Capitulo 10

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O vento soprava frio, após a longa tempestade da noite anterior. A neve cobria parte da vista para o jardim. Iniciava-se mais um inverno em Gales. Ao observar minuciosamente a janela em seus aposentos reais, a rainha Genevive soltou um suspiro ao recordar os piores momentos de seu Reino, e de sua vida evocados pela neve. Nada mais tinha sido o mesmo depois daquele dia e daquela guerra.

1415 - a Dura Guerra entre Gales e Atharum.

A fumaça cobria o céu de Gales. Não haviam dúvidas, a cidade estava sendo saqueada pelo fogo. Ao leste, ouvia-se os sons estrondosos dos batalhões do exército inimigo. Trombetas anunciavam a sua chegada. O Rei Vicent sentia uma pontada em seu peito ao ver que seu irmão estava orquestrando tal ataque, de maneira inesperada. Toda a consideração que nutria por ele havia sido arruinada naquele momento. O seu Reino precisava do Rei, e o exército de seu comandante. Não era mais seu irmão, mas sim, seu inimigo.
Sebastian, o rei de Atharum o encarava com fogo nos olhos. Sua expressão não era de misericórdia, mas de desprezo e ódio.
Os cavaleiros de Vicent recebiam ordens para proteger os camponeses que estavam em ataques nos campos ao passo que combatiam o inimigo. Vicent aproximou-se de Sebastian e o desembanhou sua espada para o atacar e gritou:

__ Sebatian, Enloqueceste de vez? Eu o perdoei por muitas coisas, mas não terei mais piedade de você depois de tanto sangue inocente derramado e sem precisão!

__ Você sempre será um perdedor Vicent! Isto é para que fique claro que ninguém rouba a minha mulher e fica impune!

__ Ela me escolheu seu louco! E jamais será sua rainha!

__ E você não será mais Rei! - falou enquanto mirava em seu peito, porém Vicent desviou e fugiu, mesmo com tanto ódio, não queria matá-lo.

Genevive estava trancada no porão do Palácio acalentando a bebê Aneliese. A rainha estava em extrema agonia, não sabia se as duas iriam conseguir escapar e ainda se Vicent, o amor de sua vida, retornaria. Daphne, sua ama de corte batia na porta aos gritos:

__ MAJESTADE!! ELES ENTRARAM NO PALÁCIO! PRECISAMOS SAIR DAQUI!!
- A Rainha destrancou a porta e elas começaram a correr, ao ver que um soldado a perseguia, Genevive gritou:

__ Daphne!! Segure-a proteja ela como a sua própria vida, leve a daqui! -Assim, Daphne correu para fora do castelo até o jardim, escondida entre arbustos. Mal sabia ela que um soldado inimigo estava atrás dela. Ao vê-la, estendeu a sua espada e disse

__ Me dê a criança!!

__ Nunca!!! - falou enquanto corria, porém a Rainha Leonor apareceu em sua frente e disse :

_ Me dê agora essa criança e você sairá com vida! - Mas Daphne segurou com força Aneliese, até ser ferida por um soldado, e fazer com que a rainha Leonor segurasse a recém-nascida, fugindo com ela em direção a carruagem real de Atharum.

(...)

Perdidas em suas memórias, enquanto a neve caía um sentimento de esperança a invadia aquecendo seu coração na esperança de que os sonhos que havia tendo constantemente pudessem se tornar realidade algum dia, nos quais ela abraçava uma moça ruiva e em seguida a via correndo para outra direção, sem conseguir olhar em seu rosto diretamente. Ainda que o rei tivesse perdido as esperanças de encontrá-la, em seu coração algo lhe dizia que estava viva e que ela deveria investigar mais o quanto pudesse.
Todos os dias orava incessantemente para que Deus lhe permitisse encontrá-lá.

"Onde você está, minha Aneliese?"

Pensava consigo mesmo, até que
uma voz conhecida alcançou sua atenção, fazendo-a virar bruscamente

__ Querida? Está tudo bem? -disse o rei Vicent

__ É claro! Só estava...

__ Pensando na nossa filha mais uma vez?

__ Sei que ela deve estar em algum lugar por aí, eu sinto.

__ Você vem sentindo isso a muito tempo. Já fizemos várias buscas todos os meses durante muitos anos, queria que valesse a pena mas está cada vez mais...

__ Não repita isso! Eu sei que ela está viva!

__ Como pode ter tanta convicção?

__ Eu sou mãe dela e eu sinto!

__ Tudo bem. Se você insiste, continuaremos as buscas por ela todo mês e vamos continuar orando, mas uma hora vamos ter que encarar a realidade, vamos pedir para que Deus nos mostre qual é. -falou abrançando-a por trás.
Ainda que ele não acreditasse mais que a encontrariam, ele não conseguia deixar de atender o desejo da Rainha em busca da filha, ainda que as tentativas tenham o decepcionado, a rainha olhou para ele com lágrimas nos olhos e o Rei questionou:

__ Você já pensou se a nossa filha tivesse sido criada por outra família do nosso Reino e estão escondendo ela de nós?

__ É pouco provável, mas não impossível. Por que você pensa isso? -falou a rainha

__ Você lembra da noiva de Edward que conhecemos no outro dia?

__ É claro, ela era encantadora!

__ Ela tem os seus olhos! E ainda é ruiva e quando a vi era como se estivesse te vendo há muito tempo atrás. Eu sei que a minha vista está prejudicada mas foi o que senti.

__ Espere! Não vai me dizer que você pensa que...

__ Não custa tentar investigar! Já tentamos de tudo e nunca obtemos respostas mas e se estivessem bem a nossa frente?

Uma pequena faísca de esperança brotou no coração da Rainha através dessas palavras, embora não quisesse iludir-se, mas estava mesmo considerando esta possibilidade, já que não havia visto mais moças tão parecidas com ela em seu Reino.

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