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Isabela

Ouvi o grito da minha mãe, mas estava ocupada prestando a atenção em não pisar na linha da amarelinha. Afinal, isso é a coisa mais importante da infância de alguém.

Ela ficou na porta de casa com a mão na cintura, me encarando, e aguardando. Continuei a brincadeira e assim que pisei na linha, sai para que a Julia pudesse ir na vez dela.

Atravessei a rua correndo e me aproximei da minha mãe.

Isa: Fala mãe, eu to brincando, ainda tá cedo e o papai nem chega por agora - Falei respirando fundo e com as mãos na cintura.

Isadora: Seu pai já disse que não quer você brincando com essas crianças. - Falou

Isa: Mãe, para de noia. Ta tudo suave - Falei e comecei a reparar movimentações estranhas na rua e pelo visto, a minha mãe também reparou.

Isadora: Julia minha filha, vem pra casa. - Falou e a Julia encarou ela

Julia: Tô indo tia, calma ai - Falou apontando

Isadora: Julia, vem agora. - Falou.

A Julia atravessou a rua e parou ao meu lado. Rodei o rosto a procura do Felipe que já tinha sumido da minha vista. Minha mãe puxou eu e Julia para dentro de casa.

Uma movimentação estranha corria no morro nesse dia, na tv anunciava chuvas fortes, afinal, era novembro.

Meu pai é o dono do morro do alemão, minha mãe a patroa. Hoje ele tinha saído em uma missão em um morro vizinho, ela estava na tentativa de ligar pra ele e nada se resolvia.

A Julia é minha prima, temos a mesma idade, 8 anos. A mãe da Julia é a minha tia Julietta irmã da minha mãe, ela é legal. Mas eu tenho alguns problemas com ela, minha mãe diz que é birra.

Tem também a minha madrinha, dinda Luisa. Minha favorita de verdade. Ela é casada com o Fabricio, irmão do meu pai e subdono do morro.

O pai da Julia é vapor do meu pai. Meu tio Gael, ele é legal, sabe?

O tiroteio estava a todo vapor, eu e a Julia nos abraçamos e ficamos quietinhas no sofá.

O coração a mil.

A VIBE DO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora