3.(Lilith)

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Meus olhos estão fixos em Isabella, minha irmã, que se encontra dançando na pista com uma energia contagiante. Ela é um raio de luz na escuridão desse mundo, e não consigo desviar o olhar. Estou tão concentrada nela que nem percebo quando alguém se aproxima de mim.

— O que você quer? — pergunto com desdém, sem desviar os olhos de Isabella. O tom frio na minha voz deixa claro que não estou interessada em conversa fiada.

— Ah, assim você fere meu coração. Não lembra de mim? Seu velho amigo? — Nathaniel responde, sua voz carregada de uma falsa decepção. Ele sempre teve um talento para dramatizar as coisas, tornando cada palavra uma atuação.

Reviro os olhos, finalmente me virando para encará-lo. Seus olhos brilhantes e o sorriso casual são uma fachada que conheço bem. — Se você não me pedisse para fazer trabalho sujo para você, eu esqueceria de você muito rápido. Você não passaria de uma memória esquecida — digo, levando o copo aos lábios e tomando um gole da minha bebida.

Nathaniel finge um suspiro, levando a mão ao peito como se realmente estivesse magoado. — Trabalho sujo, é? Eu prefiro pensar nisso como oportunidades de negócios. — Seu sorriso se alarga, mas há um brilho perigoso em seus olhos.

Dou uma risada seca, sem humor. — Chame do que quiser. Eu ainda acho que você é só um aproveitador. — Desvio o olhar de volta para Isabella, que continua dançando sem preocupações, um contraste gritante com a conversa tensa ao meu lado.

Nathaniel se aproxima um pouco mais, sua voz baixa e persuasiva. — Você sabe, Lilith, às vezes é preciso sujar as mãos para conseguir o que se quer. E você, de todas as pessoas, deveria entender isso. E não se esqueça, Lilith, que em troca, eu te dou informações sobre Dante. — Ele dá um sorriso irônico, sabendo o peso que suas palavras carregam.

Olho para ele, meus olhos gelados. — Não confunda pragmatismo com confiança, Nathaniel. Você não passa de um peão nesse jogo, e eu não me importo em usar você para alcançar meus objetivos.

Ele ri, um som suave e despretensioso. — Ah, Lilith, sempre tão dura. Talvez um dia você se permita confiar em alguém.

Volto a atenção para Isabella, que continua a dançar, alheia ao nosso diálogo. Uma mistura de alívio e inquietação passa por mim. Nathaniel é perigoso, mas necessário. E no fim, cada um de nós tem um papel a desempenhar.

Nathaniel segue meu olhar e observa Isabella por alguns instantes, um sorriso enigmático surgindo em seus lábios. — Você realmente a protege, não é? — Ele murmura, ainda com os olhos fixos na pista de dança. — É engraçado... alguém tão envolvida na escuridão tentando manter uma parte da luz viva.

Sinto meu corpo ficar tenso, mas mantenho a calma exterior. — O que você quer dizer com isso? — minha voz é cortante, mas baixa, mantendo a conversa entre nós.

Ele dá de ombros, ainda com aquele sorriso de quem sabe mais do que deixa transparecer. — Nada demais, apenas uma observação. Todos temos nossos pontos fracos, e os seus são mais óbvios do que você gostaria. — Ele se vira para mim, seus olhos escuros penetrantes. — Só espero que, quando chegar a hora, você consiga proteger aquilo que mais importa para você.

Seus olhos me desafiam, mas eu mantenho meu olhar firme. — Não se preocupe com o que me importa, Nathaniel. Apenas cumpra sua parte do acordo.

Ele sorri, um sorriso que não chega aos olhos. — Claro, Lilith. Claro. — Ele dá um último olhar para Isabella antes de se virar e se perder na multidão, deixando um rastro de inquietação no ar.

Fico ali, observando minha irmã dançar, a sensação de perigo sempre presente. Eu sei que Nathaniel é uma peça importante nesse jogo, mas também sei que ele é uma serpente, sempre pronta para dar o bote. E no meio desse jogo de sombras, a única certeza é que a luz que tento proteger pode ser apagada a qualquer momento.

MortífagoOnde histórias criam vida. Descubra agora