O enigma do chacal

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7 anos podem parecer uma eternidade, mas quando algo marca profundamente, seja de forma positiva ou negativa, esses sete anos se tornam como horas. Recordo-me daquele dia como se tivesse ocorrido há apenas sete horas. Embora parecesse que eu estava prestando total atenção em todo o festival, a apreensão de estar naquele ambiente é o que realmente sinto.

O festival estava em pleno vapor. As barracas coloridas, os risos das crianças e o aroma de comida no ar criavam uma atmosfera mágica. Meus pais estavam animados, conversando sobre as atrações que desejavam ver. Eu, por outro lado, estava perdida em meus pensamentos, tentando absorver cada detalhe ao meu redor.

— Olha, Ela, tem uma barraca de jogos ali! Vamos tentar a sorte? — sugeriu meu pai.

— Talvez mais tarde, pai. Quero dar uma volta primeiro — respondi, tentando esconder minha inquietação.

Enquanto caminhávamos, fomos abordados por diversos vendedores:

— Olá, garotinha! Vai uma maçã do amor?

— Não, obrigada.

— Velas perfumadas! Olhem as velas
perfumadas!

Meus pais pararam para comprar algo, mas eu continuei caminhando. A multidão parecia me engolir, e eu me sentia cada vez mais isolada. Foi então que avistei uma barraca de artigos antigos, repleta de objetos curiosos e misteriosos. Algo naquela barraca me atraía, como se estivesse me chamando.

Aproximei-me lentamente, observando os itens expostos. Havia relógios antigos, livros empoeirados e joias que pareciam ter saído de um conto de fadas. Uma senhora de aparência enigmática estava atrás do balcão, organizando algumas cartas.

— Olá, você deve ser a filha dos Feyre — disse ela, com um sorriso que parecia saber mais do que deveria.

— Sim, eu sou — respondi, surpresa por ela saber meu nome.

— Gostaria de dar uma olhada em artigos antigos?

— Ah, não, estou com pressa.

— Nem para uma tiragem?

— Como assim? — perguntei, curiosa e um pouco apreensiva.

Imediatamente, ela cortou algo na mão. Ao perceber, fiquei gélida. Cartas malditas, cartas que podem definir o meu futuro, mas de uma forma desagradável, a qual eu já conheço.

— Oh, não, não — disse apressada.

De repente, a senhora pegou minha mão e algo estranho aconteceu. Era como se estivesse possuída por algo.

— O destino, uma vez visto, jamais será alterado. Uma vez perdida sua essência, será difícil recuperá-la, ainda mais quando algo já foi selado. Mas será que isso vale nos dois mundos?

De repente, ela soltou minha mão e voltou ao normal.

— Que tal mapas sobre a floresta?

Ela não parecia lembrar do que havia acontecido. Para encerrar a conversa, comprei um mapa e saí caminhando.

Completamente em choque pelo recente acontecimento com a senhora dos artigos antigos, fiquei repetindo a frase que ela falou em minha mente um milhão de vezes enquanto estava sentada na beira da fonte. De repente, um chacal passou pelo meio da cidade, mas ninguém parecia percebê-lo. Corri atrás dele, bastante curiosa de como as pessoas não viram um animal desses por essas bandas.

O chacal movia-se com uma agilidade surpreendente, quase como se estivesse flutuando. Ele passou por entre as barracas e as pessoas, mas ninguém parecia notar sua presença. Era como se ele estivesse em um plano diferente, visível apenas para mim. Eu o segui, tentando não perder de vista aquele animal tão incomum.

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