vermelho sangue

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- Eu ouvi que a justiça de Deus vem uma hora ou outra. - Irene toma seu último gole de vinho, levantando-se e caminhando para perto do homem de meia idade que lhe acompanhava. - E eu nunca duvidei disso sabe, muito pelo contrário. - Ela se aproxima de maneira que seu rosto e o do homem estejam bem próximos. - Eu acho que, no fim, seus meios sejam as pessoas. - Ele sorri, conforme as mãos pequenas e macias da mulher acariciam seu rosto, Irene gosta que eles sorriam, quer dizer que é a hora certa de agir. - Talvez eu só esteja fazendo o trabalho para Ele.

A mulher acompanha atentamente as expressões do homem, de início vem o choque pelo movimento brusco que é a faca perfurando seu abdome, depois suas sobrancelhas franzidas demostrando a confusão. Ela se deixa imaginar o que se passa na cabeça do homem.

"Porque ela fez isso comigo?"

Seu consciência diz o que ela supõe ser a resposta certa.

"Talvez seja exatamente isso que se passou pela cabeça da garota que você estuprou" pensa.

Mas isso não importava agora, ele estaria morto em alguns segundos de qualquer maneira, Joohyun segue seu olhar e consegue saber o momento exato que o homem descobre a arma do crime.

Uma faca.

Gostava de usar armas brancas, via algo poético em um objeto tão simples ser capaz de tirar a vida de alguém.

Irene não faz o mínimo esforço para o segura-lo antes que sua cabeça bata com força sobre o piso alvo como a neve, manchando todo o chão da sala de estar com o vermelho sangue que a Bae particularmente adorava ver. Era sua parte favorita, o sangue, a vida de esvaindo do corpo. A mulher sorri.

- Quando chegar no inferno, não se esqueça de dizer que foi Bae Joohyun que te mandou pra lá. - Agora abaixada, ela sussurra, segurando o queixo do homem e o obrigando a lhe olhar mais uma vez, deixando que de seus lábios mostre o sorriso diabólico e hipnotizante que faz com que, por algum motivo, eles sempre sorriam também.

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- Homem, trinta e sete anos. Ele foi acusado por estupro, mas foi absolvido também, como o homem de antes. Acha que tem alguma coisa a ver? - A estagiária repete as informações para a legista.

- Tinha vinho envolvido no outro caso também. - Seulgi, de luvas pretas, segura a garrafa. Seulgi não conhecia tanto de vinhos, mas tinha certeza de que aquela garrafa custou ao dono alguns milhares dólares.

- Ele estava sorrindo. - A Estagiária diz.

- Então estamos de fato falando da mesma pessoa. - Conclui a legista.

É um padrão. Vinho, casos de estupros, sorrisos macabros. O que aconteceu naquele local horas antes pra fazer aquele homem sorrir? Seulgi analisa o lugar incapaz de achar algo que lhe possa ajudar. É a primeira vez que ela se sente fracassada em sua missão, no caso, fracasso duplo se for contar a morte de semanas atrás.

A ruiva passeia pelo lugar, estudando todos os detalhes minuciosamente, ela não precisa de muita concentração para gravar todos os detalhes o que é um belo contraste com o modo tão disperso que vive sua vida fora da profissão.

Nada.

Nenhuma pista, mesmo depois de horas e mais horas enfurnada naquele laboratório, estudando cada um dos resultados dados. Nada. Mais uma vez.

Seulgi leva suas mãos ao rosto e suspira, se levantando enfim e esticando seu corpo, antes de descer e seguir rumo a cafeteria que lhe era rotina de toda a madrugada.

Ela olha o relógio que marca às 03:20 da manhã e pensa que lhe é um ótimo momento para pausar e tomar um café. Não lhe era recomendado o uso de cafeína sendo tão tarde da noite, mas Seulgi não estava ligando muito para o modo como destruiria sua saúde.

A ruiva segue para fora do prédio onde trabalha e caminha em direção ao café 24h que ficava localizado na esquina daquela mesma rua. O sino toca, sinalizando sua presença naquele lugar que só não estava vazio pois ainda havia ali uma funcionária e uma cliente, a direita, lendo o cardápio.

- Boa noite. - A Kang cumprimenta com um sorriso a atendente que lhe retribui da mesma maneira. - Um Ice americano, por favor. - Diz, e enquanto espera a mulher registrar seu pedido, seu olhar percorre mais uma vez pelo local, percebendo agora que a única cliente do lugar agora lhe olhava.

Se algo deveria ser ressaltado era a beleza daquela mulher, mulher esta que está sorrindo para Seulgi o que consequentemente a faz querer sorrir de volta.

- Café às três da manhã, admiro a coragem. - A desconhecida inicia a conversa, normalmente Seulgi é a pessoa que o faz, mas não diante de uma das mulher mais lindas que ela já foi capaz de ver, ao vivo e a cores.

- Preciso me manter acordada, sabe como é. - A ruiva finalmente diz alguma coisa.

- O plantão está difícil doutora? - A desconhecida parece saber muito sobre si, mas Seulgi percebe que na verdade ela nem se deu o trabalho de tirar o jaleco.

- É, podemos dizer que sim. - E aquela conversa estranha parecia o suficiente para que a Kang se sentisse na liberdade de sentar-se ao lado da outra mulher. - Kang Seulgi, prazer.

- Bae Joohyun. - A agora não mais tão desconhecida assim olha Seulgi de baixo para cima. - O prazer é todo meu.

Havia algo em Bae Joohyun que a fazia ser hipnotizante, e Seulgi não saberia dizer se eram aqueles olhos escuros e frios que combinavam perfeitamente com a madrugada fora daquele lugar, se eram seus lábios rosados por conta da taça de vinho barata que ela notou assim que sentou-se ao lado da mulher, ou se era tudo em conjunto.

Seulgi só pôde pensar em como precisava de uma distração, mas não agora. Não hoje, e definitivamente não com uma mulher que ela sequer conhece.

- Bom, eu sou uma médica legista fazendo uma pausa. - Seulgi começa um novo assunto assim que longos segundos pareciam uma eternidade. - E qual é sua desculpa para estar aqui a essa hora?

- Você sabe, eu não consegui dormir. - Não precisou de muito para a Kang saber que era mentira, foi até fácil na verdade, pelo sorriso travesso que a Bae lhe ofereceu.

- Não é muito seguro estar na rua tão tarde da noite. - Seulgi mostra sua preocupação.

- Devo concordar, mas não há nada que seja perigoso pra mim lá fora.

Aquele sorriso outra vez, e um olhar penetrante logo em seguida. Seulgi precisou desviar os olhos para que não parecesse mais idiota do que ela provavelmente pareceu naquele momento.

A maior bebe o líquido de seu copo enquanto tenta manter sua postura e quando seu olhar volta para a garota menor suas estruturas quase são abaladas. Digo quase porque de forma alguma Seulgi admitiria o fato de que faltou bem pouco para que seu queixo caísse e o líquido escorresse de sua boca. Culpa de Bae Joohyun.

- Eu vou indo. - A dita cuja de levanta depois de uma boa olhada descarada para a legista e inclina seu corpo levemente para frente em forma de cumprimento. - Espero te encontrar outra vez. - Seus olhos se encontram. - Kang Seulgi. - Finaliza a conversa com um sorriso e deixa o local.

Taebaek Killer - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora