4.(Lilith)

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Dante esboça um sorriso lento, os cantos dos lábios curvando-se de forma quase preguiçosa. — Estava com saudades — diz ele, como se o peso do mundo pudesse ser aliviado com essas palavras simples. Eu não consigo acreditar na audácia dele. Depois de todo o suspense, de tudo o que passamos, esse idiota aparece e diz que estava com saudades? É surreal. Filho da puta mesmo.

Reviro os olhos, a raiva pulsando em cada célula do meu corpo. — Você é um idiota — disparo, a voz carregada de desprezo. — Eu sei que você jamais apareceria só para dizer que está com saudades. Até porque, a única coisa que temos em comum é o ódio que sentimos um pelo outro.

Dante mantém o sorriso, um brilho provocativo em seus olhos, como se estivesse se divertindo com minha reação. Antes que ele possa responder, Nathaniel tenta intervir, a voz trêmula. — Lilith, eu posso contar...

Mas eu o interrompo, virando-se para ele com uma expressão feroz. — Eu não quero ouvir porcaria nenhuma vindo de você, idiota. — As palavras saem afiadas como facas, carregadas de frustração e amargura. Sinto como se pudesse cuspir fogo de tanto ódio que sinto. — Você já mentiu o suficiente. Não preciso de mais mentiras ou desculpas.

Nathaniel dá um passo para trás, os olhos cheios de culpa e medo. Ele parece querer dizer algo, mas é evidente que percebe que qualquer palavra dele só vai piorar as coisas. A tensão na sala é palpável, quase sufocante. A presença de Dante, sua provocação descarada, tudo isso me faz sentir como se estivesse prestes a explodir.

Dante observa tudo calmamente, parecendo se alimentar do caos que criou. Ele inclina a cabeça levemente, ainda com aquele sorriso insuportável. — Você sempre foi a mais impetuosa, Lilith — diz ele, quase com uma nota de aprovação na voz. — Talvez por isso eu tenha sentido sua falta.

Minhas mãos tremem de raiva, e eu luto para manter o controle. Não vou permitir que ele continue jogando esses jogos mentais comigo. Não depois de tudo que passamos. Tento respirar fundo, mas é como se o ar estivesse cheio de vidro, cortando minha garganta a cada inalação. Olho para Nathaniel, depois para Dante, e sei que, de alguma forma, essa situação ainda pode piorar.

— Não pense que pode manipular tudo à sua maneira, Dante. — Minha voz é fria, um contraste com a fúria que sinto por dentro. — Não sou uma peça no seu tabuleiro. E não vou mais jogar esse jogo sujo.

Dante mantém aquele sorriso provocador, seus olhos escuros cintilando de divertimento. — Você sempre será uma peça, minha princesa das sombras — murmura, com uma doçura que só torna suas palavras mais venenosas.

Eu sinto um arrepio de repulsa e cansaço. — Por mais que eu queira matar você aqui e agora, não tenho tempo para isso — respondo, exasperada. A voz sai mais áspera do que eu pretendia, mas não me importo.

Dante levanta uma sobrancelha, surpreso. — Lilith desistindo? Isso é novo — ele ri, uma risada que soa como um desafio. Reviro os olhos, o desgosto e a frustração fervendo dentro de mim. Dou as costas para ele, colocando o braço de Isabella ao redor do meu ombro para ajudá-la a andar. Ela está quase desmaiada de tão bêbada.

Nathaniel se aproxima para ajudar, mas antes que possa tocá-la, eu o fuzilo com um olhar gélido que o faz parar no mesmo instante. Ele recua, percebendo que qualquer tentativa de se redimir agora seria inútil. Sem mais palavras, saio da sala com Isabella, deixando Dante e Nathaniel para trás.

Descemos as escadas, e o som abafado da música do bar vai desaparecendo à medida que nos afastamos. O ar noturno é uma lufada de alívio, mas o peso da noite ainda pressiona meus ombros. Chegamos ao carro, e eu coloco Isabella com cuidado no banco do passageiro, ajustando o cinto de segurança. Ela se mexe, ainda rindo baixinho.

MortífagoOnde histórias criam vida. Descubra agora