01- The beginning

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  Terminei de encher os copos, coloquei na bandeja e levei para o grupo de guerreiros que já eram frequentes aqui no bar. Toda sexta-feira eles se reuniam aqui para beber e falar das lutas amadoras que participaram. Eu não me importaria com isso se eles não ficassem até tarde fazendo eu ter que estender o meu expediente só para servi-los.

  Quando eles finalmente vão embora já passam das uma da manhã. Como sempre eu sendo a última a sair, eu deveria receber um aumento por isso, mas meu chefe é muito pão duro, mal paga o meu salário. Depois de limpar e fechar tudo eu vou para casa.

  As ruas estão bem escuras a essa hora da madrugada. O silêncio é tão alto que assusta. Desvio do meu caminho e entro em uma viela estreita, é bem escuro aqui, a única coisa que consigo ver com clareza é o topo do palácio, com sua imponente forma é a única construção que é possivel ver de toda Asgard. Eu imagino o que toda a familia real deve estar fazendo agora, estão todos dormindo ou alguém também estaria acordado por algum motivo qualquer? Provavelmente a primeira opção, eles não tem preucupações a não ser viver sua vida luxuosa.

  Depois de mais um tempo andando eu saio em uma rua maior, a qual eu conheço bem. Paro na frente da casa que eu mais tenho frequêntado nos últimos seis meses. Bato na porta pelo que deve ser a milésema vez.

  — Amélia, é a Angel, pode abrir pra mim?

  Amélia é uma curandeira daqui, uma das melhores do reino, os piores doentes e feridos que existiam ela curou com suas poções e remédios. Espero um pouco até ouvir um barulho lá dentro, ela deve estar se levantando. As vezes eu me sinto mal por incomoda-la no meio da noite, mas é um dos únicos momentos que eu tenho pra vir aqui.

  Quando a porta se abre eu dou de cara com a boa mulher ainda de pijama. Nesse ângulo ela parece mais alta do que realmente é, com seus cachos escuros que vão até os ombros e olhos verdes. Ela me dá espaço e eu entro.

  Está um pouco escuro mas ainda consigo ver claramente suas prateleiras repletas de potes com substâncias que não consigo idêntificar, provavelmente são para tratar seus pacientes.

  Espero na entrada enquanto ela vai pegar algo em outro cômodo, já imagino o que seja, é por isso que estou aqui.

  Ela me entrega o pequeno vidrinho cheio de pílulas azuis e eu lhe pago com 25 moedas asgardianas de prata, lá se vai todo o dinheiro que ganhei hoje, se fossem moedas de bronze tudo bem, mas 25 moedas de PRATA? isso é quase tudo o que eu pego no mês, eu entendo que deve ser dificíl pra ela produzir tudo isso mas ainda assim é caro para mim.

— Como ela está?— Amélia me pergunta.

— Na mesma, o seu remédio tem ajudado bastante mas você sabe como é o câncer, vai matando lentamente— Eu respondo.

— Sua mãe vai ficar bem, tenha paciência— Ela diz com uma certeza que é quase irritante.

—Eu torço muito por isso— Sou sincera.

— Se você e sua irmã precisarem de algo não hesite em falar comigo, eu posso ajudá-las com o que precisarem.

  Apenas agradeço ela e retorno pro meu caminho para casa.

  Quando eu chego está tudo como sempre, securo e silencioso. Coloco o remédio na mesa da cozinha e sigo para o quarto para verificar como minha mãe estava. Abro a porta tentando não fazer barulho e entro de fininho, ela está dormindo. Checo sua temperatura e vou até a cozinha buscar o remédio e água, quando eu volto eu a balaço levemente para acorda-la, ela resmunga e se vira para mim.

— Ah Angel, isso é hora de chegar? Por que demorou tanto?

— Desculpa, é que eu tive que estender o turno pra servir alguns clientes, eles me deram gorjetas altas.

— Você ainda é uma criança não pode trabalhar tanto até tarde, é perigoso— consigo identificar preucupação em sua voz.

— Eu já vou fazer dezoito anos na semana que vem, e nós precisamos de dinheiro, você mal consegue sair da cama— Ela suspira parecendo triste.

— Não se cobre demais querida, você ainda é jovem e essa responsabilidade não te pertence.

— Eu sei mãe, mas é necessário agora, quando você se curar eu vou parar de trabalhar tanto, prometo— Ela sorri terna para mim— Agora tome seu remédio.

  Depois dela estar dormindo e devidamente medicada eu pego o copo e saio silenciosamente do quarto, mas quando eu me viro eu quase tropeço na garotinha de cabelos escuros a minha frente.

 — Que susto Anne, o que está fazendo acordada a essa hora?

— Eu tive um pesadelo e estou com medo de ficar sozinha— Ela disse com lágrimas em seus olhinhos infantis.

—Não precisa disso, quer que eu fique com você até você dormir?— Ela balançou a cabeça afirmamente—Tudo bem então vá pra o seu quarto.

  Eu a observo caminhar em silêncio. Minha irmã mais nova tem pesadelos desde que eu me lembro, nunca soubemos a causa real disso, mas era sempre minha mãe que a acalmava, pelo visto agora esse trabalho é meu.

  Deixo o copo na cozinha e me dirijo para o seu quarto onde ela já está deitada com seu ursinho de pelúcia, me deito ao seu lado de barriga pra cima e fico contando as estrelas brilhantes coladas no teto até que sua voz interrompe meus pensamentos.

—Você  não vai ler uma história pra mim?—Ela me olha com expectativa.

  Me viro para ela devagar, o degostoaparente em meu rosto.

—Eu estou muito cansada bebê, vamos deixar isso para amanhã, está tarde.

—Por favor— Ela faz beicinho.

  Eu suspiro e me levanto para pegar um livro em sua pequena estante, não tem muitos aqui, meia duzia no máximo, e ela já ouviu todas, não entendo a graça de ouvir de novo. Pego o primeiro que alcanço e volto para a cama.

  Começo a leitura mas antes da metade do livro meus olhos já estão fechando e as palavras são um borrão na minha frente. Olho para o lado e vejo que Anne já esta dormindo então coloco o livro no chão ao lado da cama. Eu ia me levantar e ir para o meu quarto mas não tenho forças o suficiente para isso, então tudo o que eu faço é me acomodar melhor e deixar o sono me dominar por completo.

                                                                                  ꒷꒦꒷꒦꒷꒦꒷꒦꒷꒦꒷

Notas

──★˙🍓̟Primeiro capítulo pronto, foi meio curto mas os próximos vão ser maiores, prometo. Kiss kiss.

1089 palavras

Love is a DaggerOnde histórias criam vida. Descubra agora