A Filha de Pentos

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As luzes dos candelabros lançavam sombras dançantes nas paredes de mármore do Grande Salão de Pentos, onde a elite da cidade-estado se reunia para mais uma noite de celebração. Do alto de uma sacada ornamentada, observei a cena abaixo. Meus olhos violetas varreram a multidão de nobres e mercadores que enchia o salão com risos e conversas.

Pentos é uma cidade onde a riqueza é sinônimo de poder. Meu pai, Príncipe Maegon Targaryen, tem um papel cerimonial, definido pelas tradições e pela política dos magísteres, que verdadeiramente governam a cidade. O Conselho de Magísteres, composto pelos membros mais ricos e influentes da cidade, dirige os rumos da política e do comércio com mãos de ferro revestidas de luvas de seda.

Eu sentia o peso dessas expectativas sobre meus ombros, mesmo que ninguém falasse abertamente. Minha posição como filha do príncipe era tanto um privilégio quanto uma prisão dourada. As festas eram um lembrete constante do meu papel no grande jogo de poder: uma peça a ser movida no tabuleiro da diplomacia.

"Minha querida Elara, você não deveria se esconder nas sombras."

A voz suave do meu pai me fez virar. Maegon Targaryen, um homem de meia-idade com cabelos prateados que começavam a mostrar sinais de grisalhos, aproximou-se com um sorriso gentil. Ele era neto de Jaehaerys I Targaryen, um legado que ele carregava com orgulho e uma ponta de melancolia.

"Não estou me escondendo, pai," respondi, endireitando-me. "Estou apenas observando."

"Observando, sim," ele assentiu, olhando para a multidão abaixo. "Pentos prospera, e nós com ela. Os magísteres estão satisfeitos, e a cidade está segura."

"Mas por quanto tempo?" murmurei, uma preocupação que não conseguia afastar.

Meu pai suspirou, um som carregado de cansaço. "Enquanto formos sábios em nossos acordos e alianças, minha filha. Devemos sempre lembrar que o poder aqui é efêmero como a brisa do mar."

Conhecia essas palavras de cor. Pentos é uma cidade de opulência e intriga, onde os sussurros dos corredores são tão importantes quanto as decisões tomadas em público. Cada passo, cada palavra, tem o potencial de alterar o equilíbrio delicado entre as quarenta famílias mais ricas, que lutam por poder sob a fachada de harmonia.

"Há rumores de que um emissário de Westeros está vindo," meu pai continuou, sua voz baixa. "Um jovem príncipe, herdeiro do Trono de Ferro. Daerys Velaryon."

O nome reverberou nos meus pensamentos. Daerys Velaryon, herdeiro de Rhaenyra Targaryen, um nome que carregava peso e promessas de dragões e fogo. "O que ele busca aqui, entre os magísteres?" perguntei.

"Alianças," ele respondeu, "como todos nós. Mas também, talvez, algo mais."

Não precisei perguntar o que era esse 'algo mais'. Pentos sempre teve um apetite insaciável por poder, e um príncipe de Westeros poderia ser uma oportunidade ou uma ameaça. O futuro de Pentos e o meu próprio poderiam muito bem depender de como essa nova peça fosse jogada.

Olhei novamente para o salão, meus pensamentos turbilhonando. Entre as risadas e os brindes, vi o potencial de alianças que poderiam moldar meu destino. Como filha do Príncipe de Pentos, meu papel não era apenas observar, mas também agir quando chegasse a hora.

"Eu conhecerei esse Daerys Velaryon quando ele chegar," decidi, minha voz firme. "Devemos entender as intenções dele antes de qualquer outro."

Meu pai sorriu, um brilho de orgulho em seus olhos. "Muito bem, minha filha. Que os deuses te guiem nessa tarefa."

Enquanto ele se afastava, permaneci na sacada, olhando para a festa com novos olhos. O mundo estava mudando, e eu sabia que precisava estar preparada para enfrentar o que viesse.

A filha de Pentos estava pronta para entrar no jogo.

O Destino de Daerys VelaryonOnde histórias criam vida. Descubra agora