Capítulo 01

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— Roberta, abre essa porta! — Uma voz grave despertou o casal que se agarrava no sofá de uma sala de estar.

A voz estava atrás da porta de entrada do apartamento, e poderia ser menos preocupante se o homem que acompanhava Roberta, não interrompesse o beijo para perguntar.

— Você tá esperando visita? — Fez cara feia — Achei que íamos ter a casa todinha pra nós...

Realmente. Iam.

O filho da mulher estava num trote da universidade em que passou para Publicidade e Propaganda, estava cedo demais para voltar. Mas não era bem a voz dele que...

— Eu vou derrubar essa porta! — A voz ficou mais áspera e só então, Roberta terminou de quase matar sua companhia do coração.

— Eu não pensei que meu marido fosse chegar hoje de viagem! — O homem arregalou os olhos e se afastou dela imediatamente.

Que alívio!

— Você é casada?! — Estava branco feito cera e se desesperou quando o homem começou a girar a chave no trinco da porta.

— Eu esqueci — Com um sorriso amarelo, Roberta se fez de inocente — Mas calma, ele está sem as armas dele.

Ela viu o rosto do homem empalidecer ainda mais, em uma velocidade impressionante. Poderia morrer do coração com o pulo que deu no sofá, a olhando aterrorizado.

— ARMAS? — Puxou a blusa que estava jogada no chão e vestiu correndo.

Roberta ainda estava só de lingerie no sofá e não parecia querer vestir alguma coisa. Apenas apoiou-se no braço do sofá, ajoelhada no estofado vermelho, enquanto falava tranquilamente:

— Ele é advogado e tem posse de armas, mas elas ficam no cofre da nossa casa! — A porta do apartamento abriu e uma muralha de 1,80 e cara de poucos amigos olhava a cena no sofá — Amor, não é nada do que você está pensando!

Não houve tempo sequer de Amaury seguir o flagra, livrando Roberta mais uma vez de um date ruim, porque o próximo passo foi o homem com quem ela estava, pegar sua calça e sapatos e sair correndo porta afora.

De cueca branca, camisa vestida do avesso, calça e tênis nas mãos. 

O olhar do preto era indecifrável e ele podia sentir o gosto da decepção na boca, até fechar a porta do apartamento.

— Você precisa parar de se meter em furada nesses encontros Roberta! — Voltou ao seu semblante sem teatro, sorrindo para a ex-esposa e amiga — E parar de trazer homem pra cá!

— E eu tenho culpa se só tem bucha no Tinder? Não tá escrito na testa não, Amaury! - Deixou espaço no sofá pro homem sentar ao seu lado - E no divórcio eu fiquei com a casa, querido. Fodo nela com quem eu quiser!

Amaury tirou a gravata, abriu os primeiros botões da camisa e esticou os pés já sem sapatos para o colo da morena.

— Já trazia ainda quando era casada comigo... — Trocou um olhar cúmplice com ela. Só eles entendiam o que tiveram — Mas e aí, qual foi a bucha dessa vez? O cara parecia bonito.

Chegou a reparar um pouco nele, ou, pelo menos, viu uma cabeleira loira e uma altura boa num porte forte quando o homem saiu correndo, achando que seria morto por um corno furioso.

Roberta apenas mostrou o dedo mindinho pro ex-marido e ele entendeu tudo, jogando a cabeça pra trás e soltando sua risada de chaleira.

— Não ia entrar, eu juro! — Roberta acabava rindo junto, tanto da situação quanto do medo do rapaz — O pior é que são esses que falam que vão me rachar no meio!

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