Maratona Acadêmica

Capítulo 04

— Fica à vontade, Laisa. — Kelvin falou, dando espaço para a jovem entrar.

— Licença... — Disse, um pouco tímida com a casa relativamente grande — Trouxe um bolo de chocolate pra gente! Não sei você, mas toda vez que eu estudo, fico morrendo de fome depois. Eu que fiz!

— Amo tudo que envolva chocolate, acertou na escolha! — Kelvin disse animado, pegando o pote vermelho e resistindo a tentação de abrir — A gente pode comer depois de terminar de estudar. Pode ser?

— Uhum. — Concordou, tirando o celular da mochila — Sua mãe não tá em casa?

— Não tá. Ela sempre sai nos sábados à tarde, então vamos poder estudar mais à vontade. — Explicou, colocando o pote no balcão e seguindo até a sala — Vem! Organizei um cantinho aqui na sala e coloquei uns lanches leves e água aqui também, pra não precisar ficar levantando.

— Caramba, você é tão organizado! — Comentou, dando uma risada, tirando as coisas da bolsa — Se eu não soubesse que da fruta que eu gosto, você chupa até o caroço, eu acharia que era um date.

— Sua noção de date é bem simplista né, querida? Ou insalubre, sabe-se lá. — Deu de ombros, rindo junto com a amiga.

— Depois discutimos isso. Agora, precisamos preparar você para a maratona de conhecimentos. Sabe, tava olhando o edital e as perguntas vão ser mais voltadas à história, principalmente da USP, então precisamos focar mais nisso. Você é bom em história?

— Eu sou bom em tudo! — Se exibiu, dando de ombros — Menos em esportes. Pareço aqueles bonecos de posto quando invento de correr.

— Pelo menos ainda consegue correr. Não aguento um minuto completo antes de querer me encolher numa bolinha e nunca mais levantar. — Ela riu, abrindo seu caderno e apoiando o celular na mesa, virando-o na horizontal — Já que você é bom em tudo, sabichão, vamos começar a pesquisar a história da universidade.

— E vamos de estudar 90 anos de história... — Kelvin falou com um suspiro, sabendo que teriam um estudo bastante intensivo a ser feito.

Eles acabaram por mesclar os assuntos, para que não ficasse repetitivo. Apesar de serem entusiastas por história, havia uma certa diferença entre estudar tópicos que eram mais dinâmicos e detalhistas e estudar algo por obrigação e relativamente chato como a história de uma instituição. Misturavam os conhecimentos gerais com específicos, deixando tudo mais leve com piadas sem graça e alguns macetes loucos que, surpreendentemente, funcionavam.

— Eu tô falando que faz sentido! — Kelvin defendeu seu ponto de vista — "Reza Julio As Avo Forte". Tem macete melhor para lembrar o nome dos primeiros reitores?

— E você jura que vai conseguir lembrar disso na hora? — Laisa rebateu — Mas pior que faz sentido.

— Sabia que você ia concordar comigo! — Comemorou. Ele amava estar certo — Você parece cansada, quer dar uma pausinha?

— Ai, quero. — Ela falou, fazendo manha de brincadeira, logo voltando ao normal — Acho que meus neurônios pararam de funcionar há meia hora. Quer bolo?

— Sempre! Vou buscar! — Kelvin disse, se levantando e buscando o pote vermelho esquecido no balcão — Aliás, já que estamos em intervalo e concordamos em falar sobre coisas insalubres...

— Ih, lá vem!

— Como foi com aquele rapaz lá da chopada? Você não precisou chamar a gente, mas também ficaram conversando por um bom tempo antes de voltar...

— Flertei mais pra me divertir mesmo. Um cara gato te olhando, você vai perder a oportunidade? — Pegou um pedaço de bolo molhadinho — Mas no fim das contas, ele só queria uma rapidinha no banheiro, então, deixei pra lá. — Falou dando de ombros, não parecendo tão decepcionada assim.