O segredo do oceano |Yuta Nakamoto

Mistérios a serem desvendados

O mar estava estranhamente calmo naquela manhã. Nada de estranho ou esquisito tinha acontecido a bordo. Yuta andava pelo convés com o mapa de Darling em mãos. Ele queria estudar melhor aquele mapa, queria saber o que sua mãe tinha escondido nele. Todos os marujos ainda dormiam, incluindo a capitã. A história que ela lhe tinha contado sobre a Rainha do Oceano ainda não tinha saído da sua cabeça. A nova ordem dos mares sempre foi um equívoco para todos os novatos, e não seria diferente para Yuta. Mas como Darling sabia de tudo aquilo? Era um grande equívoco, já que ela aparentava ser poucos anos mais velha que ele. Mas tudo naquele barco era um grande mistério.

Sobre os poderes da mulher, ele sabia sobre a Terra do Nunca, mas até o último momento todos sabiam que a ilha era intocada. Ninguém saía ou entrava de lá. Peter jamais permitiria. Então, o que James quis dizer quando insinuou que a capitã vinha de lá?

Yuta se aproximou da proa, onde o vento era mais forte e o cheiro do mar mais intenso. Ele abriu o mapa novamente, tentando decifrar os símbolos e anotações que sua mãe havia deixado. Cada marca parecia contar uma história, mas ele ainda não conseguia entender o todo. O sol começava a subir no horizonte, banhando o convés com uma luz dourada. Ele sabia que não tinha muito tempo antes que os outros acordassem e começassem a fazer perguntas.

De repente, ele ouviu um som suave, quase como um sussurro. Virou-se rapidamente, mas não viu ninguém. O som parecia vir do próprio mapa. Ele se concentrou, tentando ouvir melhor. As palavras eram indistintas, mas ele podia sentir uma urgência nelas. Era como se o mapa estivesse tentando lhe dizer algo importante.

Yuta fechou os olhos e tentou se lembrar de tudo o que sua mãe lhe havia contado sobre a Terra do Nunca e a Rainha do Oceano. Ele sabia que havia uma conexão, mas ainda não conseguia ver qual era. Darling sempre parecia saber mais do que deixava transparecer, e isso o incomodava. Como ela, sendo tão jovem, podia ter tanto conhecimento sobre coisas que pareciam pertencer a lendas e mitos?

Enquanto estava perdido em seus pensamentos, sentiu uma mão suave em seu ombro. Ele se virou e viu Darling, com um sorriso enigmático no rosto.

— Você está tentando decifrar o mapa, não é? — ela perguntou, com um brilho nos olhos.

Yuta assentiu, sem saber o que dizer. Darling se aproximou e olhou para o mapa junto com ele.

— Há coisas que não podem ser entendidas apenas com os olhos — ela disse suavemente. — Às vezes, é preciso ouvir com o coração.

Darling também havia escutado um sussurro assim que saiu de sua cabine. Claro que não vinha do mapa na mão de Yuta, mas sim do vento. Há séculos, os ares vinham lhe sussurrando coisas, e ela sabia exatamente de onde vinha. Automaticamente, isso a deixava triste, pois havia falhado em sua real missão. Ela deixou que seu sonho aventureiro tirasse seu foco porque acabou gostando de ser uma temida pirata.

Sua mente viajava para a ilha onde cresceu. Ela se lembrava bem daquelas crianças, se lembrava de seu pai e sua mãe. Lembrava exatamente do dia em que sua mãe teve sua memória apagada e foi levada embora da ilha, levando junto consigo toda a esperança de Darling em ter uma família amada e feliz. Seus poderes foram concedidos por sua madrinha. Não se lembrava muito bem dela, mas lembrava de suas palavras: "Seja leal a você, minha pequena, que tudo aquilo que quiser será seu." Isso foi lhe dito quando ainda era criança, antes de um certo capitão a pegar e fazer as coisas mais cruéis do mundo em frente a uma pobre criança. E seu pai aceitou em troca de poder.

Ali naquele barco, ela jurou não voltar, mesmo os ventos indo atrás dela.

Darling olhou novamente para Yuta, que ainda estava concentrado no mapa. Ela sabia que ele também tinha suas próprias batalhas internas, mas não podia deixar de sentir uma conexão com ele. Talvez fosse o destino que os uniu naquele barco, cada um com seus segredos e dores. Ela suspirou, sentindo o peso de suas escolhas e as consequências que elas trouxeram.

— Yuta — ela chamou suavemente virando, fazendo-o levantar a cabeça. — Há coisas que você precisa saber, mas não agora. Quando for o momento certo, tudo será revelado.

Yuta assentiu, ainda confuso, mas confiando nas palavras de Darling. Ele sabia que a jornada estava apenas começando e que muitas respostas ainda estavam por vir. E, talvez, juntos, eles pudessem desvendar os mistérios que os cercavam e encontrar a paz que tanto buscava