Está tudo caótico. Tudo dói, queima e dilacera o estômago. Ouço batidas e rosnados, está próximo, tão próximo que consigo sentir a catinga de gente morta. Seus passos se arrastando pelo asfalto, sua aparência degradante, roupas rasgadas de um estudante, não teria mais do que quinze anos, agora, era um ser sem consciência, apenas faminto por sangue.
Estamos em uma terra sem lei. Onde o maior inimigo do diabo teria medo de pôr os pés.
Minhas mãos seguram um taco de beisebol, trêmulas, tentava a todo custo controlar minha respiração, ele não parecia ter me notado, e era melhor assim, estou nessa situação a mais de cinco semanas, minhas vestimentas manchadas de sangue, meu corpo inteiro estava doendo, corrente invisíveis pareciam lutar para manter-me no lugar, minha vida e esperança tinha acabado, restava apenas a podridão dos corpos sem vidas que agora vagavam por entre as ruas procurando por comida. A anarquia está liberada como toxinas altamente inflamáveis, e os sobreviventes, como eu, eram apenas uma faísca.
Carne viva ou morta, não fazia diferença, eles se alimentavam de tudo. Soltavam grunhidos estranhos e aterrorizantes. O mundo está em caos.
Assim que a movimentação se dissipou, sai de perto da parede de tijolos que me separava de uma pequena sorveteria. Até então, meu destino inicial, pena que fui parado pelo catingoso.
Entrei no estabelecimento, indo até o balcão atrás de algo para me alimentar. Cada dia nesse lugar, pareciam dez anos reduzidos.
Vestia algumas roupas que encontrei em uma loja abandonada, e o meu tênis surrado. Amarrei meus cabelos para facilitar a visão. No chão ao meu lado, uma gaiola. Ali era a moradia de Reginaldo, meu papa capim, que vale salientar; Estava morto. Ele morreu antes mesmo dessa anarquia começar.
Eu o matei.
Tinha o encontrado na frente de um armazém na qual eu também consegui encontrar esse taco de beisebol. Podem me chamar de louco, ou do que quiserem, não vou perder a sanidade por isso.
Não lembro como vim parar aqui, só sei que é diferente da cidade em que vivia. No meu território natal, as coisas eram sempre frias, e eu era um professor de espanhol que trabalhava na universidade, sempre calado, na minha, e vez ou ignorando flertes dos outros professores que não sabiam o significado da palavra limite.
Era uma sexta feira, o dia estava frio, eu usava roupas e agasalhos em excesso, tinha acabado minha última aula do dia, agradecendo por ter feriado na semana seguinte. Poderia, enfim, ir para casa e me aconchegar nos braços do meu noivo, Jeon Jungkook.
Sai da sala dos professores antes que trombasse com Namjoon, o professor de biologia, ele vivia enchendo a minha paciência para termos um encontro, mesmo tendo a ciência de que tenho aliança no dedo, e alguém muito importante me esperando em casa. Eu não queria estragar minha sexta feira a noite, por causa de um tabacudo.
Sentei-me no ponto de ônibus para esperar o transporte público, me agarrei ao casaco que usava, espirrando uma ou duas vezes no processo. Pensava apenas no meu noivo, que a essa altura já deveria estar em casa.
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7 Dias de Anarquia - YOONKOOK.
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDO] [SHORT-FIC] Em um cenário desconhecido onde qualquer estranho se torna soberano, Min Yoongi se vê perdido sem saber como chegou lá e sem saber como escapar. Enquanto uma misteriosa torre do relógio começa a contar os segundos, ele enfren...