando ser exatamente como seu pai dizia. Quando as balas acabaram, jogou a arma em cima da cama e observou o móvel cheio de furos. Correu até sua irmã, a pegando no colo e levando para seu quarto.

─ Você está bem? Ele fez alguma coisa com você? ─ Passava a mão pelo corpo da garota, procurando qualquer ferimento. ─ Não precisa chorar.. Eu vou cuidar disso.

Abraçou a garota fortemente. Que bom que não havia prometido à ela que não iria matar nenhuma bruxa, porque ele iria.

Supernatural - JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora