O artilheiro

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Apesar de eu compará-la a um anjo caído, Yamanaka Ino tem um gosto doce, a boca macia dela moldou-se perfeitamente a minha.

Estou meio perdido, não consigo acompanhá-la -já tive namoradinhas, mas nenhuma delas movimentava a língua dessa forma selvagem- parece que eu serei engolido, que todo o oxigênio que existe em meu interior será sugado por ela.

O ar me falta, relutante eu me afasto, ela sorri travessa e com firmeza Ino segura a minha mão.

-Vem, a minha tia não está em casa. Arrastando-me atrás de si, a garota caminha até a janela na lateral da casa da senhorita Nara.

A janela está posicionada um pouco acima do gramado - o seu tamanho e largura possibilitam que dois corpos a atravessem ao mesmo tempo-

-Por que não usamos a porta? Eu pergunto.

Ino solta a minha mão, escala a janela e a pula.

-Porque eu não tenho as chaves. A garota me responde de dentro da casa -Entre logo ruivinho.

Olho de um lado para o outro e ao constatar que não há nenhum vizinho à espreita, eu pulo a janela.

Ao invés de aterrissar igual á um felino -sobre as “patas”- eu simplesmente caí de bunda no chão. O meu tombo fez a Ino gargalhar histericamente, lhe faço uma careta, mas ela não aplaca a sua risada.

Esfregando o traseiro eu me levanto do chão e observo o cômodo, nós estamos em um quarto pequeno -imagino que seja um quarto de hóspedes- o piso é de taco, as paredes pintadas de rosa shock, não há muita mobília, apenas uma cama de solteiro, um guarda roupa e um criado mudo.

Ainda rindo Ino fecha a janela as minhas costas, ao passar por mim ela tromba propositalmente em meu ombro esquerdo.

-Você é muito engraçado ruivinho.

-Por que eu sou engraçado? Sigo-a para fora do quarto.

-Oras, você é um ex-presidiário que encontra dificuldades em saltar uma janela, isso é muito engraçado!

Ex-presidiário, quem? Antes que algo estúpido saía da minha boca, eu me lembro de que disse a Ino que fui preso.

-É disso que você está rindo? Pergunto fingindo indiferença, ela resmunga confirmando -Não vejo graça. No mesmo instante o riso da Ino se dissipa, é estranho perceber que agora sou idolatrado. Só porque eu lhe disse que fui preso? Essa garota é maluca!

A sala de estar da senhorita Nara também é um cômodo pequeno, o piso é de taco, as paredes são um mesclar de rosa shock com rosa claro, os móveis -o sofá, as poltronas e a mesinha de centro- são Biedermeier, há um rack de ferro na parede de frente para o sofá -nele há uma TV, um aparelho de som, uma caixa porta fita k7 e um videocassete - o Telefone fica sobre a mesa de telefone ao lado das páginas amarelas, As janelas são cobertas por persianas verticais.

Sem cerimônias eu me sento no sofá, Ino abre a caixa sobre o rack de ferro e pega uma fita k7, ela liga o som e coloca a fita para tocar.

Uma batida forte se inicia, eu mal entendo o que o cantor está falando.

-Por que a senhorita Nara não te deu as chaves da casa? Não conseguindo conter a minha curiosidade eu perguntei para a Ino, quando ela se sentou ao meu lado no sofá.

-Porque a minha tia não sabe que eu estou passando as férias aqui. Ino diz banalmente, eu a olho perplexo.

Se mamãe soubesse que eu estou passando um tempo com essa garota maluca, ela me deserdaria, vovó nos queimaria vivos, a minha irmã continuaria a me mostrar o dedo do meio e o meu pai e irmão desta vez diriam para eu ter cuidado, pois apesar de linda a ino é uma garota problema.

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