ㅤㅤJay estava sentado na cama com os olhos fechados enquanto Jungwon andava de um lado para o outro com a mão no queixo.
─ Pretende dar quantas voltas no quarto?
─ Shiu. Eu estou pensando.
Jay arqueou uma sobrancelha para o garoto que o mandou calar a boca, e logo mostrando o dedo do meio para Jungwon. Jay respirou fundo e se levantou da cama, cansado de ver Jungwon andando de um lado para o outro tentando achar uma solução para algo que não tinha.
─ Olha, idiota. ─ Colocou as mãos nos ombros de Jungwon, o impedindo de dar mais uma volta no quarto. ─ Não tem o que fazer.
─ Idiota é você. ─ Deu um peteleco na testa do outro, que soltou seus ombros para cobrir o lugar dolorido. ─ Foi você que esqueceu de literalmente a coisa mais importante que você iria descobrir em toda a sua vidinha de merda.
Olhou para Jungwon com cara feia, ainda cobrindo o machucado. Estava com o rosto todo ferrado, mas nenhum daqueles machucados doía como os petelecos de Jungwon doía.
Parecendo um pouco culpado por ter ferido Jay, Jungwon pegou em sua mão e o levou para o banheiro. Colocou Jay sentado na privada com a tampa fechada, abaixou até o armário e retirou de lá um quite de primeiros socorros.
─ Você novamente vai curar meus ferimentos. Pensei que quisesse me ver mal.
─ Eu pensei que quisesse me matar, mas se recusou a fazer.
Jungwon se referia a noite em que sua avó morreu, quando tudo o que ele queria era morrer, mas tudo que Jay queria era fazê-lo viver. O mais novo ficou entre as pernas abertas de Jay, pegou no queixo dele levantando sua cabeça. Naquela hora Jay engoliu o seco, Jungwon ficava de outra maneira quando visto daquele ângulo, rolava seus olhos por todo o rosto do mais novo, observando cada detalhe, não deixando nada de fora. O que não foi despercebido por Jungwon.
Ele passava uma pomada nos ferimentos menores do rosto de Jay, mas tentava disfarçar seu coração batendo tão forte que talvez Jay pudesse até mesmo escutá-lo. O pior daquele sentimento é que nenhum dos dois entendia, há um mês atrás, quando apenas se trombavam nos corredores da escola, sentiam ódio escorrer por suas veias. Mas agora em momentos em que os dois estavam vulneráveis, sentiam vontade de vomitar, mas sabiam que não era nojo.
Jay piscava diversas vezes repetidas, e já não aguentando mais a adrenalina que era olhar nos olhos de Jungwon, virou o rosto. Mas foi em vão, Jungwon novamente agarrou seu rosto o virando para si.
Seus corações batiam tão rápido que estava começando a doer, estavam ansiosos, esperavam ansiosamente por algo que nem sabiam o que era. Se contiam, com medo de algo que nem sabiam o que era. Jay suspirou e se levantou, agora era Jungwon quem olhava para cima para poder observar os olhos do outro. Estavam tão próximos que era capaz sentir o calor do corpo do outro, mas estavam complemente loucos, porque aquilo não parecia o suficiente. Não era perto o suficiente. Não era da forma que eles queriam.
Aos poucos seus rostos iam se aproximando cada vez mais, sabiam exatamente o que poderia acontecer caso nenhum dos dois desviasse, mas nenhum queria desviar. Um choque percorreu pelo corpo de ambos quando seus narizes se tocaram por conta da proximidade, mas foi como um choque de realidade, pois Jungwon havia saído do seu conto de fantasias e se deu conta da realidade, aquele tipo de toque era proibido entre eles, eram inimigos, certo? Jungwon desviou, abaixando sua cabeça, a escondendo no peitoral de Jay.
Seu peito subiu e desceu lentamente, em um suspiro pesado. Por que se sentiam culpados por querer continuar? Mas não era assim que funcionava.
─ Seu coração.. ─ Jungwon colocou sua mão no peito de Jay, sentindo seu coração bater rapidamente, sem parar.
Naquele momento ele se perguntava por que o garoto fazia aquilo com ele. Era sacanagem ser extremamente lindo e pagá-lo desprevenido, totalmente vulnerável.
Aquela sensação estava o matando, não aguentava mais um segundo sequer. Então, decidiu esquecer que era um caçador na cola de uma bruxa. Colocou suas duas mãos nas bochechas do garoto, levantando seu rosto, seus olhos se encontrando com os seus. Juntou seu lábios nos de Jungwon rapidamente, se tivesse que ficar longe dele mais alguns minutos, sentia que iria explodir.
Jungwon não se surpreendeu, ele estava esperando por aquilo a um tempo. Não poderia negar que em toda essa semana que ficou longe de tudo e todos, a única coisa que vinha a sua cabeça era o caçador. "Como ele deve estar sem mim?".
Colocou suas mãos por cima das de Jay, aprofundaram o beijo cada vez mais, era desajeitado por conta do desespero, mas ainda era gostoso. Jay sentia vontade de passar suas mãos por todo o corpo de Jungwon, queria explorá-lo e vê-lo de todas as formas possíveis. Mas junto da falta de ar, a consciência pesada se fez presente. Não sabiam porquê se sentiam culpados por isso, não era nada errado, certo?
Jay olhou Jungwon nos olhos, poderia arriscar dizer serem os olhos mais lindos que já havia visto em toda a sua vida. Jay passou sua mão pela testa do garoto, retirando uma mecha de cabelo rebelde, que caia sobre seus olhos.
A cabeça de Jungwon martelava sem parar, ele parecia uma bomba relógio prestes a explodir, e qualquer movimento de Jay era um perigo para sua sanidade mental. Arranhou a garganta com uma tosse falsa e saiu do banheiro, deixando Jay desnorteado para trás.
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ㅤㅤNo dia seguinte, os pais de Jungwon se surpreenderam ao ver o filho sair do quarto de manhã, para o café. Sua mãe o abraçou e agradecia aos deuses por aquilo, ou talvez ela agradecia ao adolescente estranho que esteve em sua casa no dia anterior.Jungwon havia acordado de bom humor, mesmo que lá no fundo estivesse um resquício de culpa, preferia não pensar nisso e focar no que estava agradável no momento. Sem contar que era um sábado, tinha uma mesa cheia de comidas em sua frente, sua mãe e seu pai, como alguém ficaria triste com algo assim?
─ O que aconteceu? Aquele garoto que veio aqui ontem fez mágica em você.
Os olhos de Jungwon se arregalaram com a fala da mãe. Será que Jay realmente havia feito magia em si? Sorriu perdido em seus pensamentos, porque na verdade ele era a bruxa, mas pelo visto era Jay quem saia por aí soltando feitiços em garotinhos deprimidos. Os pais de Jungwon se entre olharam confuso, vendo o filho sorrir pro nada.
Mais tarde, Jungwon decidiu ajudar sua mãe na faxina da casa. Havia sido um peso para a mulher todo esse tempo, mesmo que ela também estivesse de luto, deixou tudo de lado para poder cuidar do filho. E por isso, não importava a forma que ajudasse a mãe, sempre iria sentir um pouco de culpa.
No momento, estava no porão da casa. Era um lugar do qual Jungwon entrava uma vez na vida e outra na morte, o lugar lhe dava arrepios, mesmo sendo em sua própria casa. Mas teve que engolir seu medo e limpar o lugar para sua mãe. Era tudo tão escuro e sujo, haviam várias cachas de papelão espalhadas pelo chão, armários velhos guardando porcelanatos antigos que sua mãe nem sequer deveria lembrar que estavam ali. A cada passo que dava, uma telha de aranha caia sobre seu rosto, e a poeira era tanta que tossia sem parar. Se arrependeu de todas as vezes que sua mãe lhe mandou limpar o porão, mas não foi por medo. Agora estava tudo uma completa bagunça, e o trabalho estava em dobro.
Decidiu começar organizando as caixas do fundo, indo direito no trabalho mais pesado. As caixas todas deformadas de tão velhas, Jungwon se perguntava a quanto tempo estavam ali. Uma em específico lhe chamou muita atenção, tinha uma fita branca ─ Já suja pela quantidade de poeira do lugar ─, e nela estava escrita "Eunji e Minseo."
Abriu um sorriso ao ler os nomes de seus tão queridos, agora falecidos, avós.
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Supernatural - Jaywon
Fiksi PenggemarEm uma pequena cidade, onde a normalidade reina, Jungwon, um jovem estudante do ensino médio, esconde um segredo profundo: ele possui poderes sobrenaturais. Desde pequeno, Jungwon percebeu que era diferente. Ele podia mover objetos com a mente, cont...